quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Um ensinamento novo


No evangelho deste domingo, Marcos (1,21-28) descreve a entrada de Jesus em uma sinagoga, em Cafarnaum, pondo-se a ensinar. Em sua narrativa, o evangelista descreve o conflito de Jesus com o rígido sistema religioso judaico e sua severa repreensão ao espírito impuro com o qual se defronta. Na conclusão, fica em destaque o ensinamento novo de Jesus, que vem subjugar os espíritos impuros.

Descoberta – A primeira parte do Evangelho escrito por Marcos tem como objetivo fundamental levar o leitor a descobrir Jesus como o Messias que proclama o Reino de Deus. Ao longo de um percurso, os leitores são convidados a acompanhar a revelação de Jesus, a escutar suas palavras e a aderir à sua proposta de salvação/libertação. Este percurso de descoberta do Messias termina em Mc 8,29-30, com a confissão messiânica de Pedro: “Tu és o Messias”.

Encontro libertador – O texto que nos é proposto neste final de semana aparece, exatamente, no princípio dessa caminhada de encontro com o Messias e com o seu anúncio de salvação. Já rodeado pelos primeiros discípulos, Jesus começa a revelar-Se como o Messias-libertador, que está no meio dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação.

Local – O Evangelho situa-nos em Cafarnaum (em hebraico Kfar Nahum, a “aldeia de Naum”), a cidade situada na costa noroeste do Lago Kineret (o Mar da Galileia). De acordo com os Evangelhos Sinópticos, é aí que Jesus se vai instalar durante o tempo do seu ministério na Galileia. Vários dos discípulos – Simão e seu irmão André, Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João – viviam em Cafarnaum.

A cena – É um sábado. A comunidade está reunida na sinagoga de Cafarnaum para a liturgia do dia. Jesus, recém-chegado à cidade, entra na sinagoga – como qualquer bom judeu – para participar na liturgia sabática. A celebração comunitária começava, normalmente, com a “profissão de fé” (Dt 6,4-9), a que se seguiam orações, cânticos e duas leituras: a primeira, escolhida da Torah (os cinco primeiros livros do Antigo Testamento) e a segunda, de um dos livros dos Profetas; depois, vinha o comentário às Leituras e as bênçãos.

Comentarista – É provável que Jesus tivesse sido convidado, nesse dia, para comentar as leituras feitas. Fez as reflexões sobre o texto de uma forma original, diferente dos comentários que as pessoas estavam habituadas a ouvir dos “escribas” (os estudiosos das Escrituras). As pessoas ficaram maravilhadas com as palavras de Jesus, “porque ensinava com autoridade e não como os escribas”. A referência à autoridade das palavras de Jesus pretende sugerir que Ele vem de Deus e traz uma proposta que tem a marca de Deus.

Autoridade – A “autoridade”, que se revela nas palavras de Jesus manifesta-se também, em ações. Na sequência das palavras ditas por Jesus e que transmitem aos ouvintes um sinal inegável da presença de Deus, aparece em cena “um homem com um espírito impuro”.

Impuros – Os judeus estavam convencidos que todas as doenças eram provocadas por “espíritos maus” que se apropriavam dos homens. As pessoas afetadas por esses males deixavam de cumprir a Lei e ficavam numa situação de “impureza” (afastadas de Deus). Acreditava-se que esses “espíritos maus” tinham um poder absoluto, que os homens não podiam derrotar; somente Deus, com o seu poder e autoridade absolutos, era capaz de vencer os “espíritos maus” e devolver a vida aos homens.

Libertação – Numa encenação com um singular poder evocador, Marcos põe o “espírito mau” que domina “um homem” presente na sinagoga, a interpelar violentamente Jesus. A ação da cura do homem “com um espírito impuro” constitui “a prova” de que Jesus traz uma proposta de libertação que vem de Deus; pela ação de Jesus, Deus vem ao encontro do homem para salvá-lo de tudo aquilo que o impede de ter vida em plenitude.


Ensinamento novo – É um ensinamento novo, que liberta e gera esperança e alegria entre todos. É a novidade do anúncio, com a proposta de conversão de vida, abandonando uma religião estéril para aderir a uma prática do amor transformante das relações humanas, no desapego, na fraternidade, na justiça e na paz. 

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