INRI – O Evangelho deste domingo (Lucas 23,35-43) apresenta uma cena da Paixão de Cristo. Situa-nos
no “lugar do Crânio” (Gólgota, forma de crânio), diante de uma cruz. A cena
apresenta-nos Jesus crucificado, dois “malfeitores” crucificados também, os
chefes dos judeus que “zombavam de Jesus”, os soldados que zombavam dos
condenados e o povo silencioso, perplexo, observando. Acima da cruz de Jesus
havia uma inscrição: “Yehoshuah Nazoreus, Rex Youdeus - Jesus
Nazareno, rei dos judeus”, de onde vem a abreviatura INRI (Jo 19,19).
Rei do Universo – Como é de costume, na Igreja
Católica, no último domingo do Ano Litúrgico celebra-se a festa de Nosso Senhor
Jesus Cristo, Rei do Universo. A festa foi estabelecida na época dos governos
totalitários nazistas, fascistas e comunistas, nos anos antes da Segunda
Guerra, para enfatizar que o único poder absoluto é o de Deus.
Os dois ladrões – Vamos dar enfoque para o final da
leitura do Evangelho de Lucas. Jesus estava sendo crucificado ao lado de dois
ladrões. Um deles insultava Jesus, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti
mesmo e a nós!” O outro, o repreendia, dizendo: “Nem sequer temes a Deus, tu
que sofres a mesma condenação?”.
Os nomes – Os Evangelhos canônicos não citam
os nomes dos dois ladrões crucificados ao lado de Jesus. Precisamos recorrer ao
Evangelho de Nicodemus (apócrifo) para encontrarmos os nomes de Dimas (“bom”
ladrão, santo da Igreja Católica) e Gestas (“mau” ladrão).
Quem
era o “bom” ladrão – Pouco
se sabe sobre a vida real ou lendária de São Dimas. Conta-se que era filho de um
casal piedoso, que perdeu a mãe quando era pequeno e foi criado pelo pai, com
muito carinho, temor a Deus e acreditando que tinha um espírito que continuaria
vivendo após a morte deste corpo. Acreditava que essa vida espiritual dependia
dos bálsamos, mortalha, sepultura digna, tudo o que fosse dispensado aos corpos
após a morte, pois todo corpo abandonado e insepulto teria seu espírito vagando,
sem nunca conseguir o repouso eterno.
Vingança
– Dimas estava com 18 anos quando seu
pai morreu e surgiu um cobrador confiscando todos os seus bens. Não deixou nem o suficiente para o
sepultamento, ficando o corpo insepulto durante seis dias, sendo depois atirado
numa vala comum, destinada aos leprosos, que eram os proscritos da sociedade. Dimas,
arrasado, jurou vingar-se.
Ladrão
– Precisou implorar uma arma a um
vendedor, prometendo que voltaria algum dia para pagá-lo. Após matar o cobrador
do pai, tornando-se um fora da lei, passou a roubar viajantes e caravanas.
Conseguindo dinheiro, pagou o punhal comprado, mas, agora, era um assassino e
ladrão, assim, passou a viver nas montanhas e chefiou bandidos dos Montes da
Samaria.
Jesus
– Os anos foram passando, Dimas
escutou algumas pregações e milagres de Jesus e resolveu abandonar a vida de
criminoso. Enquanto Dimas estava foragido, Barrabás, um assassino feroz que
estava preso, em troca de melhor comida na prisão, delatou Dimas, que foi preso
e condenado à crucificação.
Ressurreição – A promessa que Jesus faz a Dimas (“Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” – Lc 23,43)
revela esta vitória e é a garantia de
nossa esperança cristã. A partir da morte e ressurreição de Jesus, que é também
a sua glorificação, estão abertas as portas do Paraíso. Foi inaugurado o reino
da Ressurreição dos mortos. Jesus reina a partir da cruz e não a partir do
poder, e quer realizar seu reino numa sociedade de irmãos entre si e de filhos
de Deus.
Dimas em Bauru – Em nossa cidade existe uma paróquia que tem
Dimas como padroeiro. É a Paróquia de São Judas Tadeu e São Dimas, localizada
nos altos da cidade. A festa
comemorativa de São Dimas acontece no dia 25 de março.