Os doutores da
Lei e a viúva – Jesus estava no
Templo e falava ao povo: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de
andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; gostam
das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. Eles
devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles
receberão a pior condenação”. Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre
das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre.
Muitos ricos depositavam grandes quantias. Então chegou uma pobre viúva que deu
duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. Jesus chamou os discípulos e
disse: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros
que ofereceram esmolas. Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na
sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.
O que era o
Templo? – O Templo de Jerusalém
era o santuário do povo judeu. O primeiro templo foi construído por Salomão com
grande ostentação (950 a.C.). Destruído pelos babilônios (587 a.C.), foi
modestamente reconstruído (515 a.C.) pelos judeus que voltaram do cativeiro.
Mais tarde, o rei Herodes, como favor romano, iniciou a sua reconstrução grandiosa,
que decorreu no tempo de Jesus, terminando por volta do ano 64, para ser
destruído pelos Romanos em 70.
Administradores
– Na época de Jesus, os
escribas podiam servir como administradores dos bens das viúvas. Muitas vezes, cobravam uma parte dos bens
como pagamento – e um escriba com fama de piedade tinha muitas possibilidades
de ganhar clientes!
Ofertas – Havia, no Templo de Jerusalém,
desde sua construção por Salomão, uma sala chamada Tesouro ou "Gazofilácio",
onde guardavam as grandes riquezas acumuladas. Esta sala tinha algumas pequenas
aberturas externas, as "caixas de ofertas", por onde eram depositadas
as oferendas dos fiéis. A fala de Jesus sobre o gesto da viúva está em
continuidade à sua denúncia sobre o Templo, usado como instrumento de comércio
e enriquecimento.
Partilha – A pobre viúva, como as multidões
de empobrecidos que faziam sua peregrinação religiosa a Jerusalém, sacrificava-se
tirando o necessário para viver, sendo assim explorada por aqueles que
usufruíam das riquezas acumuladas no Tesouro do Templo. Com a opção fundamental
pelo serviço, Jesus nos inspira à prática amorosa da partilha e da
solidariedade, na construção do mundo novo possível.
Madre Teresa – A seguir é apresentado o texto
“Um Caminho muito Simples” escrito por Madre Teresa de Calcutá (1910-1997),
fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade:
Dar – “É preciso dar alguma coisa que
vos custe. Não basta dar apenas aquilo que não precisais, mas também aquilo de
que não podeis nem quereis privar-vos, coisas às quais estais apegados. O nosso
dom tornar-se-á, então, um sacrifício que terá valor aos olhos de Deus… É
aquilo a que chamo o amor em ação. Todos os dias, vejo crescer este amor, tanto
nas crianças, como nos homens e nas mulheres”.
Mendigo – “Um dia, descia a rua; um mendigo
veio ter comigo e disse-me: ‘Madre Teresa, toda a gente te dá presentes; também
eu quero dar-te qualquer coisa. Hoje, só recebi vinte e nove centavos em todo o
dia e quero dar para a senhora’. Refleti um momento: se aceito estes vinte e
nove centavos (que, praticamente, nada valem), ele corre o risco de nada ter
para comer esta noite e se não os aceito, faço-o sofrer. Então, estendi as mãos
e aceitei o dinheiro. Nunca vi tanta alegria num rosto como naquele homem, tão
feliz por ter podido dar alguma coisa a Madre Teresa! Era um sacrifício enorme
para ele, que tinha mendigado todo o dia, ao Sol, esta soma irrisória que para
nada servia. Mas, ao mesmo tempo, era maravilhoso, pois estas moedinhas a que
ele renunciava tornavam-se numa fortuna, uma vez que eram dadas com tanto amor”.
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