sábado, 29 de setembro de 2018

Quem não é contra nós é por nós



O Evangelho que será lido nas missas deste domingo (Marcos 9, 38-43.45.47-48) é uma continuação da leitura feita no domingo passado. Jesus está na cidade de Cafarnaum, junto com seus apóstolos, recém-chegados de uma longa viagem pelas cidades de Tiro, Sidom e Cesareia de Felipe. Estamos em agosto do ano 29.

Proibição – O apóstolo João se dirige a Jesus dizendo: "Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue". Jesus disse: "Não o proíbas, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. Quem não é contra nós é a nosso favor.”

Fora da Igreja – Trata-se de um tema de grande atualidade. O que pensar dos de fora, que fazem algo bom e apresentam as manifestações do Espírito, sem crer ainda em Cristo e sem aderir à Igreja? Também eles podem se salvar?

Salvação – A teologia sempre admitiu a possibilidade, para Deus, de salvar algumas pessoas fora das vias comuns, que são a fé em Cristo, o batismo e a pertença na Igreja. No entanto, esta certeza se afirmou na época moderna, depois que os descobrimentos geográficos e as inúmeras possibilidades de comunicação entre os povos obrigaram a perceber que havia incontáveis pessoas que, sem culpa própria alguma, jamais tinham ouvido o anúncio do Evangelho – ou o haviam ouvido de maneira imprópria, da boca de conquistadores ou colonizadores sem escrúpulos, o que tornava bastante difícil aceitá-lo.

O Concílio Vaticano II – “O Espírito Santo oferece a todos a possibilidade de que, na forma só por Deus conhecida, se associem a este mistério pascal de Cristo e, portanto, se salvem” (Constituição Pastoral Gaudium et spes sobre a Igreja e o mundo atual, nº 22).

Exigências – No Evangelho lido neste domingo, Jesus parece exigir duas coisas dessas pessoas “de fora”: que não estejam “contra” Ele, ou seja, que não combatam positivamente a fé e seus valores, que não se ponham voluntariamente contra Deus. Segundo: se não são capazes de servir e amar a Deus, que sirvam e amem ao menos a sua imagem, que é o homem, especialmente o necessitado. Diz, de fato, a continuidade desta passagem, falando ainda daqueles de fora: “Todo aquele que vos dê de beber um copo de água pelo fato de que sois de Cristo, asseguro-vos que não perderá sua recompensa”.

Bons cristãos – Mas, declarada a doutrina, é necessário purificar também algo mais: a atitude interior, a nossa psicologia de crentes. Pode-se entender, mas não compartilhar, a visível contrariedade de alguns cristãos ao ver cair todo privilégio exclusivo, ligado à própria fé em Cristo e à pertença à Igreja: “Então, de que serve ser bom cristão... ?”.

Todos – Deveríamos, ao contrário, alegrar-nos imensamente frente a essas novas aberturas da teologia católica, exultar em saber que nossos irmãos de fora também têm a possibilidade de salvar-se: o que existe que seja mais libertador e que confirma melhor a infinita generosidade de Deus e sua vontade de “que todos os homens se salvem” (1Tm 2,4)? Deveríamos apropriar-nos do desejo de Moisés, recolhido na primeira leitura deste domingo: “Quero de Deus que dê a todos o seu Espírito!”.

Coerência – Em razão dessa certeza, deveríamos deixar a cada um tranquilo em sua convicção e nos abster de promover a fé em Cristo, uma vez que a pessoa pode salvar-se também de outras maneiras? Certamente não. Só deveríamos pôr mais ênfase no positivo que no negativo. O negativo é: “Creia em Jesus, porque quem não crê Nele estará condenado eternamente”; o motivo positivo é: “Creia em Jesus, porque é maravilhoso crer Nele, conhecê-Lo, tê-Lo ao lado como Salvador, na vida e na morte”.

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