No Evangelho das missas
deste domingo, Mateus (22,34-40)
descreve mais uma discussão entre Jesus e os fariseus.
Armadilhas – Essas
controvérsias apresentam-se como armadilhas bem organizadas e montadas,
destinadas a surpreender afirmações polêmicas de Jesus, capazes de ser usadas
em tribunal para conseguir a sua condenação. Depois da controvérsia sobre o
tributo a César (Mt 22,15-22) e da controvérsia sobre a ressurreição dos mortos
(Mt 22,23-33), chega agora a controvérsia sobre o maior mandamento da Lei (Mt
22,34-40). É esta última que o Evangelho de hoje nos apresenta…
Maior mandamento – Ao perguntar a Jesus qual é o maior mandamento da Lei, os
fariseus procuram demonstrar que Jesus não sabe interpretar a Lei e que,
portanto, não é digno de crédito. Para testá-lo perguntam: "Mestre, qual é
o maior mandamento da Lei?". Jesus responde: “Amarás o Senhor, teu Deus,
com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento e amarás
teu próximo como a ti mesmo”. Vamos refletir sobre este texto.
Argumentos – O
Evangelho deste domingo leva-nos, outra vez, a Jerusalém, ao encontro dos
últimos dias de Jesus. Os líderes judaicos já fizeram a sua escolha e têm
ideias definidas acerca da proposta de Jesus: é uma proposta que não vem de
Deus e que deve ser rejeitada… Jesus, por sua vez, deve ser denunciado, julgado
e condenado de forma exemplar. Para conseguir concretizar esse objetivo, os
responsáveis judaicos procuram argumentos de acusação contra Jesus.
Ambiente – É
neste ambiente que Mateus situa três controvérsias entre Jesus e os fariseus: o
tributo a César (Mt 22,15-22) a ressurreição dos mortos (Mt 22,23-33) e o maior
mandamento da Lei (Mt 22,34-40), Evangelho deste domingo.
613 preceitos – A questão do maior mandamento da Lei não era uma questão pacífica
e era, no tempo de Jesus, objeto de debates intermináveis entre os fariseus e
os doutores da Lei. A preocupação em atualizar a Lei, de forma a que ela
respondesse a todas as questões que a vida do dia a dia punha, tinha levado os
doutores da Lei a deduzir um conjunto de 613 preceitos, dos quais 365 eram proibições
e 248 ações a pôr em prática. Esta “multiplicação” dos preceitos legais
lançava, evidentemente, a questão das prioridades: todos os preceitos têm a
mesma importância, ou há algum que é mais importante do que os outros? É esta a
questão que é posta a Jesus.
Além dos mandamentos – A resposta de Jesus, no entanto, supera o horizonte estreito da
pergunta e vai muito mais além, situando-se ao nível das opções profundas que o
homem deve fazer… O importante, na perspectiva de Jesus, não é definir qual o
mandamento mais importante, mas encontrar a raiz de todos os mandamentos. E, na
perspectiva de Jesus, essa raiz gira à volta de duas coordenadas: o amor a Deus
e o amor ao próximo. A Lei e os Profetas são apenas comentários a estes dois
mandamentos.
A Lei e os Profetas – Os cristãos de Mateus usavam a expressão “a Lei e os Profetas”
para se referirem aos livros inspirados do Antigo Testamento, que apresentavam
a revelação de Deus (Mt 5,17; 7,12). Dizer, portanto, que “nestes dois
mandamentos se resumem a Lei e os Profetas” (vers. 40), significa que eles
encerram toda a revelação de Deus, que eles contêm a totalidade da proposta de
Deus para os homens.
Deuteronômio + Levítico – Jesus une os textos de Dt 6,5 (amor a Deus) e Lv 19,18 (amor ao
próximo)… Aproxima os ensinamentos pondo-os em perfeito paralelo e, ao mesmo
tempo, simplifica e concentra toda a revelação de Deus nestes dois mandamentos.
Mesma moeda – Assim,
na perspectiva de Jesus, “amor a Deus” e “amor aos irmãos” estão intimamente
associados. Não são dois mandamentos diversos, mas duas faces da mesma moeda.
“Amar a Deus” é cumprir o seu projeto de amor, que se concretiza na
solidariedade, na partilha, no serviço, no dom da vida aos irmãos.
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