A segunda leitura das missas deste domingo é o início do Livro do
Apocalipse. O texto é uma visão de João, que apresenta Jesus caminhando lado a
lado com sua Igreja. Vamos refletir.
Época
– Estamos nos finais do reinado de
Domiciano (por volta do ano 95); os cristãos eram perseguidos de forma violenta
e organizada e parecia que todos os poderes do mundo se voltavam contra os
seguidores de Cristo. Muitos cristãos, cheios de medo, abandonavam o Evangelho
e passavam para o lado do império. Na comunidade dizia-se: “Jesus é o Senhor”;
mas lá fora, quem mandava mesmo como senhor todo-poderoso era o Imperador de
Roma.
Apocalipse
– É neste contexto de perseguição, de
medo e de martírio que vai ser escrito o Apocalipse. O objetivo do autor é
apresentar aos crentes um convite à conversão (capítulos de 1 a 3) e uma
leitura profética da história que os ajude a enfrentar a tempestade com
esperança e a acreditar na vitória final de Deus e dos crentes (capítulos de 4
a 22).
A
leitura – O texto da segunda leitura deste
domingo pertence à primeira parte do livro. Nele, apresenta-se – recorrendo à
linguagem simbólica, pois é através dos símbolos que melhor se expressa a
realidade do mistério – o “Filho do Homem”: é Ele o Senhor da história e Aquele
através de quem Deus revela aos homens o seu projeto.
Jesus
– Esse “Filho do Homem” é Cristo
ressuscitado. Para descrevê-lo em pormenor, o autor (João, exilado na ilha de
Patmos por causa do Evangelho) vai recorrer a símbolos herdados do mundo do
Velho Testamento que sublinham, antes de mais, a divindade de Jesus.
Preside
a Igreja – Este “Filho do Homem” é apresentado
como o Senhor que preside à sua Igreja (no versículo 12, os sete candelabros
representam a totalidade da Igreja de Jesus; recordar que o sete é o número que
indica plenitude, totalidade) e que caminha no meio dela e com ela (versículo
13a).
É
Sacerdote – Ele está revestido de dignidade
sacerdotal (a longa túnica, distintivo da dignidade sacerdotal revela que Ele
é, agora, o verdadeiro intermediário entre Deus e os homens – versículo 13b) e
possui dignidade real (o cinto de ouro, porque n’Ele reside a realeza e a
autoridade sobre a história, o mundo e a Igreja – versículo 13c).
É o
Cristo – Sobretudo, Ele é o Cristo do
mistério pascal: esteve morto, voltou à vida e é agora o Senhor da vida que
derrotou a morte (versículo 18). A história começa e acaba n’Ele (versículo
17b). Por isso, os cristãos nada terão a temer.
Profeta
– A João, Cristo ressuscitado confia
a missão profética de testemunhar. O fato de João cair por terra como morto e o
fato de o Senhor o reanimar com um gesto (versículo 17) fazem-nos pensar em
vários relatos de vocação profética do Antigo Testamento. O “profeta” João é,
pois, enviado às igrejas; a sua missão é anunciar uma mensagem de esperança que
permita enfrentar o medo e a perseguição. Sobretudo, é chamado a anunciar a
todos os cristãos que Jesus ressuscitado está vivo, que caminha no meio da sua
Igreja e que, com Ele, nenhum mal nos acontecerá, pois é Ele que preside à
história.
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