sábado, 17 de agosto de 2019

Como aconteceu a Assunção de Maria?


  
Neste domingo a Igreja comemora a Assunção de Maria, conforme o dogma publicado pelo Papa Pio XII (1950): “A Virgem Imaculada, que fora preservada de toda a mancha de culpa original, terminando o curso da sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e alma”.

Mistério – Os detalhes da morte, enterro e assunção da Virgem Maria são um dos maiores mistérios do Novo Testamento. A Igreja usa o texto da Carta de São Paulo (1Cor 15, 20-23) e do Apocalipse (Ap 11, 19; 12, 1), para fundamentar o dogma. Nenhuma descrição ou fato histórico é citado. Apresentamos aqui as descobertas mais recentes sobre o assunto:

Cronograma – Um cronograma aproximado da vida de Maria seria o seguinte: nasceu no ano 20 a.C., aproximadamente, filha de Ana e Joaquim. No final do ano 7 a.C. (com 13 anos) deu à luz Jesus, na cidade de Belém. Maria assistiu a crucificação e morte de Jesus em abril do ano 30 d.C., com 50 anos de idade. Segundo Hipólito de Tebas (autor bizantino do século VII), a Virgem Maria viveu onze anos após a morte de Jesus, morrendo no ano de 41 d.C. (com 61 anos de idade).

João Paulo II – Em catequese, no dia 9 de julho de 1997, o Papa João Paulo II disse que o primeiro testemunho de fé na assunção da Virgem Maria aparece nas histórias apócrifas, intituladas "Transitus Mariae", cujo núcleo original remonta aos séculos II e descreve a morte, o sepultamento, o túmulo e a ascensão de Maria aos Céus. Segundo a palavra do Pontífice este texto reflete uma intuição da fé do povo de Deus.

O texto – O autor do “Transitus Mariae” usa o pseudônimo de Melitão. Existiu um Melitão, Bispo de Sardes, no ano de 150, mas não deve ser o mesmo. O autor diz que escutou de São João apóstolo a seguinte história: Maria vivia em sua casa, quando recebeu a visita de um anjo anunciando que, em três dias, seria elevada aos céus. Então ela pediu ao anjo que gostaria que todos os apóstolos estivessem reunidos.

Morte – Três dias depois, Maria morreu na presença de todos os apóstolos. Pedro recebeu uma mensagem de Cristo: ele deveria tomar o corpo de Maria e levar à direita da cidade, até o oriente, onde encontraria um sepulcro novo. Ali deveria depositar o corpo de Maria e aguardar um novo aparecimento de Cristo.

Enterro – Os apóstolos assim fizeram: colocaram o corpo num caixão, saíram de Jerusalém, à direita da cidade, entraram no Vale de Josafat (ou vale do Cedron), no caminho para o Monte das Oliveiras, depositaram o corpo no sepulcro, fecharam com uma pedra e ficaram esperando.

Assunção – Cristo ressuscitado apareceu, saudando a todos: “A paz esteja convosco”. Pedro disse: “Senhor, se possível, parece justo que ressuscite do corpo de sua mãe e a conduza contigo ao Céu”.  Jesus disse: “Tu que não aceitasse a corrupção do pecado não sofrerás a corrupção do corpo no sepulcro”. E os anjos a levaram ao paraíso. Enquanto ela subia, Jesus falou aos apóstolos: “Do mesmo modo que estive com vocês até agora, estarei até o fim do mundo”. E desapareceu entre as nuvens junto com os anjos e Maria.

Impressionante descoberta – A arqueologia estudou durante anos os detalhes da pequena igreja existente no local descrito pelo texto “Transitus Mariae” sem nada encontrar. Em 1972, uma chuva torrencial alagou a igreja e exigiu a reconstrução do piso. Ao remover o piso, apareceu um grande porão, com uma câmara funerária do primeiro século. Todas as descrições do livro apócrifo estavam confirmadas.

QUER LER MAIS – Se você se interessou pelo assunto, nós podemos lhe oferecer a história completa do “Túmulo de Maria” escrita pelo teólogo católico Ariel Alvarez Valdes (17 páginas, em espanhol) com fotos e desenhos do túmulo. Também podemos oferecer o texto completo do livro apócrifo “Transitus Mariae”, escrito no século II (16 páginas, em espanhol). Solicite por E-mail.

sábado, 3 de agosto de 2019

Os bens materiais



 No Evangelho das missas deste domingo é discutida a questão da partilha dos bens (Lc 12,13-21).

Questão – Um homem queixa-se a Jesus porque o irmão não quer repartir com ele a herança. Segundo as tradições judaicas, o filho primogênito de uma família de dois irmãos recebia dois terços das possessões paternas (Dt 21,17). Normalmente, apenas eram repartidos os bens móveis; para guardar intacto o patrimônio da família, a casa e as terras eram atribuídas ao primogênito. O homem que interpela Jesus é, provavelmente, o irmão mais novo, que ainda não tinha recebido nada. No tempo de Jesus, era freqüente que os “doutores da lei” assumissem o papel de juízes em casos similares. Como é que Jesus se vai situar face a esta questão?
 
Cobiça – Jesus, delicadamente, evita envolver-se em questões de direito familiar e a tomar posição por um irmão contra outro (“Amigo, quem foi que me encarregou de julgar ou dividir os bens entre vocês?”). O que estava em causa na questão era a cobiça, a luta pelos bens, o apego excessivo ao dinheiro. O dinheiro não é a fonte da verdadeira vida. A cobiça dos bens (o desejo insaciável de ter) é idolatria: não conduz à vida plena, não responde às aspirações mais profundas do homem, não conduz a um autêntico amadurecimento da pessoa. A lógica do “Reino” não é a lógica de quem vive para os bens materiais; quem quiser viver na dinâmica do Reino deverá ter isto presente.

Bens materiais – Ressoa com todas as letras a advertência de Jesus para os seus discípulos: “Atenção! Tenham cuidado com qualquer tipo de ganância”. Cumpre assinalar que o evangelho não nega o valor nem a necessidade de bens materiais. Afinal, sem eles, não seria possível ter uma vida digna e humana – algo que Deus quer para todos nós. A luta não é contra os bens, mas contra a ganância, o egoísmo, a acumulação, a confiança no aumento dos bens como valor supremo das nossas vidas. Se foi importante fazer essa advertência há quase dois mil anos, imagine hoje, no mundo em que vivemos, mergulhados no consumismo e materialismo... 

Parábola – Na sequência, Jesus apresenta a parábola que ilustra a atitude do homem voltado para os bens perecíveis, mas que se esquece do essencial – aquilo que dá a vida em plenitude. Apresenta-nos um homem previdente, responsável, trabalhador (que até poderíamos admirar e louvar); mas que, de forma egoísta e obsessiva, vive apenas para os bens, que lhe asseguram tranquilidade e bem-estar material (e nisso, já não o podemos louvar e admirar).

Meu, minha – Chama a atenção o número de vezes que o homem rico da parábola usa as palavras “eu”, “meu” “minha” – é um homem totalmente fechado no seu mundinho, encerrado em si mesmo, sem sensibilidade diante dos sofrimentos e necessidades dos outros. Representa, assim, todos aqueles cuja vida é apenas um acumular sempre mais, esquecendo de todo o resto (inclusive Deus, a família e os outros); representa todos aqueles que vivem uma relação de “circuito fechado” com os bens materiais, que fizeram deles o seu deus pessoal e que esqueceram que não é aí que está o sentido mais fundamental da existência humana.

Escravidão – O que é que Jesus pretende, ao contar esta história? Pretende dizer-nos que não podemos viver escravos do dinheiro e dos bens materiais, como se eles fossem a coisa mais importante da nossa vida. A preocupação excessiva com os bens, a busca obsessiva de ter cada vez mais constitui uma experiência de egoísmo, de fechamento, de desumanização, que centra o homem em si próprio e o impede de estar disponível e de ter espaço na sua vida para os valores verdadeiramente importantes – os valores do Reino.

Louco – E Jesus o chama de “louco” por colocar o sentido da sua vida na acumulação de riquezas, achando que isso lhe traria a felicidade por si. A pergunta que Jesus faz – “E as coisas que você preparou, para quem vão ficar?” (v.20) – levanta uma questão fundamental, que todos nós temos que responder: qual é o sentido da nossa vida? O que é realmente importante? Sobre o que baseamos a nossa felicidade? Pois tudo passará – e então seria tolice fundamentar a nossa felicidade sobre algo que necessariamente vai acabar.

O homem da parábola terminou a sua vida na frustração, perdeu tudo, e a sua vida acabou sem sentido. E Jesus nos adverte: “Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico para Deus!”. – A escolha é nossa!