quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Foi a mim que o fizestes


No Evangelho deste domingo (o famoso texto de Mt 25,31-46 sobre o Juízo Final), Jesus diz aos seus discípulos: “Quando o Filho do homem vier na sua glória, todas as nações se reunirão na sua presença e Ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos; e colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, bem ditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo. Porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me deste de beber; era forasteiro, e me acolhestes; estava desnudo, e me vestistes; enfermo, e me visitaste; no cárcere e vieste ver-me’”.

Justiça – Nesse texto, enfatiza-se a sorte eterna dos que optaram ou não pela vivência da "justiça do Reino dos Céus". Mostra que a vivência dessa justiça será o critério de Deus para o julgamento final. Ilustra-se, de uma maneira viva, o sentido da frase do Sermão da Montanha: "Se a justiça de vocês não for superior à dos doutores da lei e dos fariseus, não entrarão no Reino do Céu" (Mt 5,20).

Cristo Rei – Chegamos ao último domingo do ano litúrgico, no qual celebramos a festa de Cristo Rei. O Evangelho faz-nos assistir ao último ato da história: o juízo universal. Quanta diferença entre esta cena e a de Cristo ante os juízes em sua Paixão! Então, todos estavam sentados e Ele, em pé, amarrado; agora todos estão em pé e Ele está sentado no trono. Os homens e a história julgam Cristo; nesse dia, Cristo julgará os homens e a história. Ante Ele decide-se quem permanece em pé e quem cai. Esta é a fé imutável da Igreja, que em seu Credo proclama: “De novo virá com glória para julgar vivos e mortos, e seu reino não terá fim”.

Juízo – O Evangelho diz-nos também como acontecerá o juízo: “tive fome, e me destes de comer, tive sede e me destes de beber...”. O que acontecerá, portanto, com quem não só não deu de comer a quem tinha fome, mas também lhe tirou a comida; não só não acolheu, mas provocou que o outro se convertesse em forasteiro? Isso não afeta só a uns poucos criminosos.

Impunidade – É possível que se forme um ambiente geral de impunidade, no qual se utilizem cargos para violar a lei, para corromper ou deixar corromper, com a justificativa de que todos fazem isso. Mas a lei nunca foi abolida. De repente, chega o dia, no qual se começa uma investigação e sucede-se uma grande devastação, como a que acontece agora no Brasil, nas investigações financeiras na Petrobrás, com a Operação Lava Jato.

Todos fazem – Mas, frente à lei de Deus, em certo sentido, esta é a situação na qual vivemos, todos nós, investigados e investigadores... Viola-se tranquilamente os mandamentos, um após o outro, inclusive o que diz “não matarás” (para não falar do que diz “não cometerás adultério”), com o pretexto de que todo mundo faz isso, que a cultura, o progresso e inclusive a lei humana já o permitem. Mas Deus nunca pensou em abolir nem os mandamentos nem o Evangelho e este sentimento geral de segurança não é mais do que um engano fatal.

Tempo – Há alguns anos, restaurou-se a pintura Juízo Universal, de Miguelangelo. Mas há outro juízo universal que é preciso restaurar: o que está pintado no coração dos cristãos e que vem ficando totalmente descolorido, convertendo-se em ruínas. “O mais além, e com ele o Juízo, converteu-se em uma brincadeira, em algo tão incerto que é motivo de diversão pensar que havia uma época na qual esta idéia transformava toda a existência humana” (Soren Kierkegaard). Alguém poderia tentar consolar-se, dizendo que, depois de tudo, o Dia do Juízo está muito longe, talvez faltem milhões de anos. Mas Jesus, no Evangelho, responde: “Tolo! Ainda esta noite te reclamarão a alma” (Lucas 12, 20).


Misericórdia – Na liturgia deste domingo, o tema “Juízo” se entrecruza com o de “Jesus, Bom Pastor”. No Salmo Responsorial se diz: “O Senhor é meu Pastor, nada me faltará: em verdes prados me faz repousar” (Salmo 22, 1-2). O sentido está claro: agora Cristo se revela a nós como bom pastor; dia virá em que será nosso juiz. Agora é o tempo da misericórdia, depois virá o tempo da justiça. A nós cabe escolher, enquanto temos tempo. 

sábado, 15 de novembro de 2014

Os talentos


No Evangelho das missas deste domingo (Mt 25,14-30), Jesus apresenta a parábola dos talentos.

Ambiente – Mais uma vez, o Evangelho apresenta-nos o tema da segunda vinda de Jesus. A catequese que Mateus apresenta neste discurso tem em conta as necessidades da sua comunidade cristã. Estamos no final do séc. I (década de 80). Os cristãos, fartos de esperar a segunda vinda de Jesus, esqueceram o seu entusiasmo inicial… Instalaram-se na mediocridade, na rotina, no comodismo, na facilidade. As perseguições que se adivinham provocam o desânimo e a deserção… Era preciso reaquecer o entusiasmo dos crentes, despertar a fé, renovar o compromisso cristão com Jesus e com a construção do Reino.

Talentos – Por esta razão, Mateus encoraja a todos, para que se lembrem de que a segunda vinda do Senhor acontecerá no final da história humana; e que, até lá, os crentes devem “colocar os seus talentos para render”, vivendo na fidelidade aos ensinamentos de Jesus e comprometidos com a construção do Reino. A parábola fala de “talentos” que um senhor distribuiu entre os servos. Um “talento” significa uma quantia muito considerável… Corresponde a 36 quilos de prata e ao salário de aproximadamente 3.000 dias de trabalho de um operário não qualificado.

A “parábola dos talentos” – Conta que um “senhor” partiu em viagem e deixou a sua fortuna nas mãos dos seus servos. A um, deixou cinco talentos, a outro dois e a outro um. Quando voltou, chamou os servos e pediu-lhes contas do que haviam feito com o que tinham recebido. Os dois primeiros duplicaram a soma recebida; mas o terceiro tinha escondido cuidadosamente o talento que lhe fora confiado, pois conhecia a exigência do “senhor” e tinha medo. Os dois primeiros servos foram louvados pelo “senhor”, ao passo que o terceiro foi severamente criticado e condenado.

O Reino – Provavelmente a parábola, tal como saiu da boca de Jesus, era uma “parábola do Reino”. O “senhor” exigente seria Deus, que reclama para Si uma lealdade a toda a prova e que não aceita meios tons e situações de acomodação e de preguiça. Os servos a quem Ele confia os valores do Reino devem acolher os seus dons e fazer com que eles rendam, a fim de que o Reino seja uma realidade. No Reino, ou se está completamente comprometido, ou não se está.

Dons – No texto de Mateus, o “senhor” é Jesus que, antes de deixar este mundo, entregou bens consideráveis aos seus “servos” (os discípulos). Os “bens” são os dons que Deus, através de Jesus, ofereceu aos homens – a Palavra de Deus, os valores do Evangelho, o amor que se faz serviço aos irmãos e que se dá até a morte, a partilha e o serviço, a misericórdia e a fraternidade, os carismas e ministérios que ajudam a construir a comunidade do Reino… Os discípulos de Jesus são os depositários desses “bens”. A questão é, portanto, esta: como devem ser utilizados estes “bens”? Eles devem dar frutos, ou devem ser cuidadosamente conservados enterrados? Os discípulos de Jesus podem – por medo, por comodismo, por desinteresse – deixar que esses “bens” fiquem infrutíferos?

Os bens – Na perspectiva da parábola, os “bens” que Jesus deixou aos seus discípulos têm de dar frutos. A parábola apresenta como modelos os dois servos que mexeram com os “bens”, que demonstraram interesse, que se preocuparam em não deixar parados os dons do “senhor”, que fizeram investimentos, que não se acomodaram nem se deixaram paralisar pela preguiça, pela rotina, ou pelo medo. Por outro lado, a parábola condena veementemente o servo que entregou intactos os bens que recebeu. Ele teve medo e, por isso, não correu riscos; mas não só não tirou desses bens qualquer fruto, como também impediu que os bens do “senhor” fossem criadores de vida nova.

Comodismo – Através desta parábola, Mateus incentiva a sua comunidade a estar alerta e vigilante, sem se deixar vencer pelo comodismo e pela rotina. Esquecer os compromissos assumidos com Jesus e com o Reino, demitir-se das suas responsabilidades, deixar na gaveta os dons de Deus, aceitar passivamente que o mundo se construa de acordo com valores que não são os de Jesus, instalar-se na passividade e no comodismo é privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito.


Construir – O discípulo de Jesus não pode esperar o Senhor de mãos erguidas e de olhos postos no céu, alheio aos problemas do mundo e preocupado em não se contaminar com as questões do mundo… O discípulo de Jesus espera o Senhor profundamente envolvido e empenhado no mundo, ocupado em distribuir a todos os homens, seus irmãos, os “bens” de Deus e em construir o Reino.

sábado, 8 de novembro de 2014

JESUS E O TEMPLO


O episódio apresentado no Evangelho deste domingo (Jo 2,13-25) mostra Jesus numa cena pouco comum: usando um chicote, ele expulsa os vendedores do Templo e discute com os judeus sobre a destruição do Templo.

O Templo – A cena acontece na Páscoa, março do ano 28 d.C., no Templo de Jerusalém. Trata-se do majestoso edifício construído por Herodes, para demonstrar as suas boas disposições para com o culto a Deus e conseguir a benevolência dos judeus. A construção do Templo iniciou-se em 19 a.C. e ficou pronta no ano 9 d.C. (embora os trabalhos só tivessem sido dados por concluídos em 63 d.C.). No início do ano 28 d.C., o Templo estava no seu 46º ano de construção e ainda não estava terminado, conforme a observação que os dirigentes judeus fizeram a Jesus (Jo 2,20).

Páscoa do ano 28 – João situa o episódio nos dias que antecedem a festa da Páscoa. Era a época em que as grandes multidões se concentravam em Jerusalém, para celebrar a principal festa do calendário religioso judaico. Jerusalém, que normalmente teria por volta de 55.000 habitantes, chegava a ter 125.000 peregrinos nessa ocasião. No Templo, durante a Páscoa, sacrificavam-se cerca de 18.000 cordeiros.

Comércio – Nesta época, o comércio relacionado com o Templo era muito grande. Três semanas antes da Páscoa, começava a emissão de licenças para a instalação dos postos comerciais em volta do Templo. O dinheiro arrecadado com a emissão dessas licenças era direcionado ao sumo-sacerdote. Havia tendas de venda que pertenciam diretamente à família do sumo-sacerdote. Os animais eram vendidos para os sacrifícios e vários outros produtos destinavam-se à liturgia do Templo. Havia também, as tendas dos cambistas, os quais trocavam moedas romanas correntes por moedas judaicas (os tributos dos fiéis para o Templo eram pagos em moeda judaica, pois ali não eram permitidas moedas com a efígie de imperadores pagãos). Este comércio era de grande importância para a economia da cidade e sustentava a nobreza sacerdotal, o clero e os empregados do Templo.

Gesto profético – Os profetas tinham criticado os sacrifícios que Israel oferecia a Deus, considerando-os como ritos estéreis, vazios e sem significado (não representavam amor a Deus). Também, acreditavam que a chegada do Messias estava ligada à purificação e à moralização do culto prestado a Deus no Templo. O profeta Zacarias liga, explicitamente, o “dia do Senhor” (vinda do Messias) com a purificação do culto e a eliminação dos comerciantes que estão “no Templo do Senhor do universo” (Zac 14,21).

O Messias – O comportamento de Jesus no Templo deve ser visto conforme estas profecias. Quando Jesus pega no chicote de cordas e expulsa do Templo os vendedores de ovelhas, bois e pombas, acaba com o lucro dos banqueiros e derruba as mesas dos cambistas (v. 14-16); concretamente, está se revelando como “o messias” e anunciando a chegada de novos tempos, os tempos messiânicos.

O Culto – No entanto, Jesus vai bem mais além dos profetas. Ao expulsar do Templo também, as ovelhas e os bois que serviam para os ritos sacrificais que Israel oferecia a Deus, Jesus mostra que não propõe apenas uma reforma, mas a abolição do próprio culto. O culto prestado a Deus no Templo de Jerusalém era algo sem sentido: ao transformar a casa de Deus num mercado, os líderes judaicos tinham suprimido a presença de Deus. Jesus, o Filho, com a autoridade que Lhe vem do Pai, diz um claro “basta” a uma mentira com a qual Deus não pode continuar a pactuar: “não façais da casa de meu Pai casa de comércio” (v. 16).

Três dias – Os líderes judaicos ficam indignados. Qual a autoridade de Jesus para abolir o culto oficial prestado a Deus? A resposta de Jesus é estranha: “destruí este Templo e Eu o reconstruirei em três dias” (v. 19). O evangelista deixa claro que Jesus não se referia ao Templo de pedra, onde Israel celebrava os seus ritos litúrgicos, mas a outro “Templo”, que é o próprio Jesus (o seu corpo). O que é que isto significa? Jesus desafia os líderes que o questionaram a suprimir o Templo que é Ele próprio, mas deixa claro que, três dias depois, esse Templo estará outra vez erigido no meio dos homens. Jesus se refere à sua ressurreição, garantia que Ele vem de Deus e que a sua atuação tem o “selo de garantia” de Deus.


Novo Templo – No entanto, o mais notável aqui, é que Jesus se apresenta como o “novo Templo”. O Templo representava, no universo religioso judaico, a residência de Deus, o lugar onde Deus se revelava e onde se tornava presente no meio do seu Povo. Jesus é, agora, o lugar onde Deus reside, onde se encontra com os homens e onde se manifesta ao mundo. É através de Jesus que o Pai oferece aos homens o seu amor e a sua vida. Aquilo que a antiga Lei já não conseguia fazer – estabelecer relação entre Deus e os homens – é Jesus que, a partir de agora, o faz.

sábado, 1 de novembro de 2014

Comunhão dos Santos


No dia primeiro de novembro, a Igreja celebra o Dia de Todos os Santos e, no dia 2, em feriado nacional, celebramos o Dia de Finados. Sem dúvida alguma, essas duas celebrações passam pela doutrina da Comunhão dos Santos, pela qual rezamos uns pelos outros, pedimos a Deus pelos entes queridos que já estão mortos e aos santos que orem por nós a Deus. E você, sabe o que significa Comunhão dos Santos? Ou que santos são esses? Serão os santos do céu? E o que é Comunhão?

Profissão de Fé – A nossa crença na Comunhão dos Santos é proferida todas as vezes que rezamos o Credo, que é a Profissão de Fé do cristão. Aliás, na maioria das vezes, ele é falado mecanicamente, decorado, sem entendermos ou pensarmos em seu significado. O Dogma da Comunhão dos Santos é uma verdade inserida em nossa Profissão de Fé lá pelos fins do século IV. Ele está fundamentado no Evangelho - "A videira e os ramos" (Jo 15, 1-7) – e nas palavras de Paulo a respeito do Corpo Místico de Cristo (1Cor 12, 12-31).

Simbolizando – Para melhor esclarecer o que significa essa Comunhão dos Santos, vamos nos valer de uma comparação, tomando como exemplo o nosso corpo. Nele, o sangue não está parado. Circula pelo corpo o tempo todo, dia e noite, mesmo sem a gente saber. Se parar a circulação do sangue em uma de nossas mãos, essa mão perde a vida. Vem a gangrena. Precisa ser cortada... Se um coágulo de sangue parar numa veia e impedir a circulação, a pessoa pode morrer logo em seguida. Quando tomamos uma injeção, o medicamento não fica estacionado no lugar da picada, mas entra imediatamente na circulação do sangue e é levado para o corpo todo. Tanto é que se a injeção estiver estragada, poderá matar imediatamente.

Comunhão dos Santos – Passando das coisas materiais para as espirituais, diríamos que a Comunhão dos Santos tem algo de comum com a circulação de nosso sangue no corpo: é a circulação do Amor no "Corpo Místico de Cristo", que é a Igreja. Nós somos os membros desse corpo. E Cristo é a cabeça. Assim, unidos a Cristo, temos a vida divina, já que estamos ligados por meio Dele ao Pai. E estamos também, por meio do Espírito Santo, ligados a todos os nossos irmãos, segundo a oração de Jesus que diz "Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti... Que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade." (Jo 17, 21-23). Essa unidade, portanto, significa: participar da mesma Vida da Graça, partilhar o mesmo alimento, colocar os dons a serviço dos irmãos, desfrutar o mesmo bem-estar, viver os mesmos sofrimentos, as mesmas alegrias, e alcançar a mútua santificação de todos.

Comunhão e Santos – Talvez muita gente não entenda isso porque esteja tomando em outro sentido as duas palavras: tanto "comunhão" como "santos". "Comunhão", aqui, não é a comunhão eucarística, o Corpo do Senhor. E Santos não são os santos canonizados pela Igreja, como S. Judas, S. Dimas, São Francisco etc., que viveram a fé em grau elevado e já estão glorificados junto de Deus. Quando falamos "Comunhão dos Santos" nos referimos à "comum união" que existe entre todos os homens, não só entre os fiéis católicos e aqueles que acreditam em Cristo, mas também entre todas as pessoas sem exceção, que a graça de Deus chama a Salvação. Inclusive os ateus, que buscam nas sombras um Deus que ignoram, mas que não está longe pois, “como Salvador, quer que todos os homens sejam salvos" (Constituição sobre a Igreja, 13-16).

Quem está excluído? - Os únicos excluídos da Comunhão dos Santos são os demônios e os autocondenados à morte eterna. Assim, quando fazemos nossa profissão de fé, dizendo "Creio na Comunhão dos Santos", estamos aceitando uma realidade de dimensão universal: incluímos a Igreja Triunfante (os santos que estão no céu, no paraíso), a Igreja Padecente (os santos que estão no Purgatório) e a Igreja Peregrina ou Militante (que somos nós, santos da Terra).

Louvor aos santos – Dentro desse sentido de comunhão terrena e pós-terrena é que se entende por que louvamos os Santos que estão no céu e pedimos suas orações junto a Deus. Eles são os mais íntimos amigos de Deus e chegaram a ser o que são pela graça de Deus. Assim, como um cristão pode e deve orar pelos outros, de igual maneira os santos, que já alcançaram a plenitude em Cristo – e entre eles Maria ocupa o primeiro lugar - podem orar e oram por nós, pecadores, que na Terra lutamos e sofremos. Tornam-se, dessa maneira, os nossos interlocutores, intercessores junto a Jesus Cristo. São para nós modelos de dedicação, amor e fidelidade no cumprimento da missão de viver e anunciar o Evangelho.

Oração pelos que padecem – É também dentro desse sentido de caridade universal ou "Comunhão dos Santos" que rezamos pelos mortos que ainda não chegaram à plena visão de Deus, da mesma maneira como rezamos entre os vivos uns pelos outros, visando a nossa santificação e o bem da comunidade. Esses nossos irmãos falecidos, que vivem essa situação de purificação de suas penas, contam com nossas orações e pedidos para acelerar o seu processo de amadurecimento humano e divino, para poderem estar na Glória de Deus eternamente.

Oração pelos mortos – A prática de rezar pelos mortos tem, pois, raiz nessa doutrina de comunhão fraterna, que deve haver entre todos no Corpo de Cristo. E foi introduzida pela Tradição cristã desde os primórdios do cristianismo. O Dogma da Comunhão dos Santos é, portanto, um "intercâmbio" entre Deus e os homens, entre Céu e Terra, entre a vida terrestre e a vida celeste: Deus, os Santos, as almas no Purgatório, os bons e até os pecadores, estão unidos no amor salvífico da Trindade.

A morte não interrompe a Comunhão dos Santos Ela continua até o final dos tempos, na esperança do encontro dos dois mundos (terreno e celeste), quando tudo e todos serão glorificados e se tornarão um em Cristo.  Eis a glória eterna!  Portanto, podemos rezar pelas almas sem vê-las. Elas podem rezar por nós sem ver-nos. Mas é bom lembrar que a forma mais correta de provar nossa devoção às almas é ocupar-me mais com os vivos do que com os mortos: visitar um irmão doente vale mais do que visitar um cemitério; oferecer um pão a um pobre é melhor do que flores e velas a um cadáver... e, sobretudo, aprender dos mortos a melhorar a nossa vida de cristão. O que adianta a minha devoção às almas, se continuo cometendo os mesmos erros que impediram sua rápida entrada na felicidade da visão de Deus?


Comum união – É “pena” que o último ato da vida seja a morte: porque a morte teria muita coisa a ensinar sobre o valor da vida e sobre o maravilhoso e confortador dogma da COMUM UNIÃO entre os santos do Céu e os pecadores da terra. Que tal, refletirmos sobre essas verdades nas nossas intenções das missas dominicais?