sábado, 27 de fevereiro de 2010

Jesus, Moisés e Elias


O Evangelho das missas deste domingo (Lc 9,28b-36) apresenta a Transfiguração. Jesus toma consigo Pedro, João e Tiago e sobe para um monte. Lá as suas vestes se tornam brancas luminosas e aparecem Moisés e Elias para conversar com ele. Todos foram envolvidos por uma nuvem, quando escutaram uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O”.

 

Catequese – O relato da transfiguração de Jesus não é um relato histórico, mas uma criação literária dos evangelistas, com a finalidade de deixar um ensinamento teológico, uma idéia válida para a vida dos cristãos. A narrativa é feita com o estilo literário de uma teofania (manifestação de Deus), caracterizado por fenômenos espantosos e supranaturais, nuvens e voz celestial, que indicam a comunicação de Deus (confira na primeira leitura da missa).

 

Ambiente – Estamos no final da “etapa da Galileia”; durante essa etapa, Jesus anunciou a salvação aos pobres, proclamou a libertação aos cativos, fez os cegos recobrar a vista, deu liberdade aos oprimidos, proclamou o tempo da graça do Senhor (Lc 4,16-30). À volta de Jesus já se formou esse grupo dos que acolheram a oferta da salvação (os discípulos). Testemunhas das palavras e dos gestos libertadores de Jesus, eles já descobriram que Jesus é o Messias de Deus (Lc 9,18-20).

 

Cruz – Também já ouviram dizer que o messianismo de Jesus passa pela cruz (Lc 9,21-22) e que os discípulos de Jesus devem seguir o mesmo caminho de amor e de entrega da vida (Lc 9,23-26); mas, antes de subirem a Jerusalém para testemunhar a erupção total da salvação, recebem a revelação do Pai que, no alto de um monte, atesta que Jesus é o Filho bem amado. Os acontecimentos que se aproximam ganham, assim, novo sentido.

 

Monte – Para o homem bíblico, o “monte” era o lugar sagrado por excelência: a meio caminho entre a Terra e o Céu, era o lugar ideal para o encontro do homem com o mundo divino. É, portanto, no monte que Deus Se revela ao homem e lhe apresenta os seus projetos.

 

Catequese – A Transfiguração é uma catequese sobre Jesus, o Filho amado de Deus, que através da cruz concretiza um projeto de vida. O episódio está cheio de referências ao Antigo Testamento. O “monte” situa-nos num contexto de revelação (é “no monte” que Deus Se revela e que faz aliança com o seu Povo); a “mudança” do rosto e as vestes de brancura resplandecente recordam o resplendor de Moisés, ao descer do Sinai (Ex 34,29); a nuvem indica a presença de Deus conduzindo o seu Povo através do deserto (Ex 40,35; Nm 9,18.22;10,34). Moisés e Elias representam a Lei e os Profetas (que anunciam Jesus e que permitem entender Jesus); além disso, são personagens que, de acordo com a catequese judaica, deviam aparecer no “dia do Senhor”, quando se manifestasse a salvação definitiva (Dt 18,15-18; Mal 3,22-23). Eles falam com Jesus sobre a sua “morte” (“exodon” – “partida”) que ia dar-se em Jerusalém. A palavra usada por Lucas situa-nos no contexto do “êxodo”: a morte próxima de Jesus é, pois, vista por Lucas como uma morte libertadora, que trará o Povo de Deus da terra da escravidão para a terra da liberdade.

 

A Nova Aliança – A mensagem fundamental, portanto, é esta: Jesus é o Filho amado de Deus, através de Quem o Pai oferece aos homens uma proposta de aliança e de libertação. O Antigo Testamento (Lei e Profetas) e as figuras de Moisés e Elias apontam para Jesus e anunciam a salvação definitiva que n’Ele irá acontecer. Essa libertação definitiva irá acontecer na cruz, quando Jesus cumprir integralmente o seu destino de entrega, de dom, de amor total. É esse o “novo êxodo”, o dia da libertação definitiva do Povo de Deus. E o “sono” dos discípulos e as “tendas”? O “sono” é simbólico: os discípulos “dormem” porque não querem entender que a “glória” do Messias tenha de passar pela experiência da cruz e da entrega da vida; a construção das “tendas” (alusão à “Festa das Tendas”, em que se celebrava o tempo do êxodo, quando o Povo de Deus habitou em tendas, no deserto) parece significar que os discípulos queriam deter-se nesse momento de revelação gloriosa, de festa, ignorando o destino de sofrimento de Jesus.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Jesus foi tentado?


O trecho do Evangelho lido neste domingo (Lc 4,1-13) apresenta-nos uma catequese sobre as tentações de Jesus.

 

Desonra? – Muitos têm dificuldade em aceitar que Jesus foi tentado pelo Diabo. No fundo é porque consideram a tentação como algo desonroso para a pessoa, como uma fraqueza, uma deficiência. Mas não é assim. A tentação não é nem boa e nem má. É simplesmente inevitável. Passa a ser boa ou má segundo a decisão que cada indivíduo toma diante dela.

 

Coisas estranhas – Como podemos dizer que as tentações de Jesus são as mesmas que as nossas?  A primeira tentação acontece no deserto. Mas, na segunda, o Diabo aparece transportando-o pessoalmente ao Templo de Jerusalém. Como o transportou? Levantando-o? Voando? Isto seria aceitar que o Diabo realizou um impressionante prodígio. De onde tirou poder para fazer milagres, quando a tradição bíblica sustenta que só Javé pode fazê-los? Na terceira tentação, o Diabo aparece levando-o a um alto monte, de onde lhe mostra todos os reinos e países do mundo. Existe na Terra esta extraordinária montanha, de onde se pode contemplar semelhante espetáculo?

 

Criação literária – E como pôde Jesus permanecer quarenta dias no deserto sem comer e, principalmente, sem beber? A desidratação não perdoa ninguém. Tudo isso nos leva a supor que, embora Jesus tivesse tido tentações durante sua vida, o modo como elas estão aqui contadas não é histórico. Trata-se mais de uma criação literária dos evangelistas, com a finalidade de deixar um ensinamento religioso, uma idéia válida para a vida dos cristãos. Nenhum exegeta sustenta que Jesus foi realmente levado ao deserto, que ali teve fome e foi tentado, que depois foi levado ao Templo de Jerusalém e terminou em cima de um monte. Toda esta coreografia é uma criação dos evangelistas para deixar-nos um ensinamento.

 

Por que os evangelistas escolheram essas três tentações? Aqui está a chave e o segredo de todo o relato! Escolheram-nas para traçar um paralelo com aquilo que aconteceu com o povo de Israel, logo após a saída do Egito, quando os israelitas entraram no deserto, conduzidos por Deus. Ali permaneceram durante quarenta anos e sofreram especialmente três tentações. Levando em conta esses detalhes, os autores bíblicos apresentam Jesus como o novo povo de Israel, que veio substituir o antigo, pois o povo de Israel, toda vez que fora tentado, tinha sido derrotado. Jesus, ao contrário, sai vitorioso das mesmas tentações e agora forma o novo povo, a nova herança de homens e pode realizar o programa libertador encomendado por Deus ao antigo Israel que, por sua infidelidade, não o pôde levar avante.

 

No deserto – O cenário da primeira tentação de Jesus é o deserto: durante quarenta dias sem comer, Ele sente fome e o Tentador o provoca para converter as pedras em pão. O povo de Israel teve a mesma experiência: depois de sair da opressão do Egito,  durante quarenta anos experimentou uma fome parecida, caindo em tentação. Rebelou-se contra Moisés, desejou poderes especiais para fazer aparecer alimento e até chegou a desejar voltar para a escravidão do Egito. Muitos anos depois Moisés lhes jogaria na cara essa fraqueza, dizendo que deviam ter pensado que nem só de pão vive o homem, mas também de tudo o que sai da boca de Javé (Dt 8,3). Mas quando sobreveio a mesma tentação a Jesus, ele negou-se a usar seus poderes, derrotando o Diabo com as mesmas palavras de Moisés.

 

No Templo – O segundo encontro entre Jesus e o Diabo se deu no Templo, sobre um precipício de mais de cem metros. Ele é convidado a jogar-se dali, para provar que Deus sempre cuida dele. Também o povo de Israel havia passado por semelhante situação: em Masá, no deserto, houve falta d’água e embora soubessem que Javé nunca os havia abandonado, os israelitas exigiram de Moisés que fizesse aparecer água. Caíram na tentação de usá-lo para Deus. E mesmo assim, Deus lhes fez o milagre. Moisés, porém, os censurou: “Não tenteis o Senhor vosso Deus como tentastes em Masá” (Dt 6,16). Essa mesma tentação assaltava agora Jesus. Mas o Senhor, lembrando-se de Moisés, voltou a citá-lo ao Diabo, para vencê-lo.

 

Na montanha – A terceira tentação se dá numa montanha altíssima, de onde Jesus contempla todos os reinos. Dessa vez Satanás lhe propõe que abandona o serviço exclusivo do Pai e converta-se em um adorador seu. O povo de Israel, igualmente, teve essa tentação no deserto: abandonar Javé e fazer para si um ídolo, um bezerro de ouro para adorá-lo (Êx 32). Moisés dirigiu um discurso ao povo antes de entrar na Terra Prometida, pedindo-lhe que não se deixasse tentar por outros deuses, pois “só se deve adorar e prestar culto a Deus” (Dt 6,13). Jesus viveu essa mesma tentação de adorar a outro fora de Deus Pai. E superou-a novamente com as palavras de Moisés que lhe serviram de arma vencedora.

 

Em substituição ao perdedor – Israel havia sido derrotado em todas as provas do deserto, por isso os profetas acreditaram que Deus mandaria um Messias, com força suficiente para vencer todas as tentações e converter em realidade as antigas esperanças do povo. Com o advento do Senhor, os evangelistas sugerem que se inaugura um “novo povo de Israel”, formado por Jesus Cristo e pelos seus seguidores, os cristãos. E dessa vez conseguirá, sim, pois Jesus saiu triunfante das tentações e todo aquele que viver unido a Ele poderá vencer igualmente as tentações. Para isso, os autores colocaram as tentações só no início de sua vida pública, mostrando que, se alguém se esforça em vencê-las, logo tem desimpedido o caminho para o êxito e assegura o triunfo final, como Jesus.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Felizes são vocês...


No trecho do Evangelho lido neste domingo (Lc 6,17.20-26), Jesus proclama as bem-aventuranças.

 

Época – Estamos na Galiléia e Jesus já é conhecido em toda a região, reunindo multidões por onde passa. Estamos no mês de agosto/setembro do ano 28 (lembrar que Jesus foi batizado há quase um ano e, há quatro meses, iniciou o seu ministério proclamando-se o Messias na sinagoga de Nazaré).

 

Dois textos – As bem-aventuranças são apresentadas por dois evangelistas: Mateus e Lucas. Enquanto Mateus apresenta a proclamação bem-aventuranças bem no início do ministério de Jesus, na Galileia (logo após o chamado dos quatro primeiros discípulos), em Lucas esta proclamação é situada após alguns milagres, atritos com os fariseus, o chamado de Mateus e a escolha dos Doze apóstolos. Em Mateus, a proclamação se faz no alto de uma montanha e apenas ao grupo de discípulos. Em Lucas, ela é feita em um lugar baixo e plano, aos discípulos e a uma grande multidão. Mateus cita quatro bem-aventuranças que não estão em Lucas (categorias da tradição profética de Israel): mansidão, misericórdia, pureza de coração e promoção da paz.

 

Ungido – Para entendermos todo o alcance e significado deste texto, devemos recordar que ele está situado na primeira parte do Evangelho de Lucas que é dominada pelo episódio da sinagoga de Nazaré, onde Jesus enuncia o seu programa: “o Espírito do Senhor está sobre Mim porque Me ungiu, para anunciar a Boa Nova aos pobres; enviou-Me a proclamar a libertação aos cativos…” (Lc 4,18-19). As bem-aventuranças de Lucas inserem-se em todo este ambiente: a libertação chegou com Jesus e dirige-se aos pobres.

 

Mensagem – Lucas inicia este “discurso da planície” com quatro bem-aventuranças (que equivalem às nove de Mateus). Os destinatários destas bem-aventuranças são os pobres, os que têm fome, os que choram, os que são perseguidos. Os “pobres” de Lucas são as pessoas privadas de bens e à mercê da prepotência e da violência dos ricos e dos poderosos. São os desprotegidos, os explorados, os pequenos e sem voz, as vítimas da injustiça, que com frequência são privados dos seus direitos e da sua dignidade pela arbitrariedade dos poderosos. Por isso, eles têm fome, choram, são perseguidos.

 

Pobres? – Serão os pobres os primeiros destinatários da salvação de Deus. Por quê? Por que a proposta libertadora de Deus é para uma classe social, em exclusivo? Não! Porque eles estão numa situação intolerável de debilidade e Deus, na sua bondade, quer derramar sobre eles a sua bondade, a sua misericórdia, a sua salvação. Depois, a salvação de Deus dirige-se prioritariamente a eles porque, na sua simplicidade, humildade, disponibilidade e despojamento, os pobres estão mais abertos para acolher a proposta que Deus lhes faz em Jesus.

 

Bem-aventurados – As bem-aventuranças manifestam, numa outra linguagem, o que Jesus já havia dito no início da sua atividade na sinagoga de Nazaré: Ele é enviado pelo Pai ao mundo, com a missão de libertar os oprimidos. Aos pequenos, aos privados de direitos e de dignidade, aos simples e humildes, Jesus diz que Deus os ama de uma forma especial e que quer oferecer-lhes a vida e a liberdade plenas. Por isso eles são “bem-aventurados”.

 

Maldições – As “maldições” (ou os quatro “ais”) aos ricos que preenchem a segunda parte do Evangelho deste domingo são o reverso da medalha. Denunciam a lógica dos opressores, dos instalados, dos poderosos, dos que pisam os outros, dos que têm o coração cheio de orgulho e de auto-suficiência e não estão disponíveis para acolher a novidade revolucionária do “Reino”. As advertências aos ricos não significam que Deus não tenha para eles a mesma proposta de salvação que apresenta aos pobres; mas significam que, se eles persistirem numa lógica de egoísmo, de prepotência, de injustiça, de auto-suficiência, não têm lugar nesse “Reino” que Jesus veio propor.

 

Nova lógica – A proposta de Jesus apresenta uma nova compreensão da existência, bem distinta da que predomina no nosso mundo. A lógica do mundo proclama “felizes” os que têm dinheiro (mesmo quando esse dinheiro resulta da exploração dos mais pobres), os que têm poder (mesmo que esse poder seja exercido com prepotência e arbitrariedade), os que têm influência (mesmo quando essa influência é obtida à custa da corrupção e dos meios ilícitos). A lógica de Deus exalta os pobres, os desfavorecidos: é a esses que Deus Se dirige com uma proposta libertadora e a quem convida a fazer parte da sua família.

 

Boa Nova – O anúncio libertador que Jesus traz é, portanto, uma Boa Nova que enche de alegria os corações amargurados, os marginalizados, os oprimidos. Com o “Reino” que Jesus propõe aos homens, anuncia-se um mundo novo, um mundo de irmãos, no qual a prepotência, o egoísmo, a exploração e a miséria serão definitivamente banidos e onde os pobres e marginalizados terão lugar como filhos iguais e amados de Deus.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Os seus primeiros discípulos


No trecho do Evangelho lido neste domingo, Jesus chama os primeiros apóstolos. E começa com Simão, Tiago e João, convidando-os a serem pescadores de homens. 

Época – Estamos na Galiléia, no início do ministério de Jesus, por volta do mês de maio/junho do ano 28 d.C.. Jesus já apresentou o seu programa na sinagoga de Nazaré como anúncio da Boa Nova aos pobres e proposição da libertação para os prisioneiros… Agora, começam a notar-se os primeiros resultados da atividade de Jesus: à sua volta começa a formar-se o grupo dos que foram sensíveis a essa proposta de salvação e seguiram Jesus. 

Hebreus – No Antigo Testamento, as narrativas de vocação são feitas em estilo literário próprio, com sinais extraordinários e visões, como vemos na vocação de Isaías (veja a primeira leitura da missa). No Novo Testamento, a vocação de Paulo, descrita em Atos, também é narrada em estilo semelhante. Não tendo sido chamado diretamente por Jesus em sua vida, Paulo – a partir da visão de Jesus ressuscitado (veja segunda leitura da missa) – reivindica para si o título de apóstolo. 

Lago – Jesus adota um estilo próprio, convocando as pessoas para fazerem parte de seu grupo. O evangelista Lucas apresenta o chamado destes discípulos no contexto do ensino de Jesus. Jesus inicia seu ministério em Cafarnaum, à beira do "mar" (aí o Rio Jordão forma um grande lago, conhecido na região como "Mar da Galileia"). Lucas o chama de "lago de Genesaré". O centro desta narrativa é o anúncio de Jesus. 

Ensino – Jesus estava na margem do lago de Genesaré e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago e, subindo na barca de Simão, pediu que se afastasse um pouco. Depois sentou‑se e, da barca, ensinava as multidões. A barca (instrumento de pesca para Simão) passa a ser usada por Jesus para anunciar a Palavra da Boa-Nova à multidão. E é na adesão a esta Palavra que se obtêm bons resultados, imprevisíveis, como mostra a pescaria abundante. 

Pesca – Jesus disse a Simão: "Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes". Simão respondeu: "Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes". Assim fizeram e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas. Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!" A pesca imprevista e abundante, sob a orientação de Jesus, é uma confirmação da força de sua palavra.  

Pescadores de homens – Tiago e João, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: "De hoje em diante tu serás pescador de homens". Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus. Na pessoa de Simão, estes pescadores são também chamados por Jesus a assumirem o anúncio da Boa-Nova. 

Reflexões – O texto do Evangelho nos propõe cinco reflexões: 

Ser cristão é... estar com Jesus “no mesmo barco” (a comunidade cristã), de onde a Palavra de Jesus se dirige ao mundo, propondo a todos a libertação. 

Ser cristão é... escutar a proposta de Jesus, fazer o que Ele diz, cumprir as suas indicações, lançar as redes ao mar. Às vezes, as propostas de Jesus podem parecer ilógicas, incoerentes, ridículas; mas é preciso confiar incondicionalmente, entregar-se nas mãos d’Ele e cumprir à risca as suas indicações. 

Ser cristão é... reconhecer Jesus como “o Senhor”: é o que faz Pedro, ao perceber como a proposta de Jesus gera vida e fecundidade para todos. O título “Senhor” (grego, “Kyrios”) é o título que a comunidade cristã primitiva dá a Jesus ressuscitado. 

Ser cristão é... aceitar a missão que Jesus propõe: ser pescador de homens. Trata-se de salvar o homem de morrer afogado no mar da opressão, do egoísmo, do sofrimento, do medo. 

Ser cristão é... deixar tudo e seguir Jesus. Esta alusão ao desprendimento do discípulo é típica de Lucas: expressa que a generosidade e o dom total devem ser sinais distintivos das comunidades e dos crentes que seguem Jesus.