sábado, 15 de março de 2008

A LOUCURA DA CRUZ

  

O mês de março 2008 é assinalado pela celebração de Páscoa. Esta é a festa da vitória da Vida sobre a morte ou a festa da conversão da morte em canal para a Vida ou ainda a festa da recriação do ser humano ferido pelo pecado.

 

A Cruz Essa grandiosa realidade é expressa por um símbolo muito significativo para os cristãos: a cruz. Na época anterior a Cristo, a norte na cruz era o maior símbolo de desonra, reservada aos escravos e ao rebotalho da sociedade. O crucificado era geralmente privado de sepultura e abandonado aos animais selvagens e às aves de rapina. Dizia Cícero (filósofo, orador, escritor, advogado e político romano nascido no ano 106 a.C.) que “a cruz era o suplício mais cruel e mais repugnante”, e Sêneca (filósofo e escritor romano nascido no ano 4 a.C.) a tachava de “poste infamante e sinal de vergonha”.

 

Loucura – Deus Filho feito homem quis assumir o suplício da cruz. Ele, o Santo e Inocente.., a fim de mudar-lhe o significado, pois fez da cruz o preâmbulo da ressurreição. Ele nada devia à morte; por isto atravessou a morte e reapareceu como nova criatura. Esta inversão dos significados podia parecer loucura aos olhos da razão.

 

Cristãos loucos – Um desenho encontrado na colina do Palatino em Roma estampa um homem em oração diante da imagem de um Crucificado com cabeça de burro; uma inscrição explicava: “Alexâmenos adora o seu Deus”. São Justino (conhecido como Justino Mártir, foi um teólogo do século II, nascido no ano 100 d.C.) escreveu: “Os pagãos dizem que a nossa demência consiste em colocar um homem crucificado em segundo lugar, depois de Deus imutável e eterno, Deus criador do mundo” (Apologia 113,4). Os judeus pensavam do mesmo modo ao dizerem: “Colocais vossa esperança num homem que foi crucificado”.

 

Cruz – Trono – Os cristãos, a princípio, sentiram o desconcerto provocado pela reviravolta. Não ousavam representar Cristo na cruz, mas ornavam-na com pedras preciosas e flores: desejavam assim caracterizá-la como o trono em que reina o Senhor da glória. Observavam que a cruz estende sua haste vertical e seus braços na direção dos quatro pontos cardeais. Santo lreneu (conhecido como Ireneu de Lião, foi um Padre da Igreja, teólogo e escritor cristão que nasceu no ano 130 d.C.), escreveu, aludindo a essa dimensão cósmica da Cruz: “O autor do mundo no plano invisível contém todas as coisas criadas e encontra-se gravado (em forma de cruz) em toda a criação” (Contra as Heresias V 18, 3).

 

A Cruz de Cristo – Ora todo cristão é chamado a carregar uma parcela da cruz de Cristo. E para desejar que a carregue em atitude de Páscoa, ciente de que está sendo acompanhado pelo Autor da Vida, que venceu a morte num duelo admirável. Lembre-se do Apóstolo São Paulo: vítima de maltratos e intimidações diversas, podia escrever, salientando o paradoxo ou a loucura da Cruz: “É na fraqueza (do homem) que a força (de Deus) manifesta todo o seu poder... Por isto eu me alegro nas fraquezas, humilhações, necessidades, perseguições e angústias por causa de Custo. Pois, quando sou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12, 9s).

 

Páscoa – Quem disto está convicto, jamais perde a alegria de Páscoa, pois sabe que é co-herdeiro com Cristo, é filho no FILHO bem-amado desde toda a eternidade!

 

Este texto – O texto que você acabou de ler foi baseado em um artigo de autoria do Frei Estevão Bettencourt, na Revista “Pergunte e Responderemos” de março de 2005.

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