sábado, 13 de julho de 2013

O Bom Samaritano


A parábola do “Bom Samaritano” talvez seja a mais conhecida de todas as parábolas de Jesus. Mas quem são os samaritanos e qual a razão de Jesus ter se utilizado de uma pessoa desse povo em sua parábola? 

Samaritano – A Samaria era a região central da Palestina – uma região heterodoxa, habitada por uma raça de sangue misturado (de judeus e pagãos) e de religiões diferentes. Se nós observarmos o mapa da Palestina na época de Jesus, vamos notar as três principais regiões: a Galiléia (no norte) a Samaria (no centro) e a Judéia (no sul). Mas, por que existia tanto preconceito com os Samaritanos? 

Origens – Desde o ano de 931 a.C., a Judéia e a Samaria eram estados separados, com freqüentes guerras, embora habitados pelo mesmo povo hebreu. Historicamente, a divisão começou quando, em 721 a.C., a Samaria foi tomada pelos assírios e parte da população samaritana foi deportada. Na Samaria instalaram-se, então, colonos assírios que se misturaram com a população local. Embora apenas 4% da população samaritana tenha sido deportada, para os judeus, os habitantes da Samaria começaram a paganizar-se (2 Re 17,29). 

Judeus – A relação entre as duas comunidades deteriorou-se ainda mais com a volta dos judeus (para a Judéia) do Exílio da Babilônia (em 538 a.C.). Os judeus recusaram a ajuda dos samaritanos (Esd 4,1-5) para reconstruir o Templo de Jerusalém (ano 437 a.C.) e denunciaram os casamentos mistos. Tiveram, então, de enfrentar a oposição dos samaritanos na reconstrução da cidade (Ne 3,33-4,17). No ano 333 a.C., novo elemento de separação: os samaritanos construíram um Templo no monte Garizim; no entanto, esse Templo foi destruído em 128 a.C. por João Hircano. Mais tarde, as desfeitas continuaram: a mais famosa aconteceu por volta do ano 6 d.C., quando os samaritanos profanaram o Templo de Jerusalém durante a festa da Páscoa, espalhando ossos humanos nos átrios. 

Desprezo recíproco – Na época de Jesus, existia uma animosidade muito viva entre samaritanos e judeus. Os judeus desprezavam os samaritanos por serem uma mistura de sangue israelita com estrangeiros e consideravam-nos hereges em relação à pureza da fé judaica; e os samaritanos pagavam aos judeus com um desprezo semelhante. 

Impuro – Para o judeu, não havia samaritano bom. Se um samaritano tocasse no corpo de um judeu, mesmo casualmente ou de maneira rápida, o judeu se considerava impuro. Ao chegar em casa, passaria por um ritual de purificação. A sombra de um samaritano seria o suficiente para estragar uma comida, tornando-a impura aos olhos de um judeu. 

Situação da parábola – Jesus é questionado por um especialista em leis com a pergunta: “Quem é o meu próximo?”. Ele não faz uma discussão teórica e estéril sobre quem seja o próximo, mas conta a parábola do “Bom Samaritano”. Vejamos.

Parábola – Depois de um assalto, passou pela vítima um sacerdote que “viu o homem e passou adiante pelo outro lado”. A mesma coisa aconteceu com um levita. Quando passou um samaritano e viu o sofrimento alheio, ele não pensou em discussões teológicas sobre pureza e parte para uma ajuda prática, com misericórdia.

Quem se fez próximo? – Terminando a história, Jesus devolve a pergunta ao especialista em leis – mas, faz uma mudança fundamental: não faz a pergunta teórica “quem é o meu próximo”, e sim uma pergunta prática “quem se fez próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” A primeira pergunta só levaria a uma discussão vazia; a de Jesus leva a uma mudança de prática vivencia.

Misericórdia – Forçado a reconhecer que quem se fez próximo do sofredor era o samaritano, o legista ouviu da boca de Jesus a conclusão: “Vá e faça a mesma coisa”. Com esta parábola, Jesus quer ensinar que nada, nem o culto, têm prioridade sobre a ajuda a uma pessoa necessitada. A religião de Jesus não é teoria: é prática de misericórdia, pois Deus é misericordioso. O legista já sabia a orientação da Escritura, mas, tentava escapar das suas conseqüências, criando discussões inúteis. Nós também sabemos o que diz a Bíblia: não tentemos, pois, esvaziá-la com debates estéreis sobre quem é “o pobre”, “o aflito”, “o próximo”, “o bom”. Façamos o que Jesus ensina nesta parábola “e viveremos”.

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