No Evangelho
das missas deste domingo (Mt 11,25-30), Jesus pronuncia estas palavras: “Eu te
louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios
e entendidos e as revelaste aos pequeninos”.
Contexto – Nos versículos anteriores ao texto que nos é proposto (confira Mt
11,20-24), Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas
cidades situadas à volta do lago de Tiberíades (Corozaim, Betsaida, Cafarnaum),
porque foram testemunhas da sua proposta de salvação e mantiveram-se
indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas
certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam questionar-se, a
fim de abrir o coração à novidade de Deus.
Crítica – O contexto de Mt 11, 25-30 é a crítica de Jesus a estas cidades vizinhas
ao Mar da Galileia que, beneficiadas pelo ensinamento e pelos atos de poder de
Jesus, não se converteram, não se abriram ao sopro de sua palavra nem aderiram
à sua pessoa. O hino de louvor de Jesus dirigido ao Pai é uma clara oposição a
essas cidades que não se converteram.
Agora – Jesus manifesta-Se convicto de que essa proposta rejeitada pelos
habitantes das cidades do lago encontrará acolhimento entre os pobres e
marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela
libertação que Deus tem para lhes oferecer.
Surpresa – Teria sido, em certo sentido, surpreendente para Jesus experimentar que
aqueles que se diziam sábios, conhecedores e intérpretes da Palavra de Deus
fossem os que lhe fizessem oposição, engajando-se em fazê-lo perecer.
Revelação – O que é escondido aos que se pretendem sábios e entendidos e o que é
revelado aos “pobres de espírito”? O que está dito no versículo 27 (“Tudo me
foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém
conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”) pode
ser compreendido nesses termos: é Jesus quem revela o Pai. Somente quem se abre
para reconhecer e aceitar Jesus como enviado do Pai é que pode conhecer a
relação filial que une profundamente Jesus e Deus (confira em Jo 14,10-11 e em
Cl 1,15).
Sábio – Jesus é não somente o Sábio, mas a “Sabedoria de Deus”, que atrai todos
a si e os instrui na Lei que o Senhor deu ao povo para preservar o dom da vida
e da liberdade. O texto termina com um convite de Jesus àqueles que ainda estão
fora do grupo dos seus discípulos: “Vinde a Mim, todos os que andais cansados e
oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que
sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque
o meu jugo é suave e a minha carga é leve”.
Fardo – O “jugo” (ou fardo) era uma peça de madeira colocada sobre o pescoço do
animal para equilibrar o peso que ele carregava. Na tradição bíblica, entre
outros significados, ele se refere à Lei (Jr 2,20; 5,5). Jesus critica os escribas
e fariseus por amarrarem pesados fardos sobre os ombros dos outros (Mt 23,4).
Há um modo de interpretar a Lei e de pô-la em prática que tira a alegria e a
vida, como se fosse um enorme peso a carregar. Ora, a Lei de Deus é para a vida
e a liberdade, ela é um caminho para a vida e a felicidade (Dt 30,16). Jesus,
manso e humilde, se oferece para aliviar tal peso. A lei do Senhor é a lei do
amor (Jo 15,12). No amor não há temor nem amargura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário