Ambiente – Estamos ainda no cenário do “Sermão da Montanha”. No cimo de um monte, Jesus continua oferecendo, a sua comunidade, a Lei que deve guiar o novo Povo de Deus ao longo da sua marcha pela história (como outrora Deus ofereceu ao Povo de Israel, na montanha do Sinai, a Lei que guiou o Povo na sua caminhada histórica).
História do texto – A redação final do Evangelho segundo Mateus aconteceu na década de 80, dez anos após a destruição de Jerusalém. A tão esperada segunda vinda de Jesus ainda não ocorrera. Os discípulos estavam desanimados e desiludidos. A sua vivência cristã entrava numa fase de desleixo, de rotina, de instalação, de conformismo; a sua fé tornava-se “morna” e sem grandes exigências. Por outro lado, era a época em que começam a aparecer falsos profetas, que se apresentavam como enviados de Deus, que reivindicavam a estima e a admiração da comunidade, mas que tinham comportamento pouco cristão e ensinavam doutrinas estranhas. É neste contexto que Mateus compôs a reflexão que o Evangelho deste domingo nos apresenta.
Coerência – O texto apresenta duas partes, com dois temas distintos. No entanto, tanto uma como outra apelam para uma vida de coerência com a Palavra de Deus e com as propostas de Jesus.
Critérios – Na primeira parte, Mateus oferece à sua comunidade critérios para identificar os falsos profetas, os falsos discípulos. A descrição de Mateus é bastante real. Eles dizem “Senhor, Senhor”, mas não fazem a vontade de Deus; profetizam, expulsam demônios, fazem milagres em nome de Deus, mas não mantêm com Deus uma relação de comunhão e de intimidade; têm Deus nos lábios, mas o seu coração está cheio de iniquidade… Falam muito e bem, mas as suas obras denunciam a sua falsidade. O verdadeiro profeta, o verdadeiro discípulo, é aquele que, para além das palavras que diz, faz a vontade do Pai que está nos céus.
Rocha – Na segunda parte, temos a parábola das duas casas – uma construída sobre a areia e outra construída sobre a rocha. Na perspectiva de Mateus, o que é construir a casa sobre a rocha? A situação do texto é clara: construir a vida de acordo com os ensinamentos e propostas apresentados por Jesus no “Sermão da Montanha”. Esse é o caminho seguro para encontrar um sentido para a própria existência. As dificuldades da caminhada não impedirão o homem de alcançar a vida plena, se a sua vida estiver construída sobre a Palavra de Jesus.
Areia – Na perspectiva de Mateus, o que é construir a casa sobre a areia? É seguir o caminho do próprio egoísmo e da própria autossuficiência, à margem das propostas apresentadas por Jesus. Nessas circunstâncias, a “casa” irá desmoronar rapidamente e não dará qualquer garantia de eternidade, de vida plena e definitiva.
Mensagem – O Evangelho deste domingo convida a comunidade de Mateus e as comunidades cristãs de todos os tempos, a enraizar a sua vida na Palavra de Jesus e a traduzir essa adesão em ações concretas. A Palavra de Jesus tem de ser, realmente, assumida, interiorizada, transformada em vida concreta pelo cristão. Não basta invocar o Senhor ou ter gestos externos de piedade – mesmo que esses gestos sejam espetaculares: é preciso viver dia a dia, momento a momento, com fidelidade e constância, as propostas de Jesus.
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