No Evangelho deste domingo,
Jesus se apresenta como o Pão que desceu dos Céus.
Controvérsia –
O texto deste domingo apresenta-nos uma dessas histórias de confronto entre
Jesus e os judeus. No final do discurso explicativo da multiplicação dos pães e
dos peixes, pronunciado na sinagoga de Cafarnaum (Jo 6,22-40), Jesus apresentara-se
como “o Pão da vida” e convidara os seus interlocutores a aderirem à sua
proposta para nunca mais terem fome. O texto de João 6, 41-51 fala sobre a seqüência
desse episódio, referindo-se à murmuração dos judeus a propósito das palavras
de Jesus e descreve a controvérsia que se seguiu.
Filho de José e Maria –
Os interlocutores de Jesus não aceitam a sua pretensão de Se apresentar como “o
pão que desceu do céu”. Eles conhecem a sua origem humana, sabem que o seu pai
é José, conhecem a sua mãe e a sua família; e, na sua visão, isso exclui uma
origem divina. Assim, eles não podem aceitar que Jesus tome para si a pretensão de trazer aos homens a vida de
Deus.
Pão de Deus –
Em lugar de discutir a questão da sua origem divina, Jesus prefere denunciar aquilo
que está por detrás da atitude negativa dos judeus face à proposta que lhes é
feita: eles não têm o coração aberto aos dons de Deus e recusam-se a aceitar os
desafios de Deus… O Pai apresenta-lhes Jesus e pede-lhes que vejam em Jesus o
“pão” de Deus para dar vida ao mundo; para aqueles que, efetivamente, O querem
aceitar como “o pão de Deus que desceu do céu”, Jesus traz a vida eterna. Ele
“é”, de fato, o “pão” que permite ao homem saciar a sua fome de vida (“Eu sou o pão da vida”). A expressão “Eu
sou” é uma fórmula de revelação (correspondente ao nome de Deus – “Eu sou
aquele que sou” – tal como aparece em Ex 3,14) que manifesta a origem divina de
Jesus e a validade da proposta de vida que Ele traz.
Pão e Maná –
Essa vida que Jesus está disposto a oferecer não é uma vida parcial, limitada e
finita; mas é uma vida verdadeira e eterna. Para sublinhar esta realidade,
Jesus estabelece um paralelo entre o “pão” que Ele veio oferecer e o maná que
os israelitas comeram ao longo da sua caminhada pelo deserto… No deserto, os
israelitas receberam um pão (o maná) que não lhes garantia a vida eterna e
definitiva e que nem sequer lhes assegurava o encontro com a terra prometida e
com a liberdade plena; mas o “pão” que Jesus quer oferecer ao homem, levará o
homem a alcançar a meta da vida plena. “Vida plena” não indica aqui, apenas, um
“tempo” sem fim; mas indica, sobretudo, uma vida com uma qualidade única, com
uma qualidade ilimitada – uma vida total, a vida do homem plenamente realizado.
Carne –
Jesus vai dar a sua “carne” (“o pão que Eu hei de dar é a minha carne”) para
que os homens tenham acesso a essa vida plena, total, definitiva. A “carne” de
Jesus é a sua pessoa – essa pessoa que os discípulos conhecem e que se lhes
manifesta, todos os dias, em gestos concretos de amor, de bondade, de
solicitude, de misericórdia. Essa “pessoa” revela-lhes o caminho para a vida
verdadeira: nas atitudes, nas palavras de Jesus, manifesta-se historicamente ao
mundo o Deus que ama os homens e que os convida, através de gestos concretos, a
fazer da vida um dom e um serviço de amor.