sábado, 12 de março de 2011

O caminho batismal da Quaresma

Transcrevemos hoje os principais trechos da mensagem do Papa na abertura da Quaresma. 

Caminho – A Quaresma é um caminho, é acompanhar Jesus que sobe a Jerusalém, lugar do cumprimento do seu mistério de paixão, morte e ressurreição; ela nos recorda que a vida cristã é um "caminho" a ser percorrido, que consiste não tanto em uma lei a ser observada, mas na própria pessoa de Cristo, a quem vamos encontrar, acolher, seguir.  

Cruz – Jesus, de fato, fala: "Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz, cada dia, e siga-me" (Lc 9,23). Em outras palavras, diz-nos que, para chegar com Ele à luz e à alegria da ressurreição, à vitória da vida, do amor, do bem, também nós devemos carregar a cruz de cada dia, como nos exorta uma bela página da "Imitação de Cristo": "Toma, pois, a tua cruz, segue a Jesus e entrarás na vida eterna. O Senhor foi adiante, com a cruz às costas, e nela morreu por teu amor, para que tu também leves a tua cruz e nela desejes morrer. Porquanto, se com Ele morreres, também com Ele viverás. E, se fores seu companheiro na pena, também o serás na glória".  

Batismo – Nos domingos da Quaresma somos introduzidos a viver um itinerário batismal, percorrendo quase o caminho dos catecúmenos, daqueles que se preparam para receber o Batismo. No 1º Domingo, chamado "Domingo da tentação", pois apresenta as tentações de Jesus no deserto, convida-nos a renovar nossa decisão definitiva por Deus e a enfrentar com coragem a luta que nos espera para permanecermos fiéis a Ele.  

Abraão – O 2º Domingo é chamado "de Abraão e da Transfiguração". O Batismo é o sacramento da fé e da filiação divina; como Abraão, pai dos crentes, também nós somos convidados a partir, a sair da nossa terra, a deixar as seguranças que construímos para colocar nossa confiança novamente em Deus; a meta pode ser vislumbrada na transfiguração de Cristo, o Filho amado, em quem também nós nos tornamos "filhos de Deus". Nos domingos sucessivos, apresenta-se o Batismo nas imagens da água, da luz e da vida.  

Água da vida – O 3º Domingo nos faz encontrar a Samaritana (cf. Jo 4, 5-42). Como Israel no Êxodo, também nós, no Batismo, recebemos a água que salva; Jesus, como diz à Samaritana, tem uma água da vida, que sacia toda sede; e esta água é seu próprio Espírito. A Igreja, neste Domingo, marca o primeiro exame dos catecúmenos e, durante a semana, entrega-lhes o Símbolo: a Profissão da fé, o Credo.  

Luz – O 4º Domingo nos faz refletir sobre a experiência do "cego de nascimento" (cf. Jo 9,1-41). No Batismo, somos libertados das trevas do mal e recebemos a luz de Cristo para viver como filhos da luz. Também nós devemos aprender a ver a presença de Deus no rosto de Cristo e, assim, a luz. No caminho dos catecúmenos, celebra-se o segundo exame.  

Da morte à vida – Finalmente, o 5º Domingo nos apresenta a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,1-45). No Batismo, passamos da morte à vida e nos tornamos capazes de agradar Deus, de fazer o homem velho morrer, para viver do Espírito do Ressuscitado. Para os catecúmenos, celebra-se o terceiro exame, e durante a semana recebem a Oração do Senhor, o Pai Nosso. 

Práticas – Este itinerário que somos convidados a percorrer na Quaresma é caracterizado, na tradição da Igreja, por algumas práticas: o jejum, a esmola e a oração. Jejuar significa abster-se de comida, mas inclui outras formas de privação que visam a uma vida mais sóbria. Ao santo jejum, não se pode acrescentar um trabalho mais útil do que a esmola, que, sob a denominação única de ‘misericórdia', inclui muitas obras boas. A Quaresma é também um momento privilegiado para a oração. Por isso a Igreja ela nos convida a uma oração mais fiel e intensa, e a uma meditação prolongada sobre a Palavra de Deus. 

Convite – Fiquemos atentos para acolher o convite de Cristo a segui-lo de maneira mais determinada e coerente, renovando a graça e os compromissos do nosso Batismo, para abandonar o homem velho que está em nós e revestir-nos de Cristo, para, renovados, chegar à Páscoa e poder dizer [junto] com São Paulo: "Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim".

Nenhum comentário:

Postar um comentário