sexta-feira, 30 de julho de 2021

O PÃO DOS CÉUS

  


No Evangelho deste domingo, Jesus se apresenta como o Pão que desceu dos Céus.

 Sinais – No Evangelho de São João, o autor nos apresenta cinco catequeses (usadas pela comunidade que gerou o texto) com características comuns: Jesus se apresenta como Messias usando diferentes símbolos e é manifestada a oposição dos judeus ao Jesus/Messias. Essas catequeses são: Em Jo 4,14 Jesus é a “água que dá a vida” ; em Jo 6,1s Jesus é o “verdadeiro pão que sacia todas as fomes”; em Jo 8,12 Jesus se apresenta como “a luz que liberta o homem das trevas”; em Jo 10,1s Jesus é o “Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas”; e em Jo 11,1 Jesus dá “vida e ressurreição para o mundo”.

 

Controvérsia – O texto deste domingo apresenta-nos uma dessas histórias de confronto entre Jesus e os judeus. No final do discurso explicativo da multiplicação dos pães e dos peixes, pronunciado na sinagoga de Cafarnaum (Jo 6,22-40), Jesus apresentara-se como “o Pão da vida” e convidara os seus interlocutores a aderirem à sua proposta para nunca mais terem fome. O texto de João 6, 41-51 fala sobre a seqüência desse episódio, referindo-se à murmuração dos judeus a propósito das palavras de Jesus e descreve a controvérsia que se seguiu.

Filho de José e Maria – Os interlocutores de Jesus não aceitam a sua pretensão de Se apresentar como “o pão que desceu do céu”. Eles conhecem a sua origem humana, sabem que o seu pai é José, conhecem a sua mãe e a sua família; e, na sua visão, isso exclui uma origem divina. Assim, eles não podem aceitar que Jesus tome para si a pretensão de trazer aos homens a vida de Deus.

 

Pão de Deus – Em lugar de discutir a questão da sua origem divina, Jesus prefere denunciar aquilo que está por detrás da atitude negativa dos judeus face à proposta que lhes é feita: eles não têm o coração aberto aos dons de Deus e recusam-se a aceitar os desafios de Deus… O Pai apresenta-lhes Jesus e pede-lhes que vejam em Jesus o “pão” de Deus para dar vida ao mundo; para aqueles que, efetivamente, O querem aceitar como “o pão de Deus que desceu do céu”, Jesus traz a vida eterna. Ele “é”, de fato, o “pão” que permite ao homem saciar a sua fome de vida (“Eu sou o pão da vida”). A expressão “Eu sou” é uma fórmula de revelação (correspondente ao nome de Deus – “Eu sou aquele que sou” – tal como aparece em Ex 3,14) que manifesta a origem divina de Jesus e a validade da proposta de vida que Ele traz.

 

Pão e Maná – Essa vida que Jesus está disposto a oferecer não é uma vida parcial, limitada e finita; mas é uma vida verdadeira e eterna. Para sublinhar esta realidade, Jesus estabelece um paralelo entre o “pão” que Ele veio oferecer e o maná que os israelitas comeram ao longo da sua caminhada pelo deserto… No deserto, os israelitas receberam um pão (o maná) que não lhes garantia a vida eterna e definitiva e que nem sequer lhes assegurava o encontro com a terra prometida e com a liberdade plena; mas o “pão” que Jesus quer oferecer ao homem, levará o homem a alcançar a meta da vida plena. “Vida plena” não indica aqui, apenas, um “tempo” sem fim; mas indica, sobretudo, uma vida com uma qualidade única, com uma qualidade ilimitada – uma vida total, a vida do homem plenamente realizado.

 

Carne – Jesus vai dar a sua “carne” (“o pão que Eu hei de dar é a minha carne”) para que os homens tenham acesso a essa vida plena, total, definitiva. A “carne” de Jesus é a sua pessoa – essa pessoa que os discípulos conhecem e que se lhes manifesta, todos os dias, em gestos concretos de amor, de bondade, de solicitude, de misericórdia. Essa “pessoa” revela-lhes o caminho para a vida verdadeira: nas atitudes, nas palavras de Jesus, manifesta-se historicamente ao mundo o Deus que ama os homens e que os convida, através de gestos concretos, a fazer da vida um dom e um serviço de amor.

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