quinta-feira, 26 de abril de 2018

O ENCONTRO DE PAULO COM OS APÓSTOLOS



A primeira leitura das missas deste domingo (At 9, 26-31) apresenta a chegada de Paulo em Jerusalém, depois da conversão em Damasco: Saulo procurava juntar-se aos discípulos, mas todos temiam, por não acreditarem que fosse discípulo. Barnabé tomou Saulo consigo, levou-o aos Apóstolos e contou-lhes como Saulo tinha visto o Senhor, que lhe tinha falado, e como em Damasco tinha pregado com firmeza em nome de Jesus. A partir desse dia, Saulo ficou com eles em Jerusalém e falava com firmeza no nome do Senhor.

Acontecimento importante – O capítulo nono do livro Atos dos Apóstolos é dedicado a um acontecimento muito importante na história do cristianismo: a vocação/conversão de Paulo. Tal fato é o ponto de partida para o caminho que o cristianismo vai percorrer, desde os limites geográficos do mundo judaico, até ao coração do mundo greco-romano.

Partes – A primeira parte do capítulo (At 9,1-9) apresenta os acontecimentos do “caminho de Damasco” e o decisivo encontro de Paulo com Jesus ressuscitado; a segunda (At 9,10-19a) descreve o encontro de Paulo com a comunidade cristã de Damasco; a terceira (At 9,19b-25) fala da atividade apostólica de Paulo em Damasco; e, finalmente, a quarta (At 9,26-30) mostra a forma como Paulo, depois de deixar Damasco, foi recebido pelos cristãos de Jerusalém.

Época – A maior parte dos autores pensa que a conversão de Paulo aconteceu por volta do ano 36. Depois da sua conversão, Paulo ficou três anos em Damasco, colaborando com a comunidade cristã dessa cidade. Após esse tempo, a oposição dos judeus forçou Paulo a abandonar a cidade. Assim, Paulo dirigiu-se para Jerusalém. A chegada de Paulo a Jerusalém deve ter acontecido por volta do ano 39 (Gal 1,18). O texto que nos é proposto (quarta parte) refere-se à estadia de Paulo em Jerusalém, depois de ter abandonado Damasco.

Pontos importantes – A narração de Lucas mistura elementos de carácter histórico com outros elementos de carácter teológico. Eis alguns pontos desta catequese apresentada por Lucas:

A desconfiança – da comunidade cristã de Jerusalém em relação a Paulo é um dado verosímil (histórico). Mostra-nos o quadro de uma comunidade cristã que tem alguma dificuldade em lidar com o risco, que prefere esconder-se atrás de procedimentos prudentes do que aceitar os desafios de Deus. No entanto, como o exemplo de Paulo comprova, a capacidade para correr riscos e para acolher a novidade de Deus é, muitas vezes, uma fonte de enriquecimento para a comunidade.

O esforço de Paulo – em integrar-se mostra a importância que ele dava ao viver em comunidade, à partilha da fé com os irmãos. O cristianismo não é apenas um encontro pessoal com Jesus Cristo; mas é também uma experiência de partilha da fé e do amor com os irmãos que aderiram ao mesmo projeto e que são membros da grande família de Jesus. É só no diálogo e na partilha comunitária que a experiência da fé faz sentido.

O papel de Barnabé – na integração de Paulo é muito significativo: ele não só acredita em Paulo, como consegue que o resto da comunidade cristã o aceite. Mostra-nos o papel que cada cristão pode ter na integração comunitária dos irmãos; e mostra, sobretudo, que é tarefa de cada crente questionar a sua comunidade e ajudá-la a descobrir os desafios de Deus.

O entusiasmo – com que Paulo dá testemunho de Jesus e a coragem com que ele enfrenta as dificuldades e oposições. Trata-se, aliás, de uma atitude que vai caracterizar toda a vida apostólica de Paulo. O apóstolo está consciente de que foi chamado por Jesus, que recebeu de Jesus a missão de anunciar a salvação a todos os homens; por isso, nada nem ninguém será capaz de arrefecer o seu zelo no anúncio do Evangelho.

A pregação cristã – promove o conflito com os poderes de morte e de opressão, interessados em perpetuar os mecanismos de escravidão. A fidelidade ao Evangelho e a Jesus provoca sempre a oposição do mundo. O caminho do discípulo de Jesus é sempre um caminho marcado pela cruz (não é um caminho de morte, mas de vida).

Resumindo – Um elemento que está sempre presente no horizonte da catequese de Lucas: é o Espírito Santo que conduz a Igreja na sua marcha pela história. É o Espírito que lhe dá estabilidade (“como um edifício”), que lhe alimenta o dinamismo (“caminhava no temor do Senhor”) e que a faz crescer (“ia aumentando”). A certeza da presença e da assistência do Espírito Santo deve fundamentar a nossa esperança.

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