Na leitura da Paixão de Cristo, todos os cristãos ficam
impressionados com o sofrimento de Jesus ao carregar a cruz. Vamos detalhar o
que aconteceu.
Condenação – Jesus foi condenado à
morte por crucificação pelo Tribunal Romano, na Fortaleza Antônia, próxima ao
Templo. Para iniciar a caminhada até o monte Gólgota (ou monte Calvário), a
chamada “Via Crucis”, os três
condenados (Jesus e os dois ladrões) foram preparados para carregar as cruzes.
A cruz – A Cruz é um antigo
instrumento bárbaro de suplício, usado por vários povos para executar os
condenados a morte. Era constituída de duas partes: uma haste vertical de
aproximadamente 3,5 metros de comprimento, denominada “estipe”, que era cravada
a um metro de profundidade no local da crucificação. A parte horizontal da cruz,
uma haste chamada “patíbulo”, tinha cerca de 2,20 metros de comprimento e
pesava aproximadamente 35 quilos. Os condenados transportavam somente o
patíbulo nas costas, o que causava graves ferimentos na nuca, e as estipes
ficavam fixadas no monte Calvário, aguardando a chegada dos condenados. Portanto,
não são reais as representações artísticas de Jesus carregando as duas partes
da cruz (estipe e patíbulo).
Crucificação
– Chegando
no monte Calvário, colocavam o "patíbulo" no chão e deitavam o réu
sobre ele, fixando os seus pulsos. A seguir, com forquilhas de madeira,
levantavam o patíbulo (com o crucificado), fixando-o no estipe. Cabe lembrar
que nenhum dos quatro Evangelhos menciona que Jesus tenha sido fixado na cruz
com pregos (ou cravos). O mais comum no Império Romano era amarrar os pés e as
mãos do crucificado com cordas. A indicação de que Jesus teria sido pregado na
cruz vem da descrição da aparição de Jesus aos apóstolos (Jo 20,25), quando se
fala em sinais deixados pelos pregos.
Tipos
de cruzes – Havia vários tipos de cruzes para a crucificação. A mais usada era a
“cruz comissa” (crux commissa), em que o patíbulo era
colocado sobre a estipe, formando um “T”. Na crucificação de Jesus foi usada a
cruz imissa (crux immissa), em que
uma parte da estipe fica acima do patíbulo, onde havia espaço para uma
inscrição (Mt 27.37).
Via crucis – A cidade de Jerusalém foi
destruída durante a Guerra Judaica (66 a 73 d.C.). Na atualidade, é muito
difícil estabelecer um trajeto preciso, por onde Jesus passou com a cruz, até o
monte Calvário. O traçado das ruas é bastante diferente da época da ocupação
Romana de Jerusalém. Se considerarmos que Jesus saiu da Fortaleza Antônia,
passou pelo portão de Damasco para chegar ao Calvário, hoje, a distância seria
de 595 metros. Alguns autores fixam esta distância, no tempo de Jesus, entre
500 e 600 metros.
Não é bem
assim –
Mas Jesus não carregou a cruz em todo o percurso. De acordo com os Evangelhos
Sinóticos, Simão de Cirene foi obrigado pelos soldados romanos a carregar a
cruz de Jesus Cristo até o Gólgota (Mt 27, 32; Mc 15, 22; Lc 23, 26). O
Evangelho de João nega o episódio, dando ênfase à ideia de que Jesus teria
carregado a cruz sozinho até o monte. De acordo com os evangelistas Marcos e
Lucas, Simão era oriundo de Cirene, cidade do Norte de África (atual Líbia),
distante 1.200 km de Jerusalém. Simão era pai de Alexandre e Rufo (Marcos 15, 21),
sendo representado como um negro ao ser identificado com o Simão de At 13,1.
Rufo teria seguido os apóstolos, sendo citado por Paulo em Rom 16,13. Alexandre
teria repudiado a pregação do Evangelho (1Tim 1,19-20; 2Tim 4,14).
Quantos
metros? –
Como não sabemos em que ponto do trajeto houve o encontro com Simão, vamos
supor que Jesus carregou a cruz até o portão de Damasco. Neste local, onde
havia uma maior concentração de pessoas, Jesus caiu pela segunda vez, fazendo
parar o cortejo. Neste ponto, os soldados convocaram a ajuda de Simão
(Cirineu). Com esta suposição, Jesus teria carregado a cruz entre 400 e 450
metros, deixando o restante do percurso até o Calvário (150 a 200 metros) para
Simão.
Quer saber
mais – Se
você gostou do assunto e quer saber mais, podemos lhe oferecer mapas da cidade
de Jerusalém no tempo de Jesus, com os possíveis trajetos da “Via Crucis”.
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