sábado, 6 de abril de 2013

O Apocalipse de João


A segunda leitura das missas deste domingo é o início do Livro do Apocalipse. O texto é uma visão de João, que apresenta Jesus caminhando lado a lado com sua Igreja. Vamos refletir.  

Época – Estamos nos finais do reinado de Domiciano (por volta do ano 95); os cristãos eram perseguidos de forma violenta e organizada e parecia que todos os poderes do mundo se voltavam contra os seguidores de Cristo. Muitos cristãos, cheios de medo, abandonavam o Evangelho e passavam para o lado do império. Na comunidade dizia-se: “Jesus é o Senhor”; mas lá fora, quem mandava mesmo como senhor todo-poderoso era o Imperador de Roma. 

Apocalipse – É neste contexto de perseguição, de medo e de martírio que vai ser escrito o Apocalipse. O objetivo do autor é apresentar aos crentes um convite à conversão (capítulos de 1 a 3) e uma leitura profética da história que os ajude a enfrentar a tempestade com esperança e a acreditar na vitória final de Deus e dos crentes (capítulos de 4 a 22). 

A leitura – O texto da segunda leitura deste domingo pertence à primeira parte do livro. Nele, apresenta-se – recorrendo à linguagem simbólica, pois é através dos símbolos que melhor se expressa a realidade do mistério – o “Filho do Homem”: é Ele o Senhor da história e Aquele através de quem Deus revela aos homens o seu projeto. 

Jesus – Esse “Filho do Homem” é Cristo ressuscitado. Para descrevê-lo em pormenor, o autor (João, exilado na ilha de Patmos por causa do Evangelho) vai recorrer a símbolos herdados do mundo do Velho Testamento que sublinham, antes de mais, a divindade de Jesus. 

Preside a Igreja – Este “Filho do Homem” é apresentado como o Senhor que preside à sua Igreja (no versículo 12, os sete candelabros representam a totalidade da Igreja de Jesus; recordar que o sete é o número que indica plenitude, totalidade) e que caminha no meio dela e com ela (versículo 13a). 

É Sacerdote – Ele está revestido de dignidade sacerdotal (a longa túnica, distintivo da dignidade sacerdotal revela que Ele é, agora, o verdadeiro intermediário entre Deus e os homens – versículo 13b) e possui dignidade real (o cinto de ouro, porque n’Ele reside a realeza e a autoridade sobre a história, o mundo e a Igreja – versículo 13c). 

É o Cristo – Sobretudo, Ele é o Cristo do mistério pascal: esteve morto, voltou à vida e é agora o Senhor da vida que derrotou a morte (versículo 18). A história começa e acaba n’Ele (versículo 17b). Por isso, os cristãos nada terão a temer.

Profeta – A João, Cristo ressuscitado confia a missão profética de testemunhar. O fato de João cair por terra como morto e o fato de o Senhor o reanimar com um gesto (versículo 17) fazem-nos pensar em vários relatos de vocação profética do Antigo Testamento. O “profeta” João é, pois, enviado às igrejas; a sua missão é anunciar uma mensagem de esperança que permita enfrentar o medo e a perseguição. Sobretudo, é chamado a anunciar a todos os cristãos que Jesus ressuscitado está vivo, que caminha no meio da sua Igreja e que, com Ele, nenhum mal nos acontecerá, pois é Ele que preside à história.

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