sábado, 28 de setembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 3ª parte: João, Simão, Bartolomeu e Mateus

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.

João, o amado – Era irmão de Tiago, filho de Zebedeu e Salomé, seu apelido era Boanerges. Era pescador, natural de Jerusalém, e discípulo de João Batista, sendo convidado pessoalmente por Jesus para ser discípulo. Foi companheiro inseparável de Pedro. Foi chamado de “discípulo amado”, sendo o único apóstolo que permaneceu junto a Cristo durante a Paixão; Jesus, ao morrer, confiou-lhe a mãe (Maria), da qual cuidou até morrer.

Ainda João – É também chamado de João Evangelista por ter escrito o 4º Evangelho e três Cartas Apostólicas.  Também é atribuída a João a autoria do Apocalipse.  Ficou exilado na ilha de Patmos, durante a perseguição de Domiciano.  Diz a tradição que morreu quase centenário, possivelmente em Éfeso, de morte natural.  É patrono a Ásia e comemorado em 27 de dezembro.

Simão, o zelote – Não deve ser confundido com Simão Pedro, o líder dos apóstolos. Simão Zelote era natural da Galiléia, tinha o apelido de Cananeu, transcrição de um termo aramaico que significa o zeloso e designava os zelotes, cujo nacionalismo religioso opunha-se com violência à ocupação romana. Talvez Simão tenha participado de um desses grupos, antes de ser encontrado por Jesus.  Era rígido seguidor da Lei Judaica.  Com Felipe, Marcos e discípulos de Pedro, Simão ajudou a estabelecer os ensinamentos de Jesus no Egito. Sua pregação era bem parecida com a dos outros quatro Apóstolos que foram para o Oriente, ascética e judaica, como aquela preservada na Epistola canônica de Judas.  Viajou com Judas pela Mesopotâmia e Síria, onde ambos sofreram o martírio.  Simão zelote é comemorado no dia 28 de outubro.

Bartolomeu – Tudo o que se conhece do apóstolo Bartolomeu é a sua citação na lista dos 12 nos Evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas e no Atos dos Apóstolos.  Bartolomeu não aparece sendo convidado para ser apóstolo, nem é mencionado em qualquer ocasião da vida pública de Jesus. Seu nome significa “filho de Tolomai”.  Alguns estudiosos identificam Bartolomeu como a mesma pessoa que Nataniel, citado em Jo 1,45, mas esta identificação é infundada (conferir Jo 21,2).  A Tradição da Igreja indica que Bartolomeu pregou na Índia, Armênia, Mesopotâmia, Pérsia e Egito.  Existe um Evangelho atribuído a Bartolomeu, considerado apócrifo pela Igreja.  É festejado no dia 24 de agosto.

Mateus, o cobrador de impostos – Foi um dos 12 apóstolos e autor do primeiro Evangelho.  Também chamado de Levi, era um publicano filho de Alfeu, que foi chamado para ser apóstolo por Jesus quando estava sentado na coletoria de impostos na cidade de Cafarnaum.  Após o convite, ofereceu uma refeição a Jesus.  Mateus não é citado em nenhuma outra passagem dos Evangelhos, mas apenas aparece nas listas dos apóstolos.  A Tradição da Igreja indica que Mateus pregou na Palestina, Etiópia, Parthia e Pérsia.  Morreu martirizado na Etiópia.  É patrono dos bancários e comemorado no dia 21 de setembro.

E os outros Apóstolos?

            Hoje escrevemos sobre João, Simão, Bartolomeu e Mateus. Ainda faltam seis. Continuaremos na próxima semana.

sábado, 21 de setembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 2ª parte: Pedro e André

Os mais próximos

Na semana passada nós iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos e os discípulos e a missão deles.

Os quatro primeiros – Entre os 12 apóstolos de Jesus, havia quatro que estavam sempre junto com o mestre.  Eram eles Pedro, Tiago, João e, às vezes, André.  O evangelista Marcos, diferentemente dos outros evangelistas, sempre reafirma que Jesus chama esses quatro apóstolos à parte ou primeiro. Tal referência dá margem para que alguns exegetas entendam que todo ensinamento de Cristo era ministrado privadamente a esses quatro apóstolos privilegiados que, depois, transmitiam aos outros. Confira em Mc 1,16 que estes apóstolos foram os primeiros a serem chamados.

Os mais próximos – Vejamos alguns episódios da vida pública de Cristo em que os 4 apóstolos estavam presentes: No anúncio da ruína do templo, os 4 discípulos “à parte, perguntavam-lhe” (Mc 13, 3); ou “os discípulos adiantaram-se a ele, à parte, e lhe disseram” (Mt 24, 3).  No Getsêmani “ele leva consigo Pedro, Tiago e João” como testemunhas (Mc 14, 33); na transfiguração “Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e os leva a sós, à parte, ao cimo de uma alta montanha” (Mc 9, 2); na cura da filha de Jairo (Mc 5,37) Jesus toma os apóstolos como testemunhas.

O Príncipe dos Apóstolos – Nascido em Betsaida, Cafarnaum, chamava-se Simão. Era filho de Jonas e Maria e tinha André como irmão mais novo. Pescava um dia às margens do rio Jordão quando Jesus o chamou. Daí por diante passou a seguir o Mestre (como chamava Cristo). Petulante, chegou a negar a Jesus, a quem amava demais, e após sua morte foi perdoado. Possuía uma fé intensa, mas às vezes se mostrava fraco, incrédulo e até mesmo um covarde. Presenciou a transfiguração, mas não apareceu no Calvário.

Simão Pedro, Pedra – Jesus o incumbiu de confirmar os irmãos na fé e deu-lhe as chaves do seu reino. Fortalecido pelo Espírito Santo no dia de Pentecostes, passou a pregar o Evangelho aos judeus e gentios. Presidiu a eleição de Matias, escolhido para suceder a Judas, bem como o Concílio de Jerusalém. Levado perante o Sinédrio (Supremo Conselho dos Judeus), afirmou sua fé em Cristo. Pedro fundou as comunidades cristãs de Antioquia e Síria antes de ir para Roma. Foi preso por ordem do rei Agripa I e encaminhado a Roma, durante o reinado de Nero, onde presidiu a comunidade cristã, vindo a ser crucificado de cabeça para baixo, como mártir em 67 d.C.

André, o divulgador – Filho de Jonas e irmão de Pedro, também era pescador. Antes de conhecer o Mestre, era discípulo de João Batista. Após a dispersão dos Apóstolos, evangelizou na Ásia Menor, na Capadócia e possivelmente na Rússia, onde é venerado.  Com Bartolomeu, pregou em Epiro, Trácia, Galácia, Bitnia, Cítia, Danúbio e Acaía, países do Oriente Médio ou Europa Oriental. Diz a tradição que André foi pregado numa cruz em forma de X, e mesmo pregado, continuou ensinando o Evangelho até morrer. Mais tarde, esse tipo de cruz, ficou conhecida como Cruz de Santo André.

 


E os outros Apóstolos?


            Hoje escrevemos sobre os irmãos Pedro e André. Ainda faltam dez. Contaremos a vida deles na próxima semana.

sábado, 14 de setembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo – Introdução

Iniciaremos hoje uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na terra.  Eles foram os homens que sentiram de perto todas as emoções de conviver com Deus.  Tocaram em Jesus, testemunharam curas e milagres, ouviram ensinamentos e parábolas, viram Jesus rir, chorar, emocionar-se, repreender, gritar, responder aos incrédulos, sofrer injúrias, morrer e ressuscitar.


Apóstolo – A palavra apóstolo significa enviado ou, segundo a tradição judaica, o que tem a mesma missão de quem o envia (Mt 10,40). O Novo Testamento relaciona por quatro vezes os nomes dos 12 Apóstolos: no Evangelho de Mateus (Mt 10,2-4), de Marcos (Mc 3,16-19), de Lucas (Lc 6,14-16) e no livro dos Atos dos Apóstolos (At 1,13).  O número 12 corresponde ao das doze tribos de Israel (Mt 19,28).


Os doze – Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, a quem chamavam Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o coletor de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, o traidor (Mt 10,2).


A ordem dos nomes – As quatro listas de nomes de apóstolos diferem, sobretudo, na ordem dos três nomes que seguem o de Pedro. Mt e Lc referem, sem dúvida, a ordem primitiva; Mc antepõe a André os filhos de Zebedeu, que formam com Pedro um trio privilegiado. O livro dos Atos dos Apóstolos coloca João à frente de Tiago, imediatamente depois de Pedro, decerto por causa da sua posição importante na Igreja primitiva.


Objetivos dos Apóstolos – A mensagem dos Apóstolos era o Evangelho ou Boa Nova. Eles levavam a notícia da crucificação e da ressurreição de Jesus a todos os seus ouvintes e discípulos. Os Apóstolos originais viajaram de Jerusalém para toda a Palestina, e muitos de seus ouvintes se tornaram discípulos. Depois disto muitos Apóstolos seguiram rumo a outras sinagogas para transmitir a mensagem divina de Jesus a todos de Israel e aos gentios.  Eles escolhiam, em todas as comunidades, alguns discípulos para assumirem o papel de líderes de congregações (sucessores dos Apóstolos).

 


O mais próximos de Jesus – Havia três (ou quatro) discípulos mais próximos de Jesus (Pedro, Tiago, João e, às vezes, André) que recebiam primeiramente os ensinamentos.  No anúncio da ruína do templo, os quatro discípulos “à parte, perguntavam-lhe” (Mc 13, 3), ou “os discípulos adiantaram-se a ele, à parte, e lhe disseram” (Mt 24, 3).  No Getsêmani “ele leva consigo Pedro, Tiago e João” (Mc 14, 33); na transfiguração “Jesus toma consigo Pedro, Tiago e João, e os leva a sós, à parte, ao cimo de uma alta montanha” (Mc 9, 2).  O mesmo ocorre na cura da filha de Jairo (Mc 5,37). A Bíblia Tradução Ecumênica chega a afirmar que todo ensinamento era ministrado privadamente a esses quatro discípulos privilegiados, que retransmitiam aos outros.


Discípulos – Os discípulos eram os escolhidos pelos Apóstolos como coordenadores (líderes) das comunidades cristãs.  Confira em At 1,21-26 e At 6,2-7 a escolhe desses líderes.  Os discípulos mais conhecidos são: Barnabé (escolhido por Paulo), Estevão (da comunidade de Jerusalém), Timóteo (Paulo), Felipe (Samaria), o centurião Cornélio (Cesaréia), Silas, Matias e os evangelistas Marcos e Lucas.

 


E a história dos Apóstolos?


            Na próxima semana nós vamos começar a contar detalhes sobre a vida de cada um dos Apóstolos de Cristo.

sábado, 7 de setembro de 2002

São Pedro em Roma

Algumas vezes os Católicos são surpreendidos por afirmações que negam o Primado de Pedro, dizendo que Pedro nunca esteve em Roma e, por conseguinte, a Igreja de Roma não poderia ser a verdadeira Igreja de Cristo.  Vamos analisar estes fatos.


Clemente de Roma – Clemente Romano era um cristão residente em Roma, com alguma ligação com a família imperial.  No ano de 96, ele escreveu uma carta à comunidade de Corinto, na qual se dirige a Pedro e Paulo nos seguintes termos: “A esses homens [...] juntou-se grande multidão de eleitos que, em conseqüência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magnífico exemplo”.


Inácio de Antioquia – Ignatius foi o segundo bispo da cidade de Antioquia, a terceira cidade do Império Romano com mais de 500 mil habitantes (hoje, Antakya, na Turquia).  No ano de 107, Inácio foi condenado pelo imperador Trajano a ser jogado às feras.  Neste ano, enviou uma carta aos cristãos de Roma onde cita: “Não é como Pedro e Paulo que eu vos dou ordens; eles foram apóstolos, eu não sou senão um condenado".


Ireneu e Orígenes – Santo Ireneu, bispo de Lion, no ano de 180 escreveu um livro intitulado “Contra as Heresias”. Eis um trecho do livro: "Assim, Mateus publicou entre os hebreus, na língua deles, o escrito dos Evangelhos, quando Pedro e Paulo evangelizavam em Roma e aí fundavam a Igreja”.  Orígenes, o principal teólogo da Igreja Grega, assim escreveu no ano de 253: "Pedro, finalmente tendo ido para Roma, lá foi crucificado de cabeça para baixo".


Dionísio – Dionísio de Corinto, no ano 170, escreveu uma carta aos cristãos de Roma.  Um trecho da carta diz: "Tendo vindo ambos a Corinto, os dois apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica. A seguir, indo para a Itália, eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e, por fim, sofreram o martírio simultaneamente".


Pedro foi Bispo de Roma – O principal livro sobre a história da Igreja nos primeiros séculos é “História Eclesiástica”, escrito por Eusébio de Cesaréia no ano de 317. Eusébio, narrando sobre a primeira sucessão Apostólica em Roma escreve: "Depois do martírio de Pedro e Paulo, o primeiro a obter o episcopado na Igreja de Roma foi Lino”. "... quanto a Lino, cuja presença junto dele [do Apóstolo Paulo] em Roma foi registrada na 2ª carta a Timóteo [2Tm 4,21], depois de Pedro foi o primeiro a obter ali o episcopado, conforme mencionamos mais acima".  "Alexandre recebeu o episcopado em Roma, sendo o quinto na sucessão de Pedro e Paulo".


Conclusão – Como podemos ver, na grande maioria das vezes, é a falta de conhecimento sobre a História do Cristianismo o grande nascedouro das heresias cristãs. Pedro não só esteve em Roma, como foi Bispo daquela cidade e lá juntamente com São Paulo recebe a coroa do martírio. E é de Roma que ele escreve sua primeira epístola, onde chama a cidade de Roma de Babilônia (1Pr 5,13), devido à grande semelhança entre as duas cidades quanto à idolatria e perversão.
           

PESQUISA BÍBLICA – Qual o dia da morte de Cristo?


            Segundo os Evangelhos de Mateus (Mt 26,17-20), Lucas (Lc 22,7-12) e Marcos (Mc 14,12-17) a crucificação e morte de Jesus ocorreu no dia da Páscoa dos judeus (15 nisã); segundo João (Jo 19,14-31), a crucificação e morte de Jesus ocorreu na véspera da Páscoa dos judeus (14 nisã).  Alguém estava com o calendário errado! Quem está certo? Faça uma pesquisa em sua Bíblia ou em livros bíblicos; pergunte para o padre ou catequista de sua paróquia. Se você não encontrar uma resposta satisfatória, solicite E-mail que lhe enviaremos um texto explicativo.