A resposta é: não existem dúvidas. Documentos históricos comprovam a existência física do homem Jesus, que viveu na região da Palestina, tendo morrido crucificado. É necessário, porém, que nos atentemos para um importante dado: Jesus viveu numa insignificante região agropecuária do mediterrâneo, numa faixa de terra de 240 km de norte a sul e 100 km de leste a oeste, entre o Mar Mediterrâneo e o Rio Jordão.
A Palestina, como era chamada, era colonizada pelo Império Romano desde 63 a.C. como um "Reino Cliente", com um rei próprio, e toda uma autonomia administrativa, portanto, independente do domínio de Roma. Era habitada pelos judeus, um povo extremamente religioso, com língua própria (o hebraico ou o aramaico), que não aceitava o domínio do Império, deflagrando inúmeras revoltas. Neste quadro, nós não podemos esperar que a documentação histórica sobre o Império Romano seja farta em documentos sobre a Palestina, ou sobre um revolucionário político ou agitador popular (é assim que os romanos viam Jesus) que viveu por lá entre os anos 28 e 30 d.C., sendo crucificado pelo procurador romano Pontius Pilatus.
Outro fator decisivo era o tipo de sociedade existente no século I: a população urbana era menor que 10% do total, e menos de 0,2% formava a classe dominante (elite, letrados, intelectuais), responsável pelos registros históricos da época. Também não podemos esperar que a elite dominante do primeiro século tenha deixado muitos documentos sobre Jesus.
Vamos citar alguns documentos históricos que comprovam a existência de Jesus:
- O primeiro documento é do maior historiador do primeiro século, o judeu Flávio Josefo (historiador judeu, que viveu entre 37 e 105 d.C., tendo escrito vários livros), no livro Antigüidades Judaicas, escrito em 93 ou 94 d.C., quando descreve a morte por apedrejamento de Tiago, irmão (primo) de Cristo e chefe da comunidade cristã de Jerusalém:
"... Anás (Ananus) vendo que teria uma boa oportunidade de exercer sua autoridade, convocou uma assembléia (sanhedrim) de juizes, e trouxe diante deles o irmão de Jesus, que foi chamado Cristo, cujo nome era Tiago, e outras pessoas (companheiros dele) e apresentou contra eles a acusação de serem transgressores da lei e os condenou para serem apedrejados." ( XX, 9,1).
O mesmo autor, em outro trecho do mesmo livro conhecido como Testimonium Flavianum, faz uma descrição detalhada de Cristo. Eis o texto:
"Naquela época viveu Jesus, um homem sábio, se realmente as pessoas devem chamá-lo de homem. Pois ele executou trabalhos surpreendentes, e era um mestre que as pessoas recebiam com prazer. Ele conquistou muitos judeus e muitos gregos. Ele era o Messias. E quando Pilatos o condenou à cruz, depois de ouvir as acusações feitas contra ele por homens da mais alta posição entre nós, os seus companheiros não perderam as idéias dele. Porque ele apareceu vivo diante deles no terceiro dia, como os profetas de Deus tinham previsto, além de outras coisas maravilhosas a seu respeito. E o grupo de cristãos, que recebeu este nome por sua causa, não desapareceu até hoje" (XVIII, 3, 3).
Portanto, o maior historiador do Século I cita Jesus, reconhecendo-o não apenas como um homem comum, mas como um mestre entre os judeus, o Messias.
(Continuamos no próximo artigo, com outras citações).
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