sábado, 1 de outubro de 2022

As cinco principais heresias comuns entre os cristãos

  


Foi divulgado nos Estados Unidos, em setembro de 2022, uma pesquisa sobre a cultura teológica dos cristãos americanos. A pesquisa tem o nome de “The State of Theology” e é realizada a cada dois anos. Em 2022, foi feita no período de 5 a 23 de janeiro com 3011 adultos americanos, dos quais 711 eram cristãos. Lembramos que 63% da população americana é cristã: 42% é protestante e 21% católica. Foram formuladas 35 afirmações com as quais os entrevistados deveriam concordar ou não. Salientamos cinco delas, para as quais os resultados demonstram a existência de heresias nas crenças mais comuns mantidas pelos cristãos, ou seja, aceitam doutrinas contrárias ao que foi definido pela Igreja em matéria de fé. Segue-se as afirmações e as porcentagens obtidas.

 1. “Deus aceita a adoração de todas as religiões, incluindo cristianismo, judaísmo e islamismo”. Mais da metade (56%) dos entrevistados cristãos acreditam que Deus aceita a adoração de todas as religiões (contra 42%, em 2020). É a doutrina do Universalismo, ganhando força entre os americanos. Isso contradiz a teologia encontrada nas Escrituras, na qual Jesus afirma que “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14,6). O conceito “Fora da Igreja não há salvação” (Extra ecclesia nula salus) é confirmado pelo Catecismo da Igreja Católica (846 a 848) e pela constituição dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II. Aquele que aceita que Jesus não é o único caminho para Deus está fora da doutrina cristã.

 2. “Jesus é o primeiro e maior ser criado por Deus”. Surpreendentemente, 73% concordaram com esta afirmação – pertencente ao arianismo, uma doutrina sustentada pelos seguidores de Ário, presbítero cristão de Alexandria, no Egito – que negava a divindade de Jesus, considerando-O criação de Deus. O Concílio de Nicéia, no ano de 325 (com 318 bispos presentes), convocado para resolver essa questão, declarou o arianismo como heresia, com base em Jo 3,16 e Jo 14,9. O Concílio de Nicéia criou o credo niceno-constantinopolitano, que rezamos em nossas missas e que afirma que “Jesus Cristo é gerado, não criado”.

 3. “Jesus foi um grande mestre, mas não era Deus”. Inacreditáveis 43% dos cristãos concordaram com a afirmação (30%, na pesquisa de 2020). Novamente outra heresia ariana, que nega a divindade de Cristo e sua unidade com Deus‑Pai, como um membro da Santíssima Trindade (Deus em três Pessoas). Jesus‑Deus é uma doutrina ortodoxa clássica, desde a igreja primitiva, e é baseada em muitas passagens bíblicas, como “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30). Para o cristão, crer em Deus é crer inseparavelmente no seu Filho muito amado (Catecismo da Igreja Católica, 151).

4. “O Espírito Santo é uma força, mas não é um ser pessoal”. Entre os cristãos, 60% concordaram com a afirmação, demonstrando alguma confusão sobre a terceira pessoa da Trindade. Talvez isso aconteça porque a Bíblia apresenta o Espírito Santo em metáforas (às vezes como uma pomba, uma nuvem, fogo, vento ou água). É preciso lembrar que o Espírito Santo pensa (1 Cor 2,10-11), sente (Ef 4,30) e tem vontade (At 16,7). O credo que rezamos em nossas missas chama o Espírito Santo de “Senhor”: “Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida”. O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade.

 5. “Todos nascem inocentes [sem pecado] aos olhos de Deus”. 71% dos adultos americanos e 65% dos cristãos concordaram com a afirmação, ou seja, negam o pecado original. Recordando: quando Deus criou o mundo, tudo o que Ele fez era bom (Gn 1,10, 21, 25, 31). No entanto, por meio da rebelião de Adão e Eva, no jardim do Éden, a humanidade se corrompeu. A Bíblia ensina o conceito de pecado original, o que significa que desde a queda, todo ser humano herda uma natureza pecaminosa desde o momento de sua concepção (Rom 5,12). Todos os homens estão implicados no pecado de Adão (Catecismo da Igreja Católica, 402). 

Concluindo – Os dados acima se referem aos Estados Unidos. Como seriam os resultados se a pesquisa fosse realizada no Brasil? De qualquer forma, a pesquisa mostra a necessidade contínua de a Igreja se envolver na apologética, ajudando os católicos numa defesa bem fundamentada da fé cristã e na convicção do que acreditam.

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