sábado, 28 de dezembro de 2002

O ano de 2002

Quantas vírgulas têm a Bíblia?

Qual os nomes dos avós de Jesus?

Qual o nome do segundo ladrão crucificado com Jesus?

Qual é a história de São Longuinho?

Qual o nome da mãe de Santo Agostinho?

Qual a santa protetora da esquadra de Pedro Álvares Cabral?

Qual Apóstolo que ficou bêbado com vinho?

Qual o homem mais bonito da Bíblia?

O que era o carrossel de fogo do Livro dos Reis?



Estas são algumas perguntas formuladas por leitores da Coluna “Ser Católico” neste ano de 2002. Recebemos mais de 500 correspondências entre cartas e E-mails. O nosso ‘site’ na Internet foi visitado mais de 5.000 vezes.  Todas as dúvidas e questionamentos foram respondidos; todos os materiais solicitados (textos, livros, publicações, dados sobre santos, informações sobre a Igreja) foram enviados gratuitamente.


Ser Católico – A Coluna “Ser Católico” estará completando, em maio de 2003, três anos de existência. No ano de 2002 estivemos presentes no Jornal da Cidade em todos os sábados. Isso significa uma visita semanal a mais de 35 mil residências da região de Bauru.


Correspondências – Respondemos cartas e E-mails de todos os tipos de leitores: católicos, protestantes, pessoas simples, seminaristas, professores de cursos de teologia, catequistas, pastores evangélicos, detentos da penitenciária, professores de cursos bíblicos etc. Recebemos cartas de toda a região de Bauru e até de São Paulo e Campinas.  Os E-mails vêm de mais longe: a maioria da grande Bauru, mas chegamos a remeter material para o Japão, para um bauruense que lá reside.


Mais solicitado – Todos os leitores devem se lembrar que, nos meses de maio a julho, a coluna publicou 13 artigos sobre os “Dogmas da Igreja Católica”.  Os 44 Dogmas da Igreja foram enviados para mais de cem leitores, se tornando o texto mais solicitado em 2002.  Até os seminários solicitaram o texto para estudo!  Isso mostra que os Dogmas (base, fundamento da doutrina católica) não são conhecidos pela grande maioria do povo católico.


Aparições de Nossa Senhora – Também foi bastante solicitado o texto sobre as aparições de Nossa Senhora.  Os detalhes das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe foram solicitados mais de 50 vezes.


Corpos Incorruptos e Milagre de Lanciano – Muitos leitores solicitaram os textos sobre os 40 santos cujos corpos continuam intactos.  O Milagre de Lanciano, em que a hóstia se tornou carne e o vinho se tornou sangue e se mantêm intactos até hoje (desde 1713) também chamou a atenção dos leitores.


Apóstolos de Cristo e os Irmãos de Jesus – Os oito artigos sobre a vida dos Apóstolos de Cristo também merecem destaque.  Foram mais de 30 solicitações do texto sobre os detalhes da vida daqueles que acompanharam Cristo na terra. A descoberta do ossário de Tiago levantou a polêmica sobre os irmãos de Jesus; no mês de novembro esse assunto foi tratado em detalhes.


VOCÊ PERDEU ALGUM ARTIGO?
Se você perdeu algum destes textos e gostaria de ler, é fácil: entre em nosso ‘site’ que está tudo lá.  Se você preferir, solicite por E-mail que lhe enviaremos (gratuitamente) o material publicado e textos para um estudo mais aprofundado. Aproveitamos também a oportunidade para agradecer àqueles que colaboraram enviando sugestões. A você que nos acompanhou durante todo o ano de 2002, os nossos mais efusivos votos de Ano Novo cheio da Paz e do Amor de Deus. Que o Menino Jesus renove em todos a fé e a certeza de um mundo melhor, construído pela graça do Espírito Santo, por cada um de nós.

sábado, 21 de dezembro de 2002

A lenda do Bom Velhinho

25 de dezembro – Mesmo antes do nascimento de Cristo, exatamente no dia 25 de dezembro, já existia o costume de trocar presentes. Os povos que celebravam a data (celtas e babilônios) sabiam que o dia marcava o início da volta da fertilidade, pois o inverno iria ficando menos rigoroso até chegar a primavera e depois, o verão. Assim, eles se reuniam para homenagear o Sol, numa celebração que resistiu ao tempo. Posteriormente, a data foi adotada pela Igreja para marcar a comemoração dos aniversários de Jesus. O significado mudou, mas o costume de trocar de presentes permaneceu.

Papai Noel – Até então, o Papai Noel não existia. As pessoas simplesmente presenteavam-se umas às outras. Mais tarde, entretanto, resolveram escolher um santo para ser patrono da data. O eleito foi São Nicolau, que viveu no século 4 e havia sido bispo de uma cidade onde hoje é a Turquia. Como tinha fama de generoso, logo imaginaram que não havia ninguém melhor para ser responsável pelo 25 de dezembro. Afinal, se era dia de ganhar presentes, nada mais justo que o patrono ter sido uma pessoa que gostava de distribuí-los!

Presentes – A lenda começou então a se espalhar. Todo Natal, São Nicolau surgia para presentear a todos, adultos e crianças, sem distinção. Mais tarde, as crianças passaram a ser as únicas beneficiadas. Foi quando a essa lenda misturou-se outra vinda da Escandinávia - a região que engloba os atuais países da Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca. Lá, existia a história de um feiticeiro que vivia no gelo e punia as crianças levadas e presenteava as que se comportavam bem. Como o tempo acaba confundindo as pessoas, misturando significados e apagando lendas, o feiticeiro logo se juntou com o santo e dessa mistura surgiu o Papai Noel. Desde então, ele aparece todo Natal trazendo presentes, vestindo sua roupa vermelha e calorenta, pois a lenda veio de países onde faz muito frio.

São Nicolau – São Nicolau é um santo especialmente querido pelos cristãos ortodoxos e, em particular, pelos russos. Quando jovem, viajava muito, tendo conhecido a Palestina e Egito. Por onde passava ficava na lembrança das pessoas devido a sua bondade e o costume de dar presentes às crianças necessitadas. Conta-se que o primeiro presente que Nicolau deu foram moedas de ouro entregues a três meninas pobres. Quando voltou a sua cidade natal, Patara, na província de Lícia, Ásia Menor, São Nicolau foi declarado bispo da cidade de Mira.

O Santo – Nicolau nasceu no ano 275 na Ásia Menor. Tornou-se sacerdote da diocese de Mira, onde com amor evangelizou os pagãos, mesmo no clima de perseguição que os cristãos viviam. Sagrado bispo de Mira, Nicolau conquistou a todos com sua caridade, zelo, espírito de oração e carisma de milagres. Com o tempo, foi ganhando fama de fazedor de milagres e a devoção a ele estendeu-se a todas as regiões da Europa, tornando-o o padroeiro da Rússia, da Grécia, das associações de caridade, das crianças, marinheiros, garotas solteiras, comerciantes e também de algumas cidades como Friburgo e Moscou.


Perseguição – Historiadores relatam que, ao ser preso por causa da perseguição dos cristãos, Nicolau foi torturado e condenado a morte, mas, felizmente, se salvou em 313, pois foi publicado o edito de Milão, que concedia a liberdade religiosa. São Nicolau participou do Concilio de Nicéia, ocasião em que Jesus foi declarado consubstancial ao Pai. Morreu em 342 e é comemorado aos 6 de dezembro.

sábado, 14 de dezembro de 2002

Os números da Bíblia – 666: o número da besta

Entre os números que aparecem na Bíblia, o número da besta (666), que aparece no livro do Apocalipse 13, 18, é o que causa maior polêmica.  Vamos fazer um pequeno estudo deste assunto.

A Polêmica – O autor do livro “Apocalipse” (Ap 13,18) manda calcular o número da besta: ”É o momento de ter discernimento. Quem tiver inteligência, calcule o número da besta, pois é um número de homem. E o seu número é seiscentos e sessenta e seis”. Aproveitando o simbolismo que os povos antigos davam aos números, o autor designou o perseguidor dos cristãos (figurado como uma besta) dizendo que o nome desse homem tem o valor numérico de 666.

Gematria – Trata-se de um processo chamado ‘gematria’, que consiste em atribuir um número para cada letra do alfabeto.  Somado-se os números do nome de uma pessoa pode-se estabelecer o valor numérico correspondente àquele nome.  Este simbolismo existe até hoje: existem vários casos de artistas que mudam algumas letras de seu nome baseados na numerologia (Sandra Sá para Sandra de Sá; Ana Maria Braga para Ana Marya Braga; Chico Anísio para Chico Anysio).

Os valores – Para os antigos, as letras tinham valor numérico. Eis alguns exemplos: no alfabeto romano I=1; II=2; V=5; C=100; D=500; M=1000.  No alfabeto grego L=30; A=1; T=300; E=5; I=10; N=50; O=70 e S=200.  No latim as letras também tinham seus valores.  Atualmente, os numerologistas têm vários critérios de numeração das letras. Um deles é atribuir ao A o valor 100; B=101; C= 102; e assim por diante. O código ASCII (usado em computadores) atribui os valores: B=66, I=73, L=76, L=76, G=71, A=65, T=84, E=69, S=83, I=1.

Sopa de Letras e Números – Em razão das inúmeras formas de atribuição de valores às letras, surgiram uma grande quantidade de que somavam 666.  Na verdade, os nomes eram manipulados, traduzidos e modificados para forçar que os seus valores numéricos totalizassem o valor de 666.

Os candidatos – Evidentemente que primeiro inimigo do cristianismo era o nome grego TEITAN (300+5+10+300+1+50=666), que significa Satanás.  Outros diziam que a besta significava as pessoas que falavam latim “lateinos” (30+1+300+5+10+50+70+200=666). Os críticos da Igreja diziam que o 666 do Apocalipse se referia à Igreja Italiana, em gregoITALIKA EKKLESIA”, que também totaliza 666.

Mais candidatos – Inúmeras personalidades já tiveram o seu nome ligado à besta do Apocalipse: os 16 reis da França de nome Luis (em latim “LUDOVICUS”) que na contagem grega totaliza 666; ADOLF HITLER também equivale a 666 se fizermos A=100; B=101; C=102 e assim por diante; Bill Gates, dono da Microsoft, cujo nome é William Henry Gates III, no código ASCII soma 666; ELLEN GOULD WHITE, a profetiza adventista,  também soma o número 666; até o Papa, chamado pelo título de “VICARIUS FILII DEI“ (vigário filho de Deus), pelos algarismos romanos totaliza 666.

Interpretação correta – A interpretação de 666 deve ser procurada no contexto histórico e lingüístico da época em que o “Apocalipse” foi escrito: um período de grande tribulação (Mt 24,15; Dn 12,1), em que Jerusalém estava sendo pisada pelos gentios (Lc 21,20; Dn 12,11; Ap 11,2), Nero perseguia os cristãos (a partir do ano 64), mandando matar Pedro e Paulo e levando à destruição de Jerusalém em 70 (guerra judaica). Assim, o autor de “Apocalipse” se referia a Nero, o imperador do Império Romano e maior perseguidor dos cristãos.  Nero em grego se escreve “Kaisar Neron” e em caracteres hebraicos (língua falada pelos cristãos) se escreve “NVRN RSQ” (o hebraico é lido da direita para a esquerda), correspondendo a 50+6+200+50+200+60+100=666.

PESQUISA BÍBLICA – Doze apóstolos?

            Na Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 15,5), Paulo afirma que Cristo ressuscitado apareceu a Pedro e depois aos doze apóstolos. Mas, e Judas? Morreu ou não? Ou será que Paulo não sabia contar? Faça uma pesquisa em sua Bíblia ou em livros bíblicos; pergunte para o padre ou catequista de sua paróquia. Se você não encontrar uma resposta satisfatória, solicite por carta ou E-mail que lhe enviaremos um texto explicativo.

sábado, 7 de dezembro de 2002

Ainda os números da Bíblia

Devido ao interesse dos leitores pelo assunto, vamos continuar decifrando os números da Bíblia.


Qualidades, não quantidades – os exegetas (estudiosos da Bíblia) reconhecem haver na Sa­grada Escritura, números com a intenção de destacar ou realçar determinado evento.  Estes números têm, geralmente, grandes valores e são arredondados.  Certamente eles não representam, matematicamente, a realidade. Um exemplo encontra-se na história de Davi (1Sm 21,12): para louvar a bravura deste guerreiro, cantavam os coros populares: Saul matou os seus mil; Davi, porém, os seus dez mil”. O sentido do verso é claro: “por muito aguerrido que tenha sido Saul, Davi ainda o é mais”.


Imprecisão – Muitas indicações numéricas da Bíblia são imprecisas do ponto de vista matemático. Um exemplo marcante ocorre em 1Rs 7,23 e 2Cr 4, 2, quando os autores apresentam as dimensões da grande piscina de Salomão: era circular e tinha um perímetro de trinta côvados por dez de diâmetro. Qualquer estudante de 2º grau sabe que a proporção entre a circunferência e o diâmetro seria igual a 3,1416, ou seja o valor de π (pi) e não o valor de três. Outros exemplos seriam: o total de três mil provérbios que Salomão proferiu em sua vida (1Rs 4,12); os setenta milhares de vítimas da peste desencadeada sobre o reino de Davi (2Sm 24,15). Não deve ser atribuído literal a estes números.


Erros de transcrição – Nós sabemos que existe alguma facilidade em se errar ao transcrever um número.  É bastante comum errarmos ao transcrevermos números de RG ou CIC.  Na Bíblia também os maiores erros ocorrem nos números. Eis alguns textos em que as mãos dos copistas introduziram variantes errôneas: em Gn 2, 2 a tradução latina da Vulgata apresenta: “Deus terminou no sétimo dia a obra que fizera, e repousou no sétimo dia". Ao contrário, as traduções gregas apresentam: “... terminou no sexto dia... e repousou no sétimo...”. Dentre estas duas variantes, não se hesita em julgar que a segunda é a original, embora só esteja conservada em traduções.

Mais erros – Segundo o texto hebraico (1Rs 5,6 e 2Cr 9,25), Salomão possuía quarenta mil manjedouras para os seus cavalos. A tradução grega (2Cr 9,25) fala apenas de quatro mil manjedouras (mais real).  Em 2Cr 36,9 (texto hebraico) lê-se que Jeconias tinha oito anos quando começou a reinar, ao passo que as traduções gregas e Síria lhe atribuem dezoito anos no inicio do seu reinado.


Erros de tradução – Em 1Cr 21,5 lê-se que sob o rei Davi “todo (o povo de) Israel contava 1.100.000 guerreiros, e Judá 470.000 guerreiros”. Ora o autor de 2Sm 24, 9, em texto paralelo, menciona “800.000 guerreiros em Israel, e 500.000 em Judá...”.  Supondo um total de quatro ou cinco milhões de cidadãos em Israel nos tempos de Davi, as quantidades são inacreditáveis. A explicação pode estar num erro de tradução da palavra hebraica ‘Eleph’, que pode significa milheiro ou, em linguagem militar, designa­ria um batalhão. Pode-se concluir que sob o rei Davi havia 1.100 ou 1.300 batalhões em Israel.

Outras discordâncias – Existem ainda outros pontos de discórdia entre os textos bíblicos.  Em Marcos 10, 46-52, o Senhor curou um cego; em Mateus 20, 30 o texto fala de dois cegos. Marcos 5, 2 e Lucas 8, 27 mencionam um homem possesso, que Jesus libertou do demônio, ao passo que Mateus 8, 28 refere dois homens endemoniados.

O Número da Besta é 666 – Entre os números que aparecem na Bíblia, o número da besta (666), que aparece no livro do Apocalipse 13, 18, é o que causa maior polêmica.  Bem ...  mas isso é assunto para a próxima semana.

sábado, 30 de novembro de 2002

O que significam os números da Bíblia?

Quando lemos a Bíblia, por diversas vezes encontramos números que não refletem a realidade, às vezes por serem muito grandes, outras vezes por serem insignificantes.  Qual é o verdadeiro sentido dos números que aparecem na Bíblia?


A idade dos Patriarcas – O tempo de vida dos homens do Antigo Testamento normalmente revela valores extraordinários.  Lemek gerou Noé com 182 anos e viveu mais 580 anos. Noé tinha 500 anos quando gerou seus filhos. Abraão tinha 100 anos e Sara tinha 90 anos quando tiveram seu filho.  Neste caso, os números têm valor simbólico, qualitativo, e não quantitativo ou matemático.


Preferência – Muitos números tinham preferência entre os autores bíblicos. O número um é por excelência o Princípio, perfeito; o número dois significava imperfeito. Em geral, os números pares eram considerados inferiores, “moles” ou “femininos”, quebradiços por admitirem divisão em duas partes inteiras; ao contrário, os números ímpares, opondo-se a isso, eram tidos por “fortes”, “viris”, perfeitos.
 

O número 7 – Visto que o número sete determina períodos mais ou menos completos da vida humana (dias da semana, ciclo lunar, descanso no sétimo dia), atribuíam-lhe o significado de totalidade, plenitude e perfeição. Por exemplo, as sete ovelhas de penhor de Abraão (Gn 21, 30), perdoar setenta vezes sete vezes, isto é, indefinidamente, sempre que haja ocasião para isso (Mt 18, 21 s; Lc 17,4).   O autor de Pr 24,16 se refere a sete (= todas as) quedas do justo. Veja ainda Gn 4,15.24 (a vingança de Caim e a de Lameque).


Ainda o 7 – Você gosta de estudar a Bíblia?  Então veja que interessante: no texto hebraico de 2Sm 12,6 lê-se que o homem que havia roubado uma ovelha é obrigado a restituir quatro outras (de acordo com a lei de Ex 20, 37; veja Lc 19, 8). Eis, porém que os judeus de Alexandria, ao traduzir o trecho para o grego, em lugar de “quatro” puseram “sete ovelhas”. Essa tradução explica muito bem o pensamento dos tradutores: não queriam atribuir ao número “sete” o significado quantitativo ou matemático, mas que deveria haver compensação exata do furto cometido (veja também em Pr 6,30 está dito que o ladrão deve restituir sete vezes o que roubou).

A perfeição do 7 – Quando se quer indicar um dia ou ano de repouso, de renovação, ano que mais se assemelhe à perfeição da vida celeste; tal dia ou tal ano é determinado pelo número sete [sétimo dia ou sábado, sétimo ano ou ano sabático, ano jubilar ou qüinquagésimo (7x7+1)]. Confira em Gn 2, 2; Ex 20,10; Lv 25,1-17.


O número 3 Embora não tão freqüente como o 7, o número três gozava também de grande estima entre os semitas, não somente por ser o primeiro composto ímpar, mas também porque o triângulo eqüilátero constitui um dos símbolos mais expressivos de firmeza e perfeição. Os três filhos de Noé (Gn 6,10), os três amigos de Jó (Jô 2,11), os três justos de Ezequiel (Ez 14,14), os três companheiros de Daniel (Dn 3,23), os três anjos que apareceram a Abraão (Gn 18, 2), os três dias passados por Jonas no ventre do monstro marinho (Jn 2,1).


O número 10 O número dez (os dedos das mãos) tornou-se o símbolo de um “todo completo, fechado em si”. E certamente este o significado dos dez servos (= um grupo completo), as dez dracmas (= número redondo), as dez virgens (= todos os cristãos), nas parábolas de Cristo (Lc 19,13; 15,8; Mt 25,1); a menção de dez vícios que excluem do reino de Deus (1Cor 6,9s); a série de dez milagres narrados para comprovar a autoridade de Jesus após o sermão sobre a montanha (Mt 8s).


O número 12 – Na Sagrada Escritura, o número doze é básico para a história do povo de Deus. Este constava de doze tribos, portadoras da fé e da esperança messiânicas. Ele se propaga mediante a pregação dos Apóstolos, escolhidos pelo Senhor para constituírem o elo entre as doze tribos (a totalidade) do antigo Israel e a plenitude do novo Israel, agora recrutado dentre todas as nações. Baseado sobre os doze Apóstolos quais pedras fundamentais, o reino messiânico é descrito no Apocalipse como Cidade Santa, a nova Jerusalém, cuja estrutura é impregnada do mesmo número: tem doze portas, guardadas por doze anjos, ornada cada qual por uma pérola e o nome de uma das tribos de Israel; sobre cada qual das pedras da base acha-se o nome de um dos Apóstolos; a cidade, sendo quadrada, tem doze mil estádios de lado; a muralha perimetral mede cento e quarenta e quatro (12x12) côvados (Ap 21,12.14.16s.20s). Tais indicações significam o caráter de plenitude, consumação, que toca à nova Jerusalém ou à Igreja de Cristo.


A HISTÓRIA DOS APÓSTOLOS

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sábado, 23 de novembro de 2002

Você sabe quem foi São Clemente?

Quem foi? – São Clemente, conhecido por Clemente Romano, é considerado um dos “Pais da Igreja”, também chamados de “Padres Apostólicos”.  Receberam esta designação aqueles que, ao longo dos primeiros séculos, foram forjando, construindo e defendendo a fé, a liturgia, a disciplina, os costumes e os dogmas cristãos. São Clemente morreu próximo do ano 100, foi colaborador de Pedro e Paulo, foi Papa e escreveu vários livros.


Na Igreja – Clemente foi colaborador de São Pedro e São Paulo na evangelização dos romanos.  Na Epístola aos Filipenses (Fl 4,3) Paulo escreve: “E tu, companheiro autêntico, eu te peço, acode em auxílio delas, pois lutaram comigo pelo Evangelho , ao mesmo tempo que Clemente e todos os outros meus colaboradores, cujos nomes figuram no livro da vida.  Os escritores católicos Orígenes e Eusébio de Cesaréia confirmam que o “Clemente” citado por Paulo se identificava com o Clemente Romano.


O sucessor de Pedro – Como nós sabemos, Pedro foi o primeiro Chefe da Igreja, o primeiro Bispo de Roma, o primeiro Papa, instituído pelo próprio Cristo (Mt 16,18).  Existem algumas dúvidas sobre quem teria sido o sucessor de Pedro, em razão de várias citações de autores cristãos.  Vejamos algumas:


Tertuliano – Foi o primeiro escritor cristão a escrever em latim, vivendo entre 163 e 230.  Tertuliano escreveu que Clemente Romano foi o sucessor de Pedro, tendo sido consagrado pelo próprio Pedro.  Clemente teria renunciado em favor do Papa Lino, que foi sucedido por Anacleto e depois, novamente, pelo Papa Clemente.


Eusébio – Eusébio de Cesaréia (Bispo de Cesaréia que viveu entre 260 e 340), autor do livro “História Eclesiástica” escreveu que Clemente Romano foi o sucessor de Pedro, após Lino e Anacleto.  Jerônimo (estudioso da Bíblia que viveu entre 345 e 420) também concorda com Eusébio.  Ireneu (Bispo e teólogo da cidade de Lion que viveu entre os anos de 130 e 202) confirma que Clemente foi discípulo de Pedro e o terceiro sucessor de Pedro no Papado.


Carta aos Coríntios – Todos os antigos autores cristãos atribuem a Clemente Romano a autoria da Carta de Clemente aos Coríntios.  Esta carta não deve ser confundida com a Epístola de Paulo aos Coríntios, que faz parte do Novo Testamento.  Esta longa carta (65 capítulos) de Clemente é um dos mais importantes documentos do início do cristianismo. A primeira parte da carta (caps. 4-36) dá conselhos morais com o objetivo de restabelecer a paz e a concórdia na comunidade de Corinto.  A segunda parte (caps. 37-61) inside sobre a hierarquia eclesiástica e a necessidade da submissão às legítimas autoridades.


Autor da Carta aos Hebreus – Como nós sabemos, a Carta aos Hebreus (livro canônico incluído no Novo Testamento) tem autor incerto.  Entre os estudiosos da Bíblia (exegetas), o nome de Clemente de Roma aparece como o mais provável autor dessa carta.  Orígenes (primeiro teólogo da Igreja grega, criou a primeira teologia sistemática, vivendo entre 185 e 254) indica Clemente e Lucas (autor do terceiro Evangelho e do Atos dos Apóstolos) como os mais prováveis autores.  Eusébio prefere indicar Clemente de Roma e Inácio (Bispo de Antioquia que viveu entre 35 e 107).


Quer saber mais – Se você quer maiores informações sobre Clemente Romano, solicite por carta ou E-mail que lhe enviaremos um texto completo.  A Carta de Clemente aos Coríntios foi publicada (em português) recentemente numa edição da “Coleção Patrística – Padres Apostólicos” da Editora Paulus.


A HISTÓRIA DOS APÓSTOLOS


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sábado, 16 de novembro de 2002

O Ossário de Tiago e os “irmãos” de Jesus

A descoberta do ossário de Tiago (já comentada nesta coluna) trouxe a público, novamente, a discussão sobre os “irmãos de Jesus”.  Agora, porém, com fatos novos.


A descoberta – Nos últimos dias, a imprensa mundial publicou a descoberta de um ossário (uma caixa onde se depositam os ossos humanos tirados do cemitério) que teria pertencido a Tiago, “irmão de Jesus”.  A caixa encontrada (51 cm de comprimento e 28 cm de largura) é um ossuário de pedra calcária com quase dois mil anos, com a inscrição em aramaico “Ya'akov bar Yosef akhui di Yeshua”, que significa “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”.  O aramaico era um idioma comum dos judeus na época de Jesus.


Os “irmãos” – Inúmeras vezes nós encontramos nos textos do Novo testamento referências aos irmãos de Jesus – Tiago, José, Judas e Simão (Mt 13,55 e Mc 6,3), que freqüentemente acompanham a Mãe do Senhor (Mt 12, 46; Mc 3,31; 7, 19; Jo 2, 12). Tiago, “irmão” de Jesus não foi apóstolo de Cristo, mas desempenhou um importante papel na Igreja Primitiva, sendo morto por apedrejamento no ano 62 ou 63.  Foi o autor da Primeira Epístola Católica, a Carta de Tiago. 

As três possibilidades – Existem três possíveis soluções para os "irmãos de Jesus". Vamos estudar cada uma:


1) Serem primos de Jesus – Serem filhos de Maria e Cleofas (irmão de José). No aramaico não existe diferenciação entre as palavras “irmão” e “primo”. Egesipo (Hegesippus), o mais antigo historiador da Igreja (início do século II) confirma que Tiago, José, Judas e Simão eram filhos de Maria e Cleofas.  A tradição judaica também confirma esta hipótese, pois os judeus nunca colocam em seus filhos o mesmo nome dos pais (José).


2) Serem filhos de Maria e José – Portanto, verdadeiros irmãos de Jesus.  No texto de Mc 6,3 Jesus é precisamente dito "o filho de Maria" (com artigo definido), negando que Maria tivesse outros filhos: "Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?".  As palavras de Jesus na cruz também confirmam que Jesus era filho único de Maria: se Maria tivesse tido algum outro filho, o Senhor na cruz não a teria confiado a João, filho de Zebedeu (Jo 19,26); os filhos propriamente ditos seriam os primeiros indicados como arrimo materno (na época da crucificação, José já havia morrido).


3) Serem filhos de José – do primeiro casamento de José (viúvo ao casar-se com Maria).  O livro apócrifo “A História de José” levanta essa possibilidade, citando, além dos quatro filhos, as filhas Lísia e Lídia (confira em Mt 13,56).


A Igreja Católica – Tendo por base a Tradição, a Igreja Católica indica aos seus fiéis a primeira hipótese como verdadeira.  Usando os testemunhos dos historiadores Egesipo e Eusébio de Cesaréia e de São Jerônimo, a Igreja afirma que se tratam de primos (ou parentes) de Jesus.


O que mudaria com a descoberta do ossário – Caso seja constatada a veracidade do ossário, este passaria a fazer a ligação direta entre Tiago e José (excluindo a filiação entre Tiago e Cleofas); a inscrição do ossário, portanto, descartaria a hipótese de Tiago ser primo de Jesus, pois indicaria Tiago e Jesus como filhos de um mesmo pai, José. Nesse caso, então, restariam apenas as duas últimas hipóteses citadas anteriormente (2 e 3). Deve-se destacar a importância da descoberta, pois esta pode vir a alterar uma afirmação de quase 20 séculos da Igreja Católica.


QUER LER MAIS


Se você quer conhecer o livro apócrifo “A História de José”, ou o texto de Egesipo ou de Eusébio, ou ainda textos de estudiosos católicos sobre os “irmãos” de Jesus solicite por E-mail que lhe enviaremos gratuitamente.

sábado, 9 de novembro de 2002

O Ossário de Tiago

Nos últimos dias, a imprensa mundial publicou a descoberta de um ossário que teria pertencido a Tiago, “irmão de Jesus”.  Muitas informações, citadas nas notícias dos jornais, precisam ser esclarecidas.


O que é ossário – Também chamado de ossuário, é uma caixa onde se depositam os ossos humanos tirados do cemitério.  A caixa encontrada (51 cm de comprimento e 28 cm de largura) é um ossuário de pedra calcária com quase dois mil anos, com a inscrição em aramaico “Ya'akov bar Yosef akhui diYeshua”, que significa “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”.  O aramaico era um idioma comum dos judeus na época de Jesus.


Os três Tiagos – Existem três pessoas com o nome de Tiago que têm participação intensa no Novo Testamento. Dois deles são apóstolos, Tiago Maior e Tiago Menor e o terceiro Tiago, “irmão” de Jesus, aparece na formação das primeiras comunidades cristãs.  Tiago Maior era Filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João, sendo chamado pelo próprio Jesus para ser apóstolo (Mt 4,21).  Tiago Menor era filho de Alfeu e recebeu o apelido de “Menor” para distingui-lo do outro apóstolo (mais velho e, possivelmente, mais alto).  Tiago, “irmão” de Jesus não foi apóstolo de Cristo, mas desempenhou um importante papel na Igreja Primitiva, sendo morto por apedrejamento no ano 62 ou 63.  Foi o autor da Primeira Epístola Católica, a Carta de Tiago.  Tiago aparece várias vezes na Bíblia como “irmão” de Jesus (confira em Mt 13,55; Mt 27,56; Mc 6,3; Mc 15,40; Mc 16,1; Lc 24,10).  O ossário encontrado se refere a este terceiro Tiago.


Tradição Judaica – Entre 20 a.C. e 70 d.C. era muito comum que famílias judias armazenassem os ossos de seus familiares em caixas (ossários). Quando uma pessoa morria, o cadáver era colocado em um sepulcro por um ano aproximadamente. Após a decomposição da carne, os ossos eram guardados nos ossários. Já foram encontradas centenas de ossários com inscrições em aramaico, mas apenas dois continham menções a um irmão. Os pesquisadores afirmam que o nome do irmão só era inscrito em um ossário quando o irmão era alguém importante.


Estatística – O nomes de "Tiago" e "José" eram nomes comuns na antiga Jerusalém, uma cidade de cerca de 40 mil habitantes. A estatística calcula que poderia ter existido não mais do que 20 pessoas com o nome "Tiago" e que tivessem um irmão chamado "Jesus" e com um pai chamado "José" ao longo de duas gerações na cidade de Jerusalém. No entanto, é improvável a existência de mais de um "Tiago" com um irmão com tal importância que merecesse ter seu nome gravado em seu ossário.


Erros históricos – As reportagens dos jornais e televisão (até o Jornal Nacional) citam que o ossário seria o primeiro documento histórico sobre a existência de Jesus, pois não existe nenhum documento (extrabíblico) relacionado a Jesus.  Os jornalistas se esqueceram do historiador judeu Flávio Josefo (viveu entre 37 e 105 d.C.), no livro Antiguidades Judaicas, escrito em 93 ou 94 d.C., quando descreve a morte por apedrejamento de Tiago, irmão de Cristo e chefe da comunidade cristã de Jerusalém.  O mesmo autor faz uma descrição detalhada de Cristo.


Mais erros históricos – Os jornalistas também se esqueceram do texto do historiador romano Tácito (55 – 120), intitulado "Anais", escrito em 64 d.C., relatando a origem do nome "cristãos", responsabilizados, pelo imperador Nero, pelo incêndio de Roma. Cita que o nome vem de Cristo, que o Imperador Pôncio Pilatos condenou à morte, sob o reinado de Tibério.


Ainda erros – Existe uma carta de Plínio (datada de 112 d.C.), aristocrata, governador da Ásia Menor, ao imperador romano Trajano (viveu entre 53 e 117), onde relata algumas particularidades dos cristãos. Nesta carta, Plínio pede a Trajano que legalize os cristãos. Eis um trecho da carta: "... os cristãos se reuniam em dias fixos, antes do nascer do sol, e cantavam um hino a Cristo, como se fosse um deus".


Outras provas – Existem ainda outros textos que comprovam a existência de Jesus como personagem histórico. Se você se interessou pelo assunto e quer receber o texto (histórico) do livro de Flávio Josefo, ou do historiado Tácito, ou a carta do governador Plínio solicite por E-mail que lhe enviaremos gratuitamente.


O IMPACTO DA DESCOBERTA


A descoberta do ossário muda vários conceitos sobre a família de Jesus.  Mas isso é assunto para a próxima semana.

sábado, 2 de novembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 8ª parte: O 13º Apóstolo

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje concluiremos este estudo.


Existe o 13º Apóstolo? – O capítulo 1 do Evangelho de João descreve a convocação dos primeiros apóstolos.  A partir do versículo 43, Jesus chama Filipe para ser apóstolo e Felipe convida Natanael. Ele, porém, não aparece nas listas de apóstolos de Jesus, nem em nenhum episódio da vida pública de Jesus, apesar de ter reconhecido Jesus como o Filho de Deus e Rei de Israel. Volta a ser citado em João 21, 1 apenas quando Jesus aparece ressuscitado à beira do mar de Tiberíades.


Natanael – Chamado de Natanael de Caná, por ser natural de Caná da Galiléia, cidade próxima cerca de 6 km de Nazaré, aldeia de Jesus, esse discípulo parece ser um estudioso das escrituras.  Em Jo 1, 48, Jesus diz que havia visto Natanael sob a figueira, numa referência à vida consagrada ao estudo das Escrituras (a expressão é bem conhecida na literatura rabínica, na qual a figueira é comparada à árvore da ciência do bem e do mal).


O convite de Filipe – Filipe foi convidado por Jesus para segui-lo.  Filipe vai até Natanael e fala com convicção sobre o encontro com o Messias. Natanael ouve atentamente, porém, ao falar, demonstra algum preconceito: “De Nazaré (...) será que pode sair alguma coisa boa?” Na sua mente, de Jerusalém ou de Belém, a cidade de Davi, poderia vir o Messias, mas de Nazaré...? Parecia ser impossível a Natanael. Felipe, então, o convida a provar por si próprio: “Vem e vê!”. (Veja Jo 1, 46)


Natanael e Jesus – Ao encontrar-se com Cristo, Natanael ouve uma saudação elogiosa que o desconcerta: “Aqui está um verdadeiro israelita, em quem não há nada falso”. Jesus então afirma que o viu assentado sob uma figueira, antes de Felipe o convidar. Natanael, ao ouvi-Lo crê e vê em Jesus a pessoa do Filho de Deus, o Rei de Israel. Jesus afirma que Natanael veria “coisas maiores que esta...”, até mesmo “... o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 47s).



Natanael era apóstolo? – A leitura dos versículos de Jo 1, 43s deixa uma clara impressão que Natanael tenha sido convidado para integrar o grupo dos doze.  Os Evangelhos citam que apenas seis foram convidados pessoalmente por Jesus: Simão Pedro e seu irmão André (Mt 4,18), Tiago e seu irmão João (Mt 4,21), Mateus (Mt 9,9) e Filipe (Jo 1, 43). Natanael não aparece nas listas dos doze apóstolos, mas certamente foi seguidor de Jesus, presenciando a aparição de Jesus ressuscitado e a pesca milagrosa no mar de Tiberíades (confira em Jo 21,1).


Natanael e Bartolomeu – Desde o princípio da Idade Média, alguns historiadores afirmavam que Natanael poderia ser a mesma pessoa que Bartolomeu (um dos doze apóstolos), mas não existe qualquer prova sobre isso.  Pesquisas mais recentes mostram que não existe qualquer fundamento em reconhecer Natanael como o apóstolo Bartolomeu.

sábado, 26 de outubro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 6ª parte: O Traidor

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.


Judas, o Traidor – Filho de Simão (não confundir com o apóstolo Simão), Judas Iscariotes foi o traidor de Jesus.  O sobrenome Iscariotes tem diversas interpretações: originário de Keriot, aldeia situada ao sul da Palestina (Js 15,25; Am 2,2); mentiroso (segundo uma raiz aramaica), apelido aplicado ao traidor depois de sua façanha; transcrição semítica de sicarius (zelote); esta última interpretação ajudaria a compreender por que Judas atraiçoou Jesus, que repudiou a ideologia dos zelotes (Mt 17,24-27).


Quem foi – A convocação de Judas Iscariotes para ser apóstolo não é narrada nos Evangelhos, mas não há dúvida que fez parte dos doze.  Foi um apóstolo verdadeiro, fiel e até perseverante.  Quando muitos seguidores abandonaram Jesus, Judas continuou com ele (confira em Jo 6,66-71).  Os Evangelhos sinóticos (Mt, Lc e Mc) não fazem qualquer citação ou descrevem qualquer episódio sobre Judas Iscariotes.  Ele apenas é citado na traição da Paixão.


Judas e o desperdício – O Evangelista João o apresenta como o discípulo contestador, na unção em Betânia (Jo 12,4).  Segundo o quarto Evangelho, Judas pede explicações sobre o desperdício que ocorre durante a ceia, quando uma mulher chamada Maria aplica uma libra (327 gramas) de bálsamo perfumado nos pés de Jesus.  Reclamou que o bálsamo poderia ser vendido por 300 denários (hoje, R$ 13.000,00) e o dinheiro distribuído aos pobres.  Deve-se notar que na descrição deste mesmo episódio por Mateus (Mt 26,8), a reclamação é atribuída aos discípulos e não a Judas; Marcos também não nomeia Judas, mas atribui “a alguns”.


O tesoureiro? – O episódio do desperdício dá a entender que Judas Iscariotes era o tesoureiro dos apóstolos.  Em Jo 12,6, o evangelista observa que Judas protestou “não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, encarregado da bolsa, roubava o que nela se guardava”. João deixa claro que Judas era o encarregado do dinheiro do grupo e que era ladrão.


Trinta Moedas – Como e por que Judas traiu Jesus? Os Evangelhos não apresentam nenhum motivo para a traição.  Limitam-se a registrar o fato. Nem o evangelista João, que aposta Judas como ladrão, insinua que a causa da traição fosse o dinheiro (trinta moedas de prata). Trinta moedas de prata significam 30 denários (o denário era o salário de um dia de trabalho, conforme Mt 20,2), ou cerca de 40 gramas de ouro.  Se tomarmos o grama de ouro a R$ 32,00, teríamos que a traição de Judas valeria, hoje, cerca de R$ 1.300,00.


A Morte – A morte de Judas é narrada duas vezes no Novo Testamento. O evangelista Mateus (Mt 27,3s) descreve um suicídio por enforcamento, enquanto Lucas (At 1,18s) cita que o traidor sofreu uma queda, sem especificar se foi suicídio ou acidente.  As narrativas divergem nos detalhes. Segundo Mateus, Judas enforcou-se e foram os chefes do povo que compraram um campo, ligado ao sangue inocente de Jesus. Lucas, por sua vez, não diz que Judas suicidou-se por enforcamento, mas que o traidor sofre uma queda, sem especificar se foi suicídio ou acidente. De acordo com seu relato, o campo não foi comprado pelos chefes de Israel, mas pelo próprio Judas, e seu nome refere-se ao sangue de Judas e ao de Jesus.


E os outros Apóstolos?

            Terminamos hoje o estudo sobre os 12 apóstolos de Cristo.  Mas existe uma dúvida.  Existe o 13º apóstolo?

sábado, 19 de outubro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 6ª parte: Judas Tadeu

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.


Judas Tadeu – Existe grande divergência sobre o nome do 11º apóstolo de Cristo. A maioria dos textos antigos traz o nome Tadeu (Mc, 3,18); outros trazem Lebeu ou Lebê (Mt 10, 3); outros Judas, filho de Tiago (Lc 6,16); outros Judas, o Zelote; outros ainda Judas de Tiago. Os estudiosos admitem que dificilmente estes nomes tenham pertencido a uma só pessoa, ou seja, na época em que os Evangelhos foram escritos, não havia uma forte tradição quanto ao nome do 11º Apóstolo.


Os dois Tadeus – O Novo Testamento descreve duas pessoas com o nome de Judas Tadeu: o Apóstolo e o irmão (primo) de Jesus.  Existem sérias dificuldades em aceitar que se trata da mesma pessoa.


Judas Tadeu, primo de Jesus – Era natural de Caná da Galiléia, na Palestina. Sua família era constituída do pai, Alfeu (ou Cléofas) e a mãe, Maria Cléofas, parentes de Jesus. O pai, Alfeu, era irmão de São José e a mãe, Maria Cléofas, prima-irmã de Maria Santíssima, portanto, Judas Tadeu era primo-irmão de Jesus (confira em Mt 13,55).


Judas Tadeu, Apóstolo – Judas Tadeu é citado apenas uma vez no Novo Testamento (além das listas de apóstolos, como Mt 10,4). Aparece em João Jo 14,22, durante a última ceia, quando perguntou a Jesus: "Mestre, por que razão hás de manifestar-te só a nós e não ao mundo?" Jesus lhe respondeu afirmando que teria manifestação dele todo aquele que guardasse sua palavra e permanecesse fiel a seu amor.


Quem escreveu a Epístola de Judas? – O próprio autor se apresenta como “irmão de Tiago” (Jd 1), ou seja, pode tratar-se de Judas Tadeu, primo de Jesus, irmão de Tiago, José e Simão (confira em Mt 13,55).  A maioria dos exegetas (estudiosos da Bíblia) tem muitas dúvidas em fazer esta afirmação por diversas razões, entre elas a época em que o texto foi escrito (anos 90 do primeiro século).  Eles preferem atribuir a autoria da Epístola a um outro Judas (que não é o apóstolo, nem o primo de Jesus, nem o Iscariotes).


São Judas Tadeu – Na Igreja Católica, o Apóstolo Judas Tadeu, o primo de Jesus e o autor da Epístola de Judas são comemorados como a mesma pessoa.  A história do Santo diz que ele iniciou sua pregação na Galiléia, passando pela Samaria, Iduméria e outras populações judaicas. Pelo ano 50, tomou parte no primeiro Concílio, o de Jerusalém. Em seguida, foi evangelizar a Mesopotâmia, Síria, Armênia e Pérsia. Nesse país recebeu a companhia de outro apóstolo, Simão.


Santo e Mártir – A pregação e o testemunho de São Judas Tadeu impressionaram os pagãos que se convertiam. Isso provocou a inveja e fúria contra o apóstolo, que foi trucidado, com pauladas, lanças e machados, pelo ano 70. Dessa maneira, tornou-se mártir, ou seja, mostrou que sua adesão a Jesus era tal, que testemunhou a fé com a doação da própria vida. Os seus restos mortais, após terem sido guardados no Oriente Médio e na França, foram definitivamente transferidos para Roma, na Basílica de São Pedro.  É o santo das causas impossíveis ou dos desesperados, comemorado em 28 de outubro.


E os outros Apóstolos?


            Hoje escrevemos sobre os Judas Tadeu. Só falta um: o traidor. Continuaremos na próxima semana.

sábado, 12 de outubro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 5ª parte: Os Tiagos

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.


Os Tiagos – Existem três pessoas com o nome de Tiago que têm participação intensa no Novo Testamento. Dois deles são apóstolos: o Tiago Maior e Tiago Menor.  O terceiro Tiago, primo de Jesus, aparece na formação das primeiras comunidades cristãs.  Se você faz confusão entre os Tiagos, leia o texto a seguir.


Tiago Maior – Filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João, Tiago foi chamado pelo próprio Jesus para ser apóstolo.  Deixou o barco e as redes e seguiu Jesus.  Tiago e João receberam o apelido de Boanerges, que significa filhos do trovão (Mt 4,21).


Tiago Maior e Jesus – Tiago maior fazia parte do grupo de apóstolos mais próximo de Jesus (Pedro, Tiago, João e, às vezes, André), estando presente nas ocasiões mais decisivas: no anúncio da ruína do templo, os quatro discípulos “à parte, perguntavam-lhe” (Mc 13, 3), ou “os discípulos adiantaram-se a ele, à parte, e lhe disseram” (Mt 24, 3).  No Getsêmani “ele leva consigo Pedro, Tiago e João” (Mc 14, 33); na transfiguração “Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e os leva a sós, à parte, ao cimo de uma alta montanha” (Mc 9, 2).  O mesmo ocorre na cura da filha de Jairo (Mc 5,37).


Tiago Maior na Espanha – Algumas lendas dizem que Tiago Maior evangelizou na Espanha, porém não existe base histórica para esta afirmação.  Tiago “bebeu do mesmo cálice de Jesus” (veja Mc 10,39), sendo morto à espada (degolado), no ano 44, por ordem do rei Herodes Agripa (veja At 12,1).  Tiago é o Santo dos chapeleiros, dos doentes de reumatismo e de todos trabalhadores. É comemorado no dia 25 de julho.


Tiago Menor – Também chamado de “o Jovem” ou “o Justo”, era filho de Alfeu e recebeu o apelido de “Menor” para distingui-lo do outro apóstolo também chamado Tiago, mais velho e, possivelmente, mais alto.  Tiago Menor morreu (ano 62) ao ser atirado do ponto mais alto do templo e, em seguida ser agredido.  É comemorado no dia 3 de maio.


Tiago, “irmão” de Jesus – O terceiro Tiago não foi apóstolo de Cristo, mas desempenhou um importante papel na Igreja Primitiva.  Foi o autor da Primeira Epístola Católica, a Carta de Tiago.  Era filho de Alfeu (Cleofas) e de Maria, irmã de Nossa Senhora.  Portanto, Tiago era primo de Jesus, o que é indicado várias vezes na Bíblia como “irmão” de Jesus (confira em Mt 13,55; Mt 27,56; Mc 6,3; Mc 15,40; Mc 16,1; Lc 24,10).


Tiago (o primo) e a Igreja – Tiago teve uma posição de destaque na Igreja do primeiro século (Confira em At 12,17 e At 15,13).  São Paulo o proclama como testemunha da Ressurreição de Cristo e como “um dos pilares” da Igreja (confira em Gl 2,9).  De acordo com a Tradição, ele foi o primeiro bispo de Jerusalém e presidiu o Concílio de Jerusalém (primeiro concílio da Igreja) por volta do ano 50. 
 

A Carta de Tiago – O Novo Testamento tem uma Epístola de autoria de Tiago, primo de Jesus.  A autoria é confirmada pelo estudo do texto que revela ter sido escrito por um judeu com grandes conhecimentos do Antigo Testamento e um cristão conhecedor dos ensinamentos do Evangelho.  Documentos da Igreja primitiva e de Concílios comprovam a autenticidade da Carta de Tiago, escrita entre os anos de 60 e 62. Tiago, primo de Jesus, morreu martirizado por sua fé no verão do ano 62.  É comemorado no dia 3 de maio.


E os outros Apóstolos?


            Hoje escrevemos sobre os Tiagos. Faltam ainda os dois Judas. Continuaremos na próxima semana.