sábado, 5 de julho de 2014

“Tu revelaste-as aos pequeninos”


No Evangelho das missas deste domingo (Mt 11,25-30), Jesus pronuncia estas palavras: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos”.

Contexto – Nos versículos anteriores ao texto que nos é proposto (confira Mt 11,20-24), Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago de Tiberíades (Corozaim, Betsaida, Cafarnaum), porque foram testemunhas da sua proposta de salvação e mantiveram-se indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam questionar-se, a fim de abrir o coração à novidade de Deus.

Crítica – O contexto de Mt 11, 25-30 é a crítica de Jesus a estas cidades vizinhas ao Mar da Galileia que, beneficiadas pelo ensinamento e pelos atos de poder de Jesus, não se converteram, não se abriram ao sopro de sua palavra nem aderiram à sua pessoa. O hino de louvor de Jesus dirigido ao Pai é uma clara oposição a essas cidades que não se converteram.

Agora – Jesus manifesta-Se convicto de que essa proposta rejeitada pelos habitantes das cidades do lago encontrará acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela libertação que Deus tem para lhes oferecer.

Surpresa – Teria sido, em certo sentido, surpreendente para Jesus experimentar que aqueles que se diziam sábios, conhecedores e intérpretes da Palavra de Deus fossem os que lhe fizessem oposição, engajando-se em fazê-lo perecer.

Revelação – O que é escondido aos que se pretendem sábios e entendidos e o que é revelado aos “pobres de espírito”? O que está dito no versículo 27 (“Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”) pode ser compreendido nesses termos: é Jesus quem revela o Pai. Somente quem se abre para reconhecer e aceitar Jesus como enviado do Pai é que pode conhecer a relação filial que une profundamente Jesus e Deus (confira em Jo 14,10-11 e em Cl 1,15).

Sábio – Jesus é não somente o Sábio, mas a “Sabedoria de Deus”, que atrai todos a si e os instrui na Lei que o Senhor deu ao povo para preservar o dom da vida e da liberdade. O texto termina com um convite de Jesus àqueles que ainda estão fora do grupo dos seus discípulos: “Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve”.


Fardo – O “jugo” (ou fardo) era uma peça de madeira colocada sobre o pescoço do animal para equilibrar o peso que ele carregava. Na tradição bíblica, entre outros significados, ele se refere à Lei (Jr 2,20; 5,5). Jesus critica os escribas e fariseus por amarrarem pesados fardos sobre os ombros dos outros (Mt 23,4). Há um modo de interpretar a Lei e de pô-la em prática que tira a alegria e a vida, como se fosse um enorme peso a carregar. Ora, a Lei de Deus é para a vida e a liberdade, ela é um caminho para a vida e a felicidade (Dt 30,16). Jesus, manso e humilde, se oferece para aliviar tal peso. A lei do Senhor é a lei do amor (Jo 15,12). No amor não há temor nem amargura.

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