A leitura da carta de Pantanaeus (150 d.C.), conhecida como "Epístola para Diognetus", publicada no artigo anterior (14/11; se você não leu, solicite pelo E-mail), nos trouxe uma bela descrição sobre como vivam os primeiros cristãos. Trouxe-nos, também, uma grande reflexão ao confrontar aquela realidade vivida com tanto amor e partilha, com a que vivemos hoje, especialmente no que se refere à Igreja fundada por Cristo Jesus.
Infelizmente, hoje ela encontra-se dividida, partida em tantos pedaços...
Será essa a vontade do seu Divino Fundador?
São Paulo, dirigindo-se aos cristãos de Éfeso, assim escreveu: Mantenham entre vocês laços de paz, para conservar a unidade do Espírito. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a vocação de vocês os chamou a uma só esperança: há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, que age por meio de todos e está presente em todos. (Ef. 4, 3-6)
Foi por isso que o Concílio Vaticano II preocupou-se do começo ao fim, com a unidade das Igrejas. Nele, a renovação interna da Igreja foi um esforço para, no dizer do Papa João XXIII, "limpar a casa", a fim de que os irmãos separados, quando quisessem voltar para a Igreja, encontrassem a "casa limpa" e não os mesmos defeitos que um dia motivaram a sua saída.
Isso não quer dizer que uma parte quer convencer a outra, mas trata-se, fundamentalmente, de todos se deixarem converter pelo Espírito de Deus: "Se dizemos que não temos pecado, enganamos a nós mesmos, e a Verdade não está em nós" (1Jo, 1, 8). Por isso diz o Concílio: "Pedimos humildemente perdão a Deus e aos irmãos separados, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido"(UR7)
È de se lamentar que, em nome de Deus, os homens estejam divididos e até se agredindo, pois isso dificulta a salvação daqueles que se dizem estar com Deus. Na verdade, isso é um verdadeiro escândalo para todos os que estão fora de qualquer igreja.
E Cristo não quer essa divisão, apesar de tê-la previsto: "Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que tu me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um. ... Eu não te peço só por estes, mas também por aqueles que vão acreditar em mim por causa da palavra deles, para que todos seja um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu e enviaste. Eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste, como amaste a mim". (Jo 17, 11.20-23)
Esta oração de Jesus, saída do seu coração, com certeza será atendida pelo Pai um dia. Quando será, nós não o sabemos, mas será ouvida. Porque a Igreja de Jesus não pode ficar despedaçada, dividida até o fim dos tempos: foi por ela que Ele derramou seu Sangue e não é essa a Sua vontade.
O que parece impossível aos homens não é impossível a Deus, e a nós, cristãos, cabe:
a) orar, para que a unidade se restabeleça: a oração sincera será capaz de mostrar a cada um dos cristãos a vergonha que é o escândalo da divisão e, com certeza, mostrará que deve haver renúncia nos pontos de vista errados, para abrir-nos aos impulsos da Graça.
b) praticar a caridade, pois "Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos" (Jo 13, 35).
c) dialogar no plano da fé. Na oração e na caridade, guiados pelo Espírito Santo, conseguiremos chegar à reconciliação e à unidade.
E então "haverá um só rebanho e um só Pastor" (Jo 10,16).
Possamos, pois, estar preparados, para que o Senhor, quando vier, nos encontre com a luz da fé acesa e unidos no seu amor.
"Eis que venho em breve, e a minha recompensa está comigo, para dar a cada um conforme as suas obras. Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o começo e o fim. Felizes aqueles que lavam as suas vestes para terem direito à árvore da vida e poderem entrar na cidade pelas portas" (Ap 22, 12-14)
Você sabia que ...
... a grande divisão dos cristãos (cisma) ocorreu em 1517, com a publicação das 95 teses de Martinho Lutero, dando início ao protestantismo? O texto de Lutero pregava que a salvação seria conquistada apenas com fé (sem obras e sem a mediação da Igreja), atacava a autoridade do Papa, rejeitava o celibato sacerdotal e recomendava o estudo individual da Bíblia (interpretação livre). Se você quer receber as 95 teses de Lutero com comentários sobre o cisma, peça pelo E-mail abaixo.
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