Neste domingo, a Igreja comemora a Assunção de Maria. O Evangelho
lido é Lc 1, 39-56, que descreve a visita de Maria à sua prima Isabel e o
Magnificat.
Uma nova
reflexão – Em tempos que a mídia
e ONGs fazem campanha pró-aborto e a Lei permite a destruição de embriões
congelados, vamos refletir o Evangelho da visitação com outra perspectiva, que
não apenas o carinho e a solicitude de Maria para com sua prima.
O primeiro
milagre de Jesus – Quando se fala no
primeiro milagre de Jesus, logo se pensa nas bodas de Caná da Galiléia, onde
ele converteu a água em vinho a pedido de sua Mãe (Jo 2). Porém, muito antes
desse momento, a Bíblia nos relata outro milagre operado por Jesus, quando
ainda estava no ventre de Maria Santíssima: a santificação de João Batista, que
estava no ventre de Isabel.
Visita – Maria soube, pelo anjo Gabriel,
que sua parenta Isabel, uma anciã estéril, tinha ficado grávida e já estava no
sexto mês de gestação, pois “para Deus nada é impossível” (Lc 1,36-37). Depois
de aceitar a sua própria gravidez (“Eis a serva do Senhor...” - Lc 1,38), Maria
foi amorosa e apressadamente (Lc 1,39) ao encontro da outra gestante, Isabel,
que morava em uma cidade de Judá. Acredita-se que essa cidade seja Ain-Karim,
situada seis quilômetros a oeste de Jerusalém.
Distância – Ora, a distância entre Nazaré – onde
estava Maria – e Jerusalém é de aproximadamente 140 quilômetros. Como ela
viajou “às pressas”, talvez tenha demorado uns seis dias para chegar a
Ain-Karim.
Embrião – Ao entrar na casa de Zacarias e
saudar Isabel, o menino Jesus tinha, então, alguns dias de vida gestacional –
um embrião. Era tão pequeno que nem sequer havia se formado o coração (que só
começa a pulsar entre o 18º e o 21º dia). Nem estava ainda presente o tubo
neural, que daria origem ao sistema nervoso. Estava com a idade de um embrião
que ainda não se fixou no útero, um embrião “pré-implantatório”. Tinha o
tamanho e a aparência daqueles embriões humanos que estão congelados em alguma
clínica, porque “sobraram” no processo de fertilização “in vitro”. Era
semelhante àqueles que, hoje, a Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) permite
que sejam destruídos, a fim de que suas células sejam usadas em pesquisa ou
terapia. Minúsculo e ainda sem uma aparência atraente, Jesus operou um milagre.
Maternidade – Isabel, com um grande grito,
exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!
Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?” (Lc 1,42-43). Note-se que o
menino Jesus ainda não nascera, mas Isabel, “repleta do Espírito Santo” (Lc
1,41) chama Maria “a mãe do meu Senhor” e não “a futura mãe do meu Senhor”. De
fato, a maternidade começa com a concepção e não com o parto. “Pois quando a
tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu em meu ventre” (Lc
1,44). Cumpriu-se aquilo que o anjo Gabriel havia anunciado a Zacarias: o
menino “ficará pleno do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe” (Lc 1,15).
Milagre – Esse milagre foi operado por
Jesus com a mediação de Maria, assim como ocorreria anos depois com o milagre
de Caná. Mas o milagre da visitação supera em muito o milagre das bodas. Por
quê? Porque o primeiro ocorreu na ordem da graça, ao passo que o segundo
ocorreu na ordem da natureza. E a graça – que é a vida de Deus em nós – é imensamente
superior à natureza.
Jesus e João – Comparemos agora o Autor do
milagre (Jesus) com o seu beneficiário (João Batista). Jesus é um pequeno
embrião de alguns dias. João já é um bebê grande, com seis meses de vida de
gestação. Seus órgãos já estão todos formados. Encolhido no ventre de Isabel,
ele já faz sentir sua presença quando se move.
Jesus Deus – Muitas das pessoas que não teriam
escrúpulos em destruir fetos com a idade de Jesus (alguns dias) teriam dúvidas
em fazer isso com um bebê da idade de João (seis meses). No entanto, o pequeno
santificou o grande. Toda a alegria que inundou a casa de Isabel e que culminou
com o cântico de Nossa Senhora (o “Magnificat”) teve como causa aquele
minúsculo ser humano, que também é Deus, oculto no ventre de Maria.
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