No Evangelho das missas deste domingo (Jo 6, 41-51), Jesus
continua a sua missão na Galiléia. Estamos no mês de abril do ano 29,
exatamente um ano antes da crucificação, morte e ressurreição de Jesus.
Nos domingos
anteriores – Vimos que Jesus
multiplicou os pães para mais de cinco mil homens nas proximidades da cidade de
Betsaida; em seguida, entrou na barca com os apóstolos em direção à cidade de
Cafarnaum (durante a viagem no Lago de Genesaré ou Mar da Galiléia, aconteceu
uma tempestade e Jesus andou sobre as águas); ao chegarem à Cafarnaum foram seguidos
por uma multidão; ao falar para a multidão se declarou como “o pão da vida”.
Judeus – No texto deste domingo, Jesus continua na cidade de
Cafarnaum, provavelmente em uma sinagoga, no sábado, discutindo com os judeus.
Estes contestavam as palavras de Jesus ("Eu sou o pão que desceu do
céu") e comentavam: "Não é este Jesus, o filho de José? Não
conhecemos seu pai e sua mãe? Como então pode dizer que desceu do céu?"
Resposta – E Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. Ninguém
pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no
último dia. Eu sou o pão da vida. Os vossos pais comeram o maná no deserto e,
no entanto, morreram. Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer nunca
morrerá. Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá
eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do
mundo".
Discurso – Este trecho é conhecido como o discurso de Jesus sobre o "Pão da Vida". O gancho que o evangelista João usa para “pendurar” o discurso, é o pedido dos judeus (no versículo 35), "Senhor, dá-nos sempre desse pão". Em resposta, Jesus começa o seu grande discurso, que divide-se em duas partes. Na primeira parte (41-51), João apresenta o ensinamento de Jesus sobre o pão celestial que nos nutre. A segunda parte está nos versículos 52 a 58, que não serão lidos neste domingo.
Paralelo – Jesus faz uma comparação entre o povo de Israel no
deserto e os judeus de seu tempo: como os seus antepassados se queixavam, no
deserto, contra o pão que Deus mandava (o maná), agora eles queixavam-se do Novo
Maná. Os judeus (aqui se entende as autoridades judaicas e não o povo judeu)
diziam conhecer a origem de Jesus, porque só pensavam na sua família, e Jesus
mostra que, na verdade, não a conheciam, pois eles não conheciam o Pai, a sua
verdadeira origem.
Julgamento final
– No versículo 47 (“em
verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna”), o
evangelista João revela uma característica de seus textos: a escatologia
realizada. Enquanto, para os Sinóticos, o juízo é algo que acontece no último
dia, para João, freqüentemente, já aconteceu, pois a pessoa é salva ou já está condenada,
pela sua aceitação ou não de Jesus como o Filho de Deus.
Última Ceia – No final, João nos dá o que talvez seja uma variante
das palavras da instituição da eucaristia "O pão que eu vou dar é a minha
própria carne, para que o mundo tenha a vida" (versículo 51). João
enfatiza que o Verbo Divino se tornou carne e tem entregue a sua carne como
alimento da vida eterna.
Alimento – Ser atraído por Jesus e crer nele é segui-lo, na
adesão concreta ao projeto de Deus. Alimentar-se de Jesus é contemplá-lo e
seguir seus passos. Na bondade, na compaixão e no perdão, na fraternidade
comunitária e na solidariedade social, na busca da justiça e da paz entra-se em
comunhão com Jesus, Pão da Vida Eterna.
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