O Evangelho lido nas missas deste domingo nos apresenta João
Batista pregando no deserto. Vamos conhecer um pouco mais sobre João Batista.
Filiação e nascimento – João Batista era filho de Zacarias,
sacerdote do Templo de Jerusalém, e de Isabel (Elizabete), parente de Maria
Santíssima. O casal não tinha filhos, pois Isabel era estéril, e eram de idade
bastante avançada. Durante seu trabalho no Templo, apareceu para Zacarias o anjo
Gabriel, comunicando que sua mulher daria à luz um filho. Zacarias ficou mudo
até o dia da circuncisão do filho. Depois que Maria recebeu a notícia (do anjo)
que ficaria grávida, foi visitar Isabel. Esta, ao ver Maria, pronuncia um dos
mais belos salmos da Bíblia: o Magnificat (veja em Lc 1,39-56).
Geografia – João Batista nasceu na cidade de
Ain-Karin, distante poucos quilômetros a sudoeste de Jerusalém (na Judéia).
Viveu como ermitão no deserto da Judéia até os 27 anos. João chamava os homens
para a penitência e batismo, anunciando que o Reino de Deus estava próximo. Ele
atraía multidões. Quando Cristo veio até ele, foi reconhecido como o Messias.
Recusou batizar Jesus, dizendo que ele que deveria ser batizado pelo Cristo,
mas por indicação de Jesus, acabou por fazê-lo.
Confronto – Uma das histórias mais conhecidas da
Bíblia é o confronto entre João Batista e Herodes Antipas, o filho de Herodes
Magno (aquele que aparece no nascimento, recebe os magos, assassina as crianças
de Belém). Vamos detalhar os fatos, usando os textos do Evangelho de Marcos (Mc
6, 17s) e as citações do historiador Flávio Josefo, no livro Antiguidades
Judaicas (XVIII,5,2).
Herodes Antipas – Foi o filho caçula de Herodes, o Grande,
e da Samaritana Maltace, uma das dez esposas de seu pai; nasceu por volta do
ano 20 a .C.
Com a morte de seu pai (4 a .C.)
se tornou tetrarca (rei de uma das quatro partes do reino) da Galiléia e Peréia
(veja Lc 3,1). Freqüentou as melhores escolas de seu tempo, alternando o estudo
com os divertimentos e a ociosidade de Roma. Casou-se com a filha de Aretas IV,
o rei do perigoso povo Nabateus (da vizinha Arábia). Tinha total confiança e
simpatia do Imperador Tibério, a ponto de ser transformado em um espião junto
aos magistrados romanos no Oriente.
O escândalo – Por volta do ano 27 d.C., em uma de
suas viagens a Roma como informante do imperador, Herodes Antipas hospedou-se
na casa de seu irmão por parte de pai, Herodes Filipe (veja Mc 6,17). Este
levava uma vida discreta em Roma e havia se casado com sua sobrinha Herodíades.
A ocasião foi favorável tanto para a ambiciosa Herodíades (que não se
conformava com aquela vida obscura), como para o leviano Antipas, que se
apaixonou por ela.
A infidelidade – Os dois juraram-se fidelidade. A pedido
de Herodíades o tetrarca prometeu repudiar a esposa assim que retornasse à
Galiléia; Herodíades prometeu-lhe abandonar o marido, Filipe, e acompanhá-lo
para a Galiléia. A legítima esposa de Antipas, sabendo dos projetos do marido,
preferiu não sofrer a humilhação do repúdio, retirando-se para a casa dos pais.
Os nabateus, vendo a filha do rei Aretas IV humilhada, invadiram as terras de
Antipas, fazendo com que este perdesse toda a estima do imperador.
A união ilegítima – Com o caminho livre, Herodíades viajou
para a Galiléia, levando a sua filha, a bela jovem Salomé, e passou a viver com
Herodes Antipas.
A denúncia de João Batista – Todo o povo
comentava o escândalo do tetrarca, que violara as leis nacionais e religiosas
ao contrair aquelas segundas núpcias, que a Lei de Moisés condenava severamente
(Lev 20,21). Todos falavam, indignados, dessa união, mas secretamente, temiam
represálias. Só o profeta do deserto, respeitado pelo povo e por Antipas (Mc
6,20), João Batista, ousou afrontar o tetrarca, denunciando a união ilegítima
com Herodíades (Mc 6,18). Temendo uma revolta popular, Antipas mandou prender
João Batista na solitária e majestosa fortaleza de Maqueronte. Herodíades
queria silenciar para sempre, com a morte, o austero denunciante.
O Martírio – No dia do aniversário de Herodes, foi
oferecido um banquete aos grandes da corte. Salomé (filha de Herodíades) dançou
e agradou a todos. O rei, encantado, disse à moça: "Pede o que quiseres e
eu te darei, ainda que seja a metade de meu reino". Em dúvida, a moça
perguntou a sua mãe: "O que hei de pedir?". Ela respondeu: "A
cabeça de João Batista". Salomé pediu ao rei: "Quero que me dês num
prato a cabeça de João Batista". Antipas, mesmo contrariado, mandou
degolar João no cárcere e entregou a sua cabeça num prato para Salomé (veja Mc
6,21-28).
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