sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Como aconteceu a Assunção de Maria?




No próximo domingo a Igreja comemora a Assunção de Maria, conforme o dogma publicado pelo Papa Pio XII (1950): “A Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha de culpa original, terminando o curso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma”.

Mistério – Os detalhes da morte, enterro e assunção da Virgem Maria são um dos maiores mistérios do Novo Testamento. A Igreja usa o texto da Carta de São Paulo (1Cor 15, 20-23) e do Apocalipse (Ap 11, 19; 12, 1), para fundamentar o dogma. Nenhuma descrição ou fato histórico é citado. Apresentamos aqui as descobertas mais recentes sobre o assunto:

Cronograma – Um cronograma aproximado da vida de Maria seria o seguinte: nasceu no ano 20 a.C., aproximadamente; filha de Ana e Joaquim. No final do ano 7 a.C. (com 13 anos) deu à luz Jesus, na cidade de Belém. Maria assistiu a crucificação e morte de Jesus em abril do ano 30 d.C., com 50 anos de idade. Segundo Hipólito de Tebas (autor bizantino do século VII), a Virgem Maria viveu onze anos após a morte de Jesus, morrendo no ano de 41 d.C. (com 61 anos de idade).

João Paulo II – Em catequese, no dia 9 de julho de 1997, o Papa João Paulo II disse que o primeiro testemunho de fé na assunção da Virgem Maria aparece nas histórias apócrifas, intituladas "Transitus Mariae", cujo núcleo original remonta aos séculos II e descreve a morte, o sepultamento, o túmulo e a ascensão de Maria aos Céus. Segundo a palavra do Pontífice este texto reflete uma intuição da fé do povo de Deus.

O texto – O autor do “Transitus Mariae” usa o pseudônimo de Melitão. Existiu um Melitão, Bispo de Sardes, no ano de 150, mas não deve ser o mesmo. O autor diz que escutou de São João apóstolo a seguinte história: Maria vivia em sua casa, quando recebeu a visita de um anjo anunciando que, em três dias, seria elevada aos céus. Então ela pediu ao anjo que gostaria que todos os apóstolos estivessem reunidos.

Morte – Três dias depois, Maria morreu na presença de todos os apóstolos. Pedro recebeu uma mensagem de Cristo: ele deveria tomar o corpo de Maria e levar à direita da cidade, até o oriente, onde encontraria um sepulcro novo. Ali deveria depositar o corpo de Maria e aguardar um novo aparecimento de Cristo.

Enterro – Os apóstolos assim fizeram: colocaram o corpo num caixão, saíram de Jerusalém, à direita da cidade, entraram no Vale de Josafat (ou vale do Cedron), no caminho para o Monte das Oliveiras, depositaram o corpo no sepulcro, fecharam com uma pedra e ficaram esperando.

Assunção – Cristo ressuscitado apareceu, saudando a todos: “A paz esteja convosco”. Pedro disse: “Senhor, se possível, parece justo que ressuscite do corpo de sua mãe e a conduza contigo ao Céu”.  Jesus disse: “Tu que não aceitasse a corrupção do pecado não sofrerás a corrupção do corpo no sepulcro”. E os anjos a levaram ao paraíso. Enquanto ela subia, Jesus falou aos apóstolos: “Do mesmo modo que estive com vocês até agora, estarei até o fim do mundo”. E desapareceu entre as nuvens junto com os anjos e Maria.

Impressionante descoberta – A arqueologia estudou durante anos os detalhes da pequena igreja existente no local descrito pelo texto “Transitus Mariae” sem nada encontrar. Em 1972, uma chuva torrencial alagou a igreja e exigiu a reconstrução do piso. Ao remover o piso, apareceu um grande porão, com uma câmara funerária do primeiro século. Todas as descrições do livro apócrifo estavam confirmadas.

Quer ler mais – Se você se interessou pelo assunto, nós podemos lhe oferecer a história completa do “Túmulo de Maria” escrita pelo teólogo católico Ariel Alvarez Valdes (17 páginas, em espanhol) com fotos e desenhos do túmulo. Também podemos oferecer o texto completo do livro apócrifo “Transitus Mariae”, escrito no século II (16 páginas, em espanhol). Solicite por E-mail.

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Jesus, pão da vida eterna

 

No Evangelho das missas deste domingo (Jo 6, 41-51), Jesus continua a sua missão na Galiléia. Estamos no mês de abril do ano 29, exatamente um ano antes da crucificação, morte e ressurreição de Jesus.

Nos domingos anteriores – Vimos que Jesus multiplicou os pães para mais de cinco mil homens nas proximidades da cidade de Betsaida; em seguida, entrou na barca com os apóstolos em direção à cidade de Cafarnaum (durante a viagem no Lago de Genesaré ou Mar da Galiléia, aconteceu uma tempestade e Jesus andou sobre as águas); ao chegarem à Cafarnaum foram seguidos por uma multidão; ao falar para a multidão se declarou como “o pão da vida”.

Judeus – No texto deste domingo, Jesus continua na cidade de Cafarnaum, provavelmente em uma sinagoga, no sábado, discutindo com os judeus. Estes contestavam as palavras de Jesus ("Eu sou o pão que desceu do céu") e comentavam: "Não é este Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como então pode dizer que desceu do céu?"

Resposta – E Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer nunca morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo".

Discurso – Este trecho é conhecido como o discurso de Jesus sobre o "Pão da Vida". O gancho que o evangelista João usa para “pendurar” o discurso, é o pedido dos judeus (no versículo 35), "Senhor, dá-nos sempre desse pão". Em resposta, Jesus começa o seu grande discurso, que divide-se em duas partes. Na primeira parte (41-51), João apresenta o ensinamento de Jesus sobre o pão celestial que nos nutre. A segunda parte está nos versículos 52 a 58, que não serão lidos neste domingo.

Paralelo – Jesus faz uma comparação entre o povo de Israel no deserto e os judeus de seu tempo: como os seus antepassados se queixavam, no deserto, contra o pão que Deus mandava (o maná), agora eles queixavam-se do Novo Maná. Os judeus (aqui se entende as autoridades judaicas e não o povo judeu) diziam conhecer a origem de Jesus, porque só pensavam na sua família, e Jesus mostra que, na verdade, não a conheciam, pois eles não conheciam o Pai, a sua verdadeira origem.

Julgamento final – No versículo 47 (“em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna”), o evangelista João revela uma característica de seus textos: a escatologia realizada. Enquanto, para os Sinóticos, o juízo é algo que acontece no último dia, para João, freqüentemente, já aconteceu, pois a pessoa é salva ou já está condenada, pela sua aceitação ou não de Jesus como o Filho de Deus.

Última Ceia – No final, João nos dá o que talvez seja uma variante das palavras da instituição da eucaristia "O pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida" (versículo 51). João enfatiza que o Verbo Divino se tornou carne e tem entregue a sua carne como alimento da vida eterna.

Alimento – Ser atraído por Jesus e crer nele é segui-lo, na adesão concreta ao projeto de Deus. Alimentar-se de Jesus é contemplá-lo e seguir seus passos. Na bondade, na compaixão e no perdão, na fraternidade comunitária e na solidariedade social, na busca da justiça e da paz entra-se em comunhão com Jesus, Pão da Vida Eterna.