sábado, 11 de dezembro de 2010

Jesus é mesmo o Cristo?


No Evangelho das missas deste domingo (Mt 11, 2-11), o relato feito por Mateus acontece no ano 26 d.C., quando João Batista estava preso na prisão de Maqueronte, por ordem de Herodes Antipas. João permaneceu dez meses preso, até o dia em que Herodíades, por intermédio de sua filha Salomé, conseguiu convencer Herodes de matar João, pedindo como presente a cabeça dele em uma bandeja de prata.

 

Dúvida do Batista – João, ouvindo falar das obras de Jesus, mandou seus discípulos perguntarem: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?”

 

Messias? – A pergunta não é feita à toa… João esperava um Messias que viesse lançar fogo a terra, castigar os maus e os pecadores, dar início ao “juízo de Deus” (Evangelho de domingo passado); e, ao contrário, Jesus aproximou-Se dos pecadores, dos marginais, dos impuros, estendeu-lhes a mão, mostrou-lhes o amor de Deus, ofereceu-lhes a salvação. João e os seus discípulos estão, portanto, desconcertados: Jesus será o Messias esperado ou é preciso esperar outro, que venha atuar de uma forma mais decidida, mais lógica e mais justiceira?

 

Vários Messias – O tempo de Jesus era uma época de expectativas. O povo era muito sofrido, dominado pelo Império Romano e reprimido pela elite dos judeus. Crescia muito a esperança na vinda de um Messias libertador, esperado há séculos. O primeiro século da nossa era foi marcado pelo aparecimento de muitos líderes populares, propondo-se como Messias. Cada grupo da Palestina tinha as suas expectativas sobre como seria a pessoa e a atuação desse Messias prometido.

 

Resposta – Jesus responde aos discípulos de João, mostrando ser o Messias esperado por seus atos. Usando textos do profeta Isaías, ele mostra que o Reino de Deus chegou nele, pois acontecem as obras de libertação que são características do Reino: com os mortos (Is 26,19), os surdos (Is 29,18-19), os cegos, surdos, coxos e pobres (Is 35,5-6), e o anúncio da Boa-Nova aos pobres (Is 61,1).

 

Relações – O messianismo de Jesus não se enquadrava nas expectativas de muita gente, que esperava a derrota dos opressores, mas não vislumbravam um mundo novo, baseado em solidariedade e justiça. Jesus veio estabelecer no meio dos homens o Reino de Deus, baseado no conceito de “justiça” – o restabelecimento de relações corretas de cada pessoa com Deus, consigo mesmo, com o outro e com a natureza. Veio realmente criar novas relações e não anunciar velhas relações com os papéis invertidos, em que o oprimido vira opressor.

 

Desafio – Jesus sempre é questionador, desafia as nossas expectativas. Para muitos, a proposta de Jesus era difícil demais, pois mexia com o próprio comodismo. Ele era uma novidade total que não se enquadrava nos velhos esquemas. Por isso diz: “E feliz de quem não se escandalizar por minha causa”. Hoje também, a pessoa e o projeto de Jesus desafiam a todos – especialmente nós cristãos.

 

Jesus ‘Light’ – Muitos cristãos têm uma idéia de como deve ser a figura do Messias – triunfal, poderoso, milagreiro, que não mexe com as estruturas sociais, políticas, econômicas da sociedade, que não nos desafia a criar novas relações, na contramão da sociedade materialista, individualista e consumista. Muitos hoje preferem um Jesus “light” – que funciona como analgésico, que nos apazigua a consciência, que nos dá emoções fortes, mas que não nos joga na luta dura da criação de uma nova sociedade, baseada nos princípios do Reino!

 

E onde existe esse Reino? – O Reino existe onde se faz o que Jesus fazia – onde os mais excluídos estão integrados, os rejeitados estão acolhidos, a Boa-Nova de libertação total é pregada e vivenciada – e onde se faz a vontade de Jesus, que veio “para que todos tenham a vida e a tenham em abundância”. É este Jesus que aguardamos no Natal.

 

Advento – Que o Advento seja também, tempo de purificação das falsas imagens a respeito de Jesus, que talvez permeiem as nossas mentes. Ele só renasce onde as pessoas, sejam elas cristãs ou não, se comprometem com as mesmas metas Dele, conforme o texto nos demonstra. Somos felizes, se essas exigências não forem escândalo para nós. A novidade perene do Evangelho e de Jesus nos desafia a rompermos com os nossos velhos esquemas, para que concretizemos, nas nossas vidas, a vinda do Reino.

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