domingo, 11 de novembro de 2012

Pagar para ter acesso a Deus?

O Evangelho deste domingo nos conta que Jesus está em Jerusalém, em seus últimos dias de pregação. É segunda ou terça-feira, dia 3 ou 4 de abril do ano 30. Na sexta-feira seguinte (dia 7 de abril) Jesus será preso, condenado, crucificado e morrerá na cruz. No domingo (dia 8 de abril) ressuscitará. 

Os doutores da Lei e a viúva – Jesus estava no Templo e falava ao povo: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação”. Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantias. Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. Jesus chamou os discípulos e disse: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”. 

O que era o Templo? – O Templo de Jerusalém era o santuário do povo judeu. O primeiro templo foi construído por Salomão com grande ostentação (950 a.C.). Destruído pelos babilônios (587 a.C.), foi modestamente reconstruído (515 a.C.) pelos judeus que voltaram do cativeiro. Mais tarde, o rei Herodes, como favor romano, iniciou a sua reconstrução grandiosa, que decorreu no tempo de Jesus, terminando por volta do ano 64, para ser destruído pelos Romanos em 70. 

Administradores – Na época de Jesus, os escribas podiam servir como administradores dos bens das viúvas.  Muitas vezes, cobravam uma parte dos bens como pagamento – e um escriba com fama de piedade tinha muitas possibilidades de ganhar clientes!   

Ofertas – Havia, no Templo de Jerusalém, desde sua construção por Salomão, uma sala chamada Tesouro ou "Gazofilácio", onde guardavam as grandes riquezas acumuladas. Esta sala tinha algumas pequenas aberturas externas, as "caixas de ofertas", por onde eram depositadas as oferendas dos fiéis. A fala de Jesus sobre o gesto da viúva está em continuidade à sua denúncia sobre o Templo, usado como instrumento de comércio e enriquecimento.  

Partilha – A pobre viúva, como as multidões de empobrecidos que faziam sua peregrinação religiosa a Jerusalém, sacrificava-se tirando o necessário para viver, sendo assim explorada por aqueles que usufruíam das riquezas acumuladas no Tesouro do Templo. Com a opção fundamental pelo serviço, Jesus nos inspira à prática amorosa da partilha e da solidariedade, na construção do mundo novo possível. 

Madre Teresa – A seguir é apresentado o texto “Um Caminho muito Simples” escrito por Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade: 

Dar – “É preciso dar alguma coisa que vos custe. Não basta dar apenas aquilo que não precisais, mas também aquilo de que não podeis nem quereis privar-vos, coisas às quais estais apegados. O nosso dom tornar-se-á, então, um sacrifício que terá valor aos olhos de Deus… É aquilo a que chamo o amor em ação. Todos os dias, vejo crescer este amor, tanto nas crianças, como nos homens e nas mulheres”. 

Mendigo – “Um dia, descia a rua; um mendigo veio ter comigo e disse-me: ‘Madre Teresa, toda a gente te dá presentes; também eu quero dar-te qualquer coisa. Hoje, só recebi vinte e nove centavos em todo o dia e quero dar para a senhora’. Refleti um momento: se aceito estes vinte e nove centavos (que, praticamente, nada valem), ele corre o risco de nada ter para comer esta noite e se não os aceito, faço-o sofrer. Então, estendi as mãos e aceitei o dinheiro. Nunca vi tanta alegria num rosto como naquele homem, tão feliz por ter podido dar alguma coisa a Madre Teresa! Era um sacrifício enorme para ele, que tinha mendigado todo o dia, ao Sol, esta soma irrisória que para nada servia. Mas, ao mesmo tempo, era maravilhoso, pois estas moedinhas a que ele renunciava tornavam-se numa fortuna, uma vez que eram dadas com tanto amor”.

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