sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Maria é Mãe de Deus ?


Maria era realmente mãe de Deus? Deus tem mãe? Ou Maria era apenas mãe de Jesus? Mas, Jesus não era Deus? Ou Jesus era metade Deus e metade homem? Então Maria era mãe apenas da metade homem de Jesus?

Nestório – Estas perguntas foram formuladas no século V pelo monge Nestório, bispo de Constantinopla. “Então Deus tem uma mãe?” perguntava o bispo. Ele rejeitava a utilização do termo Theotokos, uma palavra muito usada para referir-se a Maria e que significa literalmente Mãe de Deus. Nestório destacava que se tratava de uma discussão sobre a natureza de Cristo (e não de Maria). Para solucionar o problema sugeriu um novo termo – Maria era Cristotokos (Mãe de Cristo) afirmando com isso que Maria não foi progenitora da divindade mas apenas da humanidade de Cristo.

Éfeso – A discussão promoveu intrigas e manobras políticas que terminaram na convocação do terceiro concílio ecumênico, que ocorreu em Éfeso (a cidade onde a Santíssima Virgem passou seus últimos anos) no dia 7 de junho de 431 e durou 2 anos. Reuniram-se os 200 bispos do mundo para decidir a natureza de Cristo e a posição de Maria na Igreja.

Theotokos – O Concílio de Éfeso terminou em 433 e a proposta de Nestório foi rejeitada. Os bispos declararam: “A Virgem Maria sim é Mãe de Deus porque seu Filho, Cristo, é Deus”. E acompanhados por toda a multidão da cidade que os rodeava levando tochas acesas, fizeram uma grande procissão cantando: "Santa Maria, Mãe de Deus, roga por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. Amém".

Ave Maria – Este cântico dos bispos em Éfeso passou a ser recitado pelos cristãos, se transformando na segunda parte da Oração da Ave Maria.  Esta segunda parte só foi oficializada pela Igreja em 1508. A primeira parte da Ave Maria é tirada do Evangelho de Lucas, com os dizeres do Anjo Gabriel e da saudação de Elizabete.

Declaração Oficial – O Concílio de Éfeso (431), sob o Papa São Clementino I (422-432), definiu solenemente que: "Se alguém afirmar que o Emanuel (Cristo) não é verdadeiramente Deus, e que, portanto, a Santíssima Virgem não é Mãe de Deus, porque deu à luz segundo a carne ao Verbo de Deus feito carne, seja excomungado." Os Concílios de Calcedônia, Constantinopla I e Constantinopla II repetiram e confirmaram esta doutrina.

E o bispo Nestório? – Nestório foi considerado herege pela Igreja, sendo exilado e posteriormente transferido para um oásis, no deserto do Líbano, onde ficou até o fim de sua vida.

Dogma – O Theotokos foi proclamado como dogma pela Igreja com base nos seguintes textos bíblicos: "Eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel." (Is 7,14); "Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus." (Lc 1,31); "O que nascerá de Ti será chamado santo, Filho de Deus.” (Lc 1,35); "Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo de lei” (Gl 4,4); "e de quem descende o Cristo segundo a carne, o qual é sobre todas as coisas, Deus bendito eternamente.” (Rm 9, 5).

1º de Janeiro – Neste primeiro dia do ano, a Igreja Católica comemora a Solenidade da Santa Maria Mãe de Deus; é a primeira Festa Mariana.  Em 1931, o Papa Pio XI, por ocasião do XV centenário do Concílio de Éfeso (431), instituiu esta Festa Mariana em 11 de outubro, em lembrança deste Concílio, no qual se proclamou solenemente Santa Maria como verdadeira Mãe de Cristo, que é verdadeiro Filho de Deus. Mas, na última reforma do calendário (após o Concílio Vaticano II), a festa foi transferida para primeiro de janeiro, com a máxima categoria litúrgica de solenidade, e com título de Santa Maria, Mãe de Deus. Desta maneira, esta festa mariana encontra um marco litúrgico mais adequado no tempo do Natal do Senhor; e, ao mesmo tempo, todos os católicos começam o ano pedindo o amparo da Santíssima Virgem Maria.


QUER SABER MAIS – Se você quer saber mais sobre a festa de Santa Maria Mãe de Deus acesse o site http://www.acidigital.com/Maria/santamaria/

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Jesus faz hoje 2023 anos


Você sabe dizer em que ano nasceu Jesus? Quantos anos Ele teria hoje? Se o nosso calendário cristão estivesse certo, em que ano estaríamos? Vamos apresentar mais detalhes sobre a cronologia do nascimento de Jesus a partir de alguns dados evangélicos, históricos e astronômicos.
         
O que dizem os Evangelhos – Os Evangelhos fornecem duas informações sobre o  ano em que Jesus nasceu: alguns anos antes da morte de Herodes (Mt 2,1-19) e por ocasião de um recenseamento, quando Públio Sulpício Quirino era governador da província romana da Síria (Lc 2,2).

Um pouco de História – De acordo com o historiador judeu Flávio Josefo, Herodes governou 37 anos (desde 40 a.C. até a sua morte no ano 4 a.C.). Herodes morreu alguns dias após um eclipse lunar e cerca de 10 dias antes da Páscoa.  A astronomia confirma um eclipse lunar visível em Jerusalém na noite de 12 de março de 4 a.C. e a Páscoa daquele ano ocorreu em 11 de abril.  Portanto, Herodes morreu no final de março do ano 4 a.C.

Herodes – Sabe-se também, que no princípio do inverno do ano de 5 a.C. Herodes, já doente (problemas pulmonares), se transferiu para Jericó e, depois, para as termas de Calliroe, no Mar Morto. Portanto, a visita dos magos a Jesus e a Herodes em Jerusalém se deu antes dessa data (Mt 2).  Por outro lado, Herodes, calculando a época desde o nascimento de Jesus, fez matar todos os meninos com menos de dois anos.  Isso nos leva a concluir que Jesus deveria ter nascido, pelo menos, dois anos antes da morte de Herodes.

Recenseamento – Quanto ao recenseamento citado em Lc 2,2, as informações são desencontradas e não conferem com os dados históricos.

O ano do nascimento de Jesus – Essas considerações nos levam a situar o nascimento de Jesus no ano 7 (mais provável) ou 6 antes de nossa era e, portanto, se não fosse um paradoxo, poderíamos dizer em 7 ou 6 "antes de Cristo".

Jesus não nasceu em dezembro – Quanto ao mês do nascimento de Jesus, existem duas informações importantes: a existência de pastores nos campos (Lc 2,8) e a informação de que João Batista fora concebido quando Zacarias (seu pai) estava a serviço no Templo (Lc 1,5).

Pastores – Lc 2,8 nos informa que, quando Jesus nasceu, "na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias montavam guarda a seu rebanho". Sabe-se que, em dezembro, quando comemoramos o Natal, a temperatura na região de Belém é abaixo de zero e, normalmente, há geadas.   Portanto, certamente não haveria gado, no mês de dezembro, nos pastos próximos a Belém.   Atualmente, naquela região, os rebanhos são levados para o campo em março e recolhidos no fim de outubro. Portanto, o nascimento de Jesus se deu antes do inverno (do hemisfério norte), talvez no mês de setembro ou outubro do ano 7 (talvez 6) antes de nossa era.

Zacarias – Lc 1,5;8;23;24 nos informa que o sacerdote Zacarias (pai de João Batista), da ordem de Abias, estava a serviço no Templo quando João Batista foi concebido. A tradição judaica indica a semana e o mês (do calendário judaico) que cada ordem realiza os trabalhos no Templo (1Cr 24). Neste ano, o período de trabalho de Zacarias no templo (ordem de Abias) começaria no décimo sábado do ano judaico ou seja o primeiro sábado do terceiro mês (Sivan, que corresponde a maio-junho). Concluímos que João deve ter sido concebido logo após o segundo sábado do mês de Sivan.

E Jesus? – O Texto de Lucas (Lc 1, 26-27) nos informa que Maria concebeu no sexto mês da gravidez de Isabel, ou seja, e Jesus foi concebido seis meses depois de João Batista. A data do nascimento de João Batista pode ser bem estabelecida em torno de 15 de Nissan; acrescentando-se seis meses ao nascimento de João chegamos ao Nascimento de Jesus no início do mês de Tishri (setembro).

25 de dezembro? – Interessante concluir que as duas análises indicam para o nascimento nos meses de setembro ou outubro. O ano mais provável é 7 a.C. Assim, hoje à noite estaremos comemorando o 2023º aniversário de Jesus.


QUER SABER MAIS? – Se você gostou do assunto e quer mais informações, podemos lhe oferecer a obra “A História dos Hebreus” do historiador Flávio Josefo (1.627 páginas), o texto do Vaticano sobre “A Cronologia da Vida de Jesus” e o texto “A data do nascimento de Jesus” com base na tradição judaica. Solicite por E-mail que lhe enviaremos os arquivos gratuitamente.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Jesus nasceu em 25 de dezembro?


Na noite de 24 de dezembro milhões de pessoas em todo o mundo comemoram, com profunda emoção, o que aconteceu em outra noite, há mais de dois mil anos: o nascimento de Jesus Cristo. O dia 25 de dezembro parece ter um toque mágico.  Mas, Jesus nasceu realmente neste dia? Certamente que não. Então, qual seria a data exata?

O Ano – Segundo relatos históricos, o rei Herodes (que perseguiu Jesus, recebeu os magos, mandou matar as crianças de Belém etc.) morreu no final de março do ano 4 a.C. Como Jesus nasceu antes da morte de Herodes, a data mais aceita é o ano 7 a.C.

O mês – Quanto ao mês do nascimento de Jesus, a única informação está em Lc 2,8: "na mesma região havia uns pastores que estavam nos campos e que durante as vigílias montavam guarda a seu rebanho". Sabe-se que, em dezembro, quando comemoramos o Natal, a temperatura na região de Belém é abaixo de zero e normalmente há geadas. Portanto, certamente não haveria gado, no mês de dezembro, nos pastos próximos a Belém. Atualmente, naquela região, os rebanhos são levados para o campo em março e recolhidos no fim de outubro.

O dia – Desde os primeiros séculos, os cristãos sempre quiseram ter um dia para comemorar o nascimento de Jesus. Mas, não havia informações suficientes para fixar esse dia. O bispo Clemente de Alexandria (séc. III) dizia ser no dia 20 de abril; São Epifânio sugeria o dia 6 de janeiro, enquanto outros falavam em 25 de março ou 17 de novembro. Porém, não havia acordo. Assim, durante os três primeiros séculos, a festa do nascimento de Jesus não teve data certa.

Igreja sacudida – No século IV aconteceria algo que abalaria a Igreja: um presbítero de Alexandria chamado Ário passou a discordar da Igreja quanto à natureza de Cristo. Ário dizia que existia um Deus eterno e não gerado e que Jesus foi criado por esse Deus; portanto, Cristo era criado e não eterno. As idéias de Ário se propagaram e ganharam boa parcela da Igreja. No ano de 325 foi convocado um Concílio Universal da Igreja para resolver a questão ariana. Este concílio aconteceu na cidade de Nicéia, vizinha de Constantinopla. Por grande maioria, as idéias de Ário foram rejeitadas. Para reforçar a idéia, foi criado o credo Niceno-constantinopolitano que rezamos até hoje: “creio em Jesus Cristo nascido do Pai antes de todos os séculos; (Jesus é) Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, da mesma substância do Pai ...”.

Pós-Ário – Apesar da derrota, os partidários de Ário não se deram por vencidos. Muitos bispos continuaram aceitando a doutrina ariana e se recusando a utilizar o credo proposto em Nicéia. Frente a essa situação, o Papa Julio I percebeu que era importante propagar a idéia da divindade de Cristo, combatendo as idéias de Ário. Propôs que fosse comemorada a festa do nascimento de Jesus como a celebração do nascimento do Filho de Deus.

Qual dia? – Foi proposto usar o dia de uma festa bastante popular do Império Romano: “o dia do Sol Invencível”. Era uma celebração pagã muito antiga, desde o tempo do Imperador Aureliano, no século III, em que se adorava o sol como um deus invencível. Como se sabe, no hemisfério norte, à medida que vai chegando dezembro (inverno), os dias vão diminuindo e as noites se prolongando. A escuridão aumenta e o sol fica cada vez mais fraco. No dia 21 de dezembro (dia mais curto do ano) as pessoas se perguntavam: o sol desaparecerá?  Mas, a partir de 22 de dezembro a luz do sol começa a ganhar da escuridão, aparecendo a primavera.  No dia 25 de dezembro era comemorado o sol que não morre, o Sol Invencível.

Luz de Natal – Desta forma, a Igreja do século IV batizou e “cristianizou” uma festa pagã, transformando o “dia de natal do Sol Invencível” para “Dia de Natal de Jesus”, o Sol de Justiça, muito mais brilhante que o astro rei.  Assim, o dia 25 de dezembro se converteu no dia de Natal cristão.

Natal – Jesus não nasceu em 25 de dezembro. É uma festa simbólica. Mas, quando vemos ao nosso redor os problemas, preocupações, dores, fracassos, enfermidades, injustiças, misérias, corrupção, mentiras, devemos lembrar e nos perguntar: o mal vencerá o bem? A escuridão ganhará da luz? Cristo desaparecerá? Será vencido pelo mal?  O dia 25 de dezembro é o anúncio que Jesus é o Sol Invencível; jamais será derrotado. O 25 de dezembro é o maior grito de esperança dos homens; todos os que se opuserem a Jesus desaparecerão, porque ele é o verdadeiro Sol Invencível.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Tu és mesmo o Messias?


No Evangelho das missas deste domingo, João Batista manda os seus discípulos irem até Jesus e perguntar-lhe: “És Tu Aquele que há de vir ou devemos esperar outro?”. João Batista, como todo o povo judeu, aguardava a chegada de um Messias (o Cristo, o Ungido de Deus), como estava prometido no Antigo Testamento. Por essa razão, ele manda seus discípulos perguntarem a Jesus se Ele realmente o Messias esperado, ou devemos esperar por outro.

Messias – Nos primeiros séculos, uma das dificuldades do cristianismo era provar aos judeus que Jesus era o Messias, o Cristo esperado pelos judeus. Conforme o Antigo Testamento, este personagem deveria ter três características prometidas por Deus para o final dos tempos: um profeta, um rei e um sacerdote. Para Jesus ser o Messias, ele deveria ter as três qualidades.
 
Profeta, rei, sacerdote – A vinda de um profeta no final dos tempos foi comunicada por Deus a Moisés no livro do Deuteronômio (18,18): “Suscitarei um profeta como tu entre teus irmãos”. A promessa de um rei está no 2º Livro de Samuel (7,12), onde Deus diz a Davi: “Quando tu morreres eu mandarei um descendente teu e manterei o seu trono para sempre”. Finalmente, a promessa de um futuro sacerdote santo foi para Eli: “Mandarei um sacerdote fiel, que atue segundo a minha vontade” (1Sam 2, 35).

Jesus: Profeta e Rei – Cristo foi reconhecido como “profeta” (Mc 9,8), como “grande profeta” (Lc 7,16) e como “o profeta” (Jo 6,14). Também foi reconhecido como “rei” (Mt 21,9), como “o rei que vem em nome do Senhor” (Lc 19,38), como “o rei de Israel” (Jo 12,13).  O próprio Pedro reconhece Jesus como o profeta prometido (Hb 3,22) e como rei esperado (Hb 2,36).

Por que a pergunta de João? – João Batista e os judeus esperavam um Messias que viesse lançar fogo à terra, castigar os maus e os pecadores, dar início ao “juízo de Deus” (Mt 3,11-12). Ao contrário, Jesus aproximou-Se dos pecadores, dos marginais, dos impuros, estendeu-lhes a mão, mostrou-lhes o amor de Deus, ofereceu-lhes a salvação (Mt 8-9). João e os seus discípulos ficaram desconcertados: Jesus será o Messias esperado, ou é preciso esperar um outro que venha atuar de uma forma mais decidida, mais lógica e mais justiceira?

Jesus Sacerdote – Porém jamais, em nenhuma ocasião, Jesus foi reconhecido como sacerdote. Isto por uma clara razão: para ser sacerdote ele deveria pertencer a tribo de Levi, e Jesus pertencia à tribo de Judá. Portanto, para os judeus, Jesus era um leigo. Explicando melhor: Quando os Hebreus chegaram à Terra Prometida, se dividiram em 12 tribos. Só poderiam ser sacerdotes os descendentes da tribo de Levi (chamados levitas). Jesus pertencia à tribo de Judá, portanto nunca poderia ser aceito como sacerdote.

Solução – Por volta do ano 80 d.C. apareceu na cidade de Roma um personagem de grande cultura e grande conhecimento da língua grega. Este autor, que para nós permanece anônimo, escreveu a Carta aos Hebreus, esclarecendo que Jesus poderia ser sacerdote. Nos capítulos 7 a 10 da Carta, ele desenvolve o seguinte raciocínio: interpretando o Salmo 110 (vers. 4), em que Deus diz “tu és sacerdote para sempre, segundo a Ordem de Melquisedec”, ele afirma que Deus criou uma nova ordem de sacerdotes, distinta da ordem dos levitas. Jesus Cristo desceu dos céus para ser o sumo sacerdote desta nova ordem.
 
Quem era? – Melquisedec é proclamado como “rei de Salém” e “sacerdote do Deus Altíssimo” (Gn 14). Foi ao encontro de Abrão, abençoou-o, entregando-lhe pão e vinho. Trata-se de um personagem estranho, pois o texto não indica as suas origens nem a sua ordem sacerdotal.

Nova ordem – Portanto Cristo é o primeiro sacerdote, protagonista e iniciador de uma nova ordem de sacerdotes. Pela interpretação do Salmo (110, 4) e da Carta aos Hebreus (cap.7 a 10) a Igreja Católica proclama Jesus como “sacerdote para sempre, segundo a Ordem de Melquisedec”.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

A voz que grita no deserto


O Evangelho lido nas missas deste domingo nos apresenta João Batista pregando no deserto. Vamos conhecer um pouco mais sobre João Batista.

Filiação e nascimento – João Batista era filho de Zacarias, sacerdote do Templo de Jerusalém, e de Isabel (Elizabete), parente de Maria Santíssima. O casal não tinha filhos, pois Isabel era estéril, e eram de idade bastante avançada. Durante seu trabalho no Templo, apareceu para Zacarias o anjo Gabriel, comunicando que sua mulher daria à luz um filho. Zacarias ficou mudo até o dia da circuncisão do filho. Depois que Maria recebeu a notícia (do anjo) que ficaria grávida, foi visitar Isabel. Esta, ao ver Maria, pronuncia um dos mais belos salmos da Bíblia: o Magnificat (veja em Lc 1,39-56).

Geografia – João Batista nasceu na cidade de Ain-Karin, distante poucos quilômetros a sudoeste de Jerusalém (na Judéia). Viveu como ermitão no deserto da Judéia até os 27 anos. João chamava os homens para a penitência e batismo, anunciando que o Reino de Deus estava próximo. Ele atraía multidões. Quando Cristo veio até ele, foi reconhecido como o Messias. Recusou batizar Jesus, dizendo que ele que deveria ser batizado pelo Cristo, mas por indicação de Jesus, acabou por fazê-lo.

Confronto – Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia é o confronto entre João Batista e Herodes Antipas, o filho de Herodes Magno (aquele que aparece no nascimento, recebe os magos, assassina as crianças de Belém). Vamos detalhar os fatos, usando os textos do Evangelho de Marcos (Mc 6, 17s) e as citações do historiador Flávio Josefo, no livro Antiguidades Judaicas (XVIII,5,2).

Herodes Antipas – Foi o filho caçula de Herodes, o Grande, e da Samaritana Maltace, uma das dez esposas de seu pai; nasceu por volta do ano 20 a.C. Com a morte de seu pai (4 a.C.) se tornou tetrarca (rei de uma das quatro partes do reino) da Galiléia e Peréia (veja Lc 3,1). Freqüentou as melhores escolas de seu tempo, alternando o estudo com os divertimentos e a ociosidade de Roma. Casou-se com a filha de Aretas IV, o rei do perigoso povo Nabateus (da vizinha Arábia). Tinha total confiança e simpatia do Imperador Tibério, a ponto de ser transformado em um espião junto aos magistrados romanos no Oriente.

O escândalo – Por volta do ano 27 d.C., em uma de suas viagens a Roma como informante do imperador, Herodes Antipas hospedou-se na casa de seu irmão por parte de pai, Herodes Filipe (veja Mc 6,17). Este levava uma vida discreta em Roma e havia se casado com sua sobrinha Herodíades. A ocasião foi favorável tanto para a ambiciosa Herodíades (que não se conformava com aquela vida obscura), como para o leviano Antipas, que se apaixonou por ela.

A infidelidade – Os dois juraram-se fidelidade. A pedido de Herodíades o tetrarca prometeu repudiar a esposa assim que retornasse à Galiléia; Herodíades prometeu-lhe abandonar o marido, Filipe, e acompanhá-lo para a Galiléia. A legítima esposa de Antipas, sabendo dos projetos do marido, preferiu não sofrer a humilhação do repúdio, retirando-se para a casa dos pais. Os nabateus, vendo a filha do rei Aretas IV humilhada, invadiram as terras de Antipas, fazendo com que este perdesse toda a estima do imperador.

A união ilegítima – Com o caminho livre, Herodíades viajou para a Galiléia, levando a sua filha, a bela jovem Salomé, e passou a viver com Herodes Antipas.

A denúncia de João Batista – Todo o povo comentava o escândalo do tetrarca, que violara as leis nacionais e religiosas ao contrair aquelas segundas núpcias, que a Lei de Moisés condenava severamente (Lev 20,21). Todos falavam, indignados, dessa união, mas secretamente, temiam represálias. Só o profeta do deserto, respeitado pelo povo e por Antipas (Mc 6,20), João Batista, ousou afrontar o tetrarca, denunciando a união ilegítima com Herodíades (Mc 6,18). Temendo uma revolta popular, Antipas mandou prender João Batista na solitária e majestosa fortaleza de Maqueronte. Herodíades queria silenciar para sempre, com a morte, o austero denunciante.

O Martírio – No dia do aniversário de Herodes, foi oferecido um banquete aos grandes da corte. Salomé (filha de Herodíades) dançou e agradou a todos. O rei, encantado, disse à moça: "Pede o que quiseres e eu te darei, ainda que seja a metade de meu reino". Em dúvida, a moça perguntou a sua mãe: "O que hei de pedir?". Ela respondeu: "A cabeça de João Batista". Salomé pediu ao rei: "Quero que me dês num prato a cabeça de João Batista". Antipas, mesmo contrariado, mandou degolar João no cárcere e entregou a sua cabeça num prato para Salomé (veja Mc 6,21-28).


 Festas Juninas – São João Batista sempre foi o santo mais festejado nas festas juninas (24 de junho).