No Evangelho
das missas deste domingo (Mt 16,13-19), Pedro reconhece Jesus como Messias, é
proclamado como base (pedra fundamental) da Igreja e recebe as chaves do Reino
dos Céus.
Época – Mateus escreve na década de 80, quando os discípulos de Jesus oriundos
do judaísmo estavam sendo expulsos das sinagogas e os cristãos começavam a
estruturar-se em uma instituição religiosa própria, na qual a figura de
referência era Pedro, já martirizado em Roma. Pedro era lembrado pelo seu
testemunho corajoso diante da perseguição do Império Romano.
O que é cátedra? A “cátedra” quer dizer a sede fixa do bispo, colocada na igreja matriz
de uma diocese, que por este motivo é chamada “catedral”. É o símbolo da
autoridade do bispo e de seu “magistério” (ensinamento evangélico transmitido à
comunidade cristã) como sucessor dos apóstolos. Quando o bispo toma posse da Igreja
particular que lhe foi confiada, com a mitra e o báculo, senta-se em sua
cátedra. Dessa sede guiará, como mestre e pastor, o caminho dos fiéis, na fé,
na esperança e na caridade!
Qual foi a “cátedra” de São Pedro? Ele foi escolhido por Cristo como “rocha” sobre a qual edificaria a
Igreja (Mt 6,18) e começou seu ministério em Jerusalém, depois da Ascensão do
Senhor e de Pentecostes. A primeira “sede” da Igreja foi o Cenáculo e é provável
que naquela sala (onde estava presente Maria Santíssima), se reservasse um
posto especial a Simão Pedro. Depois, a sede de Pedro foi Antioquia (na Síria,
hoje Turquia), cidade evangelizada por Barnabé e Paulo. Nela, “pela primeira
vez os discípulos receberam o nome de ‘cristãos’” e Pedro foi o primeiro bispo.
De Antioquia a Providência levou Pedro a Roma.
Caminho – Portanto, de Jerusalém (Igreja nascente), Pedro passa pela Antioquia (primeiro
centro da Igreja que agrupava pagãos e judeus), chegando a Roma, centro do
Império, onde concluiu com o martírio sua carreira ao serviço do Evangelho. Por
este motivo, a sede de Roma, que havia recebido a maior honra, recebeu também a
tarefa confiada por Cristo a Pedro, de estar ao serviço de todas as Igrejas
particulares, para a edificação e a unidade de todo o Povo de Deus.
Roma – A sede de
Roma, depois destas migrações de São Pedro, foi reconhecida como a sede do
sucessor de Pedro e a “cátedra” de seu bispo representou a do apóstolo
encarregado por Cristo de apascentar todo seu rebanho. Testificam isso os mais
antigos Padres da Igreja, como Santo Irineu, Tertuliano e São Jerônimo.
Santo Irineu – Irenaeus (130 a 202, bispo de Lyon), em seu livro “Contra as heresias”
(ano 180), descreve a Igreja de Roma como a “maior e mais antiga, conhecida por
todos, fundada e constituída em Roma pelos dois gloriosos apóstolos Pedro e
Paulo”, e acrescenta: “Com esta Igreja, por sua exímia superioridade, deve
estar em acordo a Igreja universal, ou seja, os fiéis que estão por toda parte”.
Tertuliano – Tertuliano (160 a 220) foi um dos maiores escritores cristãos. No livro
“Prescrições contra todas as heresias”, afirma: “Esta Igreja de Roma é
bem-aventurada! Os apóstolos derramaram nela, com seu sangue, toda a doutrina”.
A cátedra do bispo de Roma representa, portanto, não só seu serviço à comunidade
romana, mas também sua missão de guia de todo o Povo de Deus.
São Jerônimo – São Jerônimo (347 a 420), doutor da Igreja, fez a tradução da Bíblia
para o latim. Em seu livro “As Cartas”, dá um testemunho particularmente
interessante, porque menciona explicitamente a “cátedra” de Pedro,
apresentando-a como porto seguro de verdade e de paz. Assim escreve: “Decidi
consultar a cátedra de Pedro, onde se encontra essa fé que a boca de um apóstolo
exaltou; venho agora pedir alimento para minha alma ali, onde recebi a veste de
Cristo. Não sigo outro primado senão o de Cristo; por isso, ponho-me em
comunhão com tua beatitude, ou seja, com a cátedra de Pedro. Sei que sobre esta
pedra está edificada a Igreja”.
Vaticano – No altar principal da basílica de São Pedro encontra-se o monumento à
cátedra do apóstolo Pedro (obra do artista Bernini): é um grande trono de
bronze, sustentada pelas estátuas de quatro doutores da Igreja – dois do Ocidente
(Santo Agostinho e Santo Ambrósio) e dois do oriente (São João Crisóstomo e
Santo Atanásio).