sábado, 14 de agosto de 2010

Assunção de Maria


Neste domingo, a Igreja comemora a Assunção de Maria. O Evangelho lido é Lc 1, 39-56, que descreve a visita de Maria à sua prima Isabel e o Magnificat.

 

Uma nova reflexão – Em tempos que a mídia e ONGs fazem campanha pró-aborto e a Lei permite a destruição de embriões congelados, vamos refletir o Evangelho da visitação com outra perspectiva, que não apenas o carinho e a solicitude de Maria para com sua prima.

 

O primeiro milagre de Jesus – Quando se fala no primeiro milagre de Jesus, logo se pensa nas bodas de Caná da Galiléia, onde ele converteu a água em vinho a pedido de sua Mãe (Jo 2). Porém, muito antes desse momento, a Bíblia nos relata outro milagre operado por Jesus, quando ainda estava no ventre de Maria Santíssima: a santificação de João Batista, que estava no ventre de Isabel.

 

Visita – Maria soube, pelo anjo Gabriel, que sua parenta Isabel, uma anciã estéril, tinha ficado grávida e já estava no sexto mês de gestação, pois “para Deus nada é impossível” (Lc 1,36-37). Depois de aceitar a sua própria gravidez (“Eis a serva do Senhor...” - Lc 1,38), Maria foi amorosa e apressadamente (Lc 1,39) ao encontro da outra gestante, Isabel, que morava em uma cidade de Judá. Acredita-se que essa cidade seja Ain-Karim, situada seis quilômetros a oeste de Jerusalém.

 

Distância – Ora, a distância entre Nazaré – onde estava Maria – e Jerusalém é de aproximadamente 140 quilômetros. Como ela viajou “às pressas”, talvez tenha demorado uns seis dias para chegar a Ain-Karim.

 

Embrião – Ao entrar na casa de Zacarias e saudar Isabel, o menino Jesus tinha, então, alguns dias de vida gestacional – um embrião. Era tão pequeno que nem sequer havia se formado o coração (que só começa a pulsar entre o 18º e o 21º dia). Nem estava ainda presente o tubo neural, que daria origem ao sistema nervoso. Estava com a idade de um embrião que ainda não se fixou no útero, um embrião “pré-implantatório”. Tinha o tamanho e a aparência daqueles embriões humanos que estão congelados em alguma clínica, porque “sobraram” no processo de fertilização “in vitro”. Era semelhante àqueles que, hoje, a Lei de Biossegurança (Lei 11.105/2005) permite que sejam destruídos, a fim de que suas células sejam usadas em pesquisa ou terapia. Minúsculo e ainda sem uma aparência atraente, Jesus operou um milagre.

 

Maternidade – Isabel, com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?” (Lc 1,42-43). Note-se que o menino Jesus ainda não nascera, mas Isabel, “repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41) chama Maria “a mãe do meu Senhor” e não “a futura mãe do meu Senhor”. De fato, a maternidade começa com a concepção e não com o parto. “Pois quando a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu em meu ventre” (Lc 1,44). Cumpriu-se aquilo que o anjo Gabriel havia anunciado a Zacarias: o menino “ficará pleno do Espírito Santo ainda no seio de sua mãe” (Lc 1,15).

 

Milagre – Esse milagre foi operado por Jesus com a mediação de Maria, assim como ocorreria anos depois com o milagre de Caná. Mas o milagre da visitação supera em muito o milagre das bodas. Por quê? Porque o primeiro ocorreu na ordem da graça, ao passo que o segundo ocorreu na ordem da natureza. E a graça – que é a vida de Deus em nós – é imensamente superior à natureza.

 

Jesus e João – Comparemos agora o Autor do milagre (Jesus) com o seu beneficiário (João Batista). Jesus é um pequeno embrião de alguns dias. João já é um bebê grande, com seis meses de vida de gestação. Seus órgãos já estão todos formados. Encolhido no ventre de Isabel, ele já faz sentir sua presença quando se move.

 

Jesus Deus – Muitas das pessoas que não teriam escrúpulos em destruir fetos com a idade de Jesus (alguns dias) teriam dúvidas em fazer isso com um bebê da idade de João (seis meses). No entanto, o pequeno santificou o grande. Toda a alegria que inundou a casa de Isabel e que culminou com o cântico de Nossa Senhora (o “Magnificat”) teve como causa aquele minúsculo ser humano, que também é Deus, oculto no ventre de Maria.

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