No
Evangelho das missas deste domingo (Jo 20, 19-31) , Jesus aparece aos apóstolos
e a Tomé.
Medo – A
comunidade criada a partir da ação de Jesus está reunida no cenáculo, em
Jerusalém. Está desamparada e insegura, cercada por um ambiente hostil. O medo
vem do fato de não terem ainda feito a experiência de Cristo ressuscitado.
No meio deles –
Na primeira parte do Evangelho, descreve-se uma “aparição” de Jesus aos
discípulos. Depois de sugerir a situação de insegurança e de fragilidade em que
a comunidade estava (o “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo”), o autor
deste texto apresenta Jesus “no centro” da comunidade. Ao aparecer “no meio
deles”, Jesus assume-se como ponto de referência, fator de unidade, videira à
volta da qual se enxertam os ramos. A comunidade está reunida à volta d’Ele,
pois Ele é o centro onde todos vão beber essa vida que lhes permite vencer o
“medo” e a hostilidade do mundo.
Shalom –
A esta comunidade fechada, com medo, mergulhada nas trevas de um mundo hostil,
Jesus transmite duplamente a paz (“shalom” hebraico, no sentido de harmonia,
serenidade, tranqüilidade, confiança, vida plena). Assegura-se, assim, aos
discípulos que Jesus venceu aquilo que os assustava (a morte, a opressão, a
hostilidade do mundo); e que, doravante, os discípulos não têm qualquer razão
para ter medo.
Sinais –
Depois, Jesus revela a sua “identidade”: nas mãos e no lado trespassado, estão
os sinais do seu amor e da sua entrega. É nesses sinais de amor e de doação que
a comunidade reconhece Jesus vivo e presente no seu meio. A permanência desses
“sinais” indica a permanência do amor de Jesus: Ele será sempre o Messias que
ama e do qual brotarão a água e o sangue que constituem e alimentam a
comunidade.
Espírito –
Tomé –
Na segunda parte do Evangelho, apresenta-se uma catequese sobre a fé. Tomé
representa aqueles que vivem fechados em si próprios (está fora) e que não faz
caso do testemunho da comunidade, nem percebe os sinais de vida nova que nela
se manifestam. Em lugar de se integrar e participar da mesma experiência,
pretende obter (apenas para si próprio) uma demonstração particular de Deus.
Eucaristia –
Tomé acaba, no entanto, por fazer a experiência de Cristo vivo no interior da
comunidade. No “dia do Senhor” Cristo volta a estar com a sua comunidade. É uma
alusão clara ao Domingo, ao dia em que a comunidade é convocada para celebrar a
Eucaristia: é no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a
Palavra proclamada, com o pão de Jesus partilhado, que se descobre Jesus
ressuscitado.
A
experiência de Tomé não é exclusiva das primeiras testemunhas; todos os
cristãos de todos os tempos podem fazer esta mesma experiência.
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