No dia
primeiro de novembro, a Igreja celebra o Dia de Todos os Santos e, no dia 2, em
feriado nacional, celebramos o Dia de Finados. Sem dúvida alguma, essas duas
celebrações passam pela doutrina da Comunhão dos Santos, pela qual rezamos uns
pelos outros, pedimos a Deus pelos entes queridos que já estão mortos e aos
santos que orem por nós a Deus. E você, sabe o que significa Comunhão dos
Santos? Ou que santos são esses? Serão os santos do céu? E o que é Comunhão?
Profissão de Fé – A nossa
crença na Comunhão dos Santos é proferida todas as vezes que rezamos o Credo,
que é a Profissão de Fé do cristão. Aliás, na maioria das vezes, ele é falado
mecanicamente, decorado, sem entendermos ou pensarmos em seu significado. O Dogma
da Comunhão dos Santos é uma verdade inserida em nossa Profissão de Fé lá pelos
fins do século IV. Ele está fundamentado no Evangelho - "A videira e os
ramos" (Jo 15, 1-7) – e nas palavras de Paulo a respeito do Corpo Místico
de Cristo (1Cor 12, 12-31).
Simbolizando – Para melhor
esclarecer o que significa essa Comunhão dos Santos, vamos nos valer de uma
comparação, tomando como exemplo o nosso corpo. Nele, o sangue não está parado.
Circula pelo corpo o tempo todo, dia e noite, mesmo sem a gente saber. Se parar
a circulação do sangue em uma de nossas mãos, essa mão perde a vida. Vem a
gangrena. Precisa ser cortada... Se um coágulo de sangue parar numa veia e
impedir a circulação, a pessoa pode morrer logo em seguida. Quando tomamos uma
injeção, o medicamento não fica estacionado no lugar da picada, mas entra
imediatamente na circulação do sangue e é levado para o corpo todo. Tanto é que
se a injeção estiver estragada, poderá matar imediatamente.
Comunhão dos Santos – Passando das
coisas materiais para as espirituais, diríamos que a Comunhão dos Santos tem
algo de comum com a circulação de nosso sangue no corpo: é a circulação do Amor
no "Corpo Místico de Cristo", que é a Igreja. Nós somos os membros
desse corpo. E Cristo é a cabeça. Assim, unidos a Cristo, temos a vida divina,
já que estamos ligados por meio Dele ao Pai. E estamos também, por meio do
Espírito Santo, ligados a todos os nossos irmãos, segundo a oração de Jesus que
diz "Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti... Que
sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na
unidade." (Jo 17, 21-23). Essa unidade, portanto, significa: participar da
mesma Vida da Graça, partilhar o mesmo alimento, colocar os dons a serviço dos
irmãos, desfrutar o mesmo bem-estar, viver os mesmos sofrimentos, as mesmas
alegrias, e alcançar a mútua santificação de todos.
Comunhão e Santos – Talvez muita
gente não entenda isso porque esteja tomando em outro sentido as duas palavras:
tanto "comunhão" como "santos". "Comunhão", aqui,
não é a comunhão eucarística, o Corpo do Senhor. E Santos não são os santos
canonizados pela Igreja, como S. Judas, S. Dimas, São Francisco etc., que
viveram a fé em grau elevado e já estão glorificados junto de Deus. Quando
falamos "Comunhão dos Santos" nos referimos à "comum união"
que existe entre todos os homens, não só entre os fiéis católicos e aqueles que
acreditam em Cristo, mas também entre todas as pessoas sem exceção, que a graça
de Deus chama a Salvação. Inclusive os ateus, que buscam nas sombras um Deus
que ignoram, mas que não está longe pois, “como Salvador, quer que todos os
homens sejam salvos" (Constituição sobre a Igreja, 13-16).
Quem está excluído? - Os únicos
excluídos da Comunhão dos Santos são os demônios e os autocondenados à morte
eterna. Assim, quando fazemos nossa profissão de fé, dizendo "Creio na
Comunhão dos Santos", estamos aceitando uma realidade de dimensão
universal: incluímos a Igreja Triunfante (os santos que estão no céu, no
paraíso), a Igreja Padecente (os santos que estão no Purgatório) e a Igreja
Peregrina ou Militante (que somos nós, santos da Terra).
Louvor aos santos – Dentro desse
sentido de comunhão terrena e pós-terrena é que se entende por que louvamos os
Santos que estão no céu e pedimos suas orações junto a Deus. Eles são os mais
íntimos amigos de Deus e chegaram a ser o que são pela graça de Deus. Assim,
como um cristão pode e deve orar pelos outros, de igual maneira os santos, que
já alcançaram a plenitude em Cristo – e entre eles Maria ocupa o primeiro lugar
- podem orar e oram por nós, pecadores, que na Terra lutamos e sofremos.
Tornam-se, dessa maneira, os nossos interlocutores, intercessores junto a Jesus
Cristo. São para nós modelos de dedicação, amor e fidelidade no cumprimento da
missão de viver e anunciar o Evangelho.
Oração pelos que padecem – É também
dentro desse sentido de caridade universal ou "Comunhão dos Santos"
que rezamos pelos mortos que ainda não chegaram à plena visão de Deus, da mesma
maneira como rezamos entre os vivos uns pelos outros, visando a nossa
santificação e o bem da comunidade. Esses nossos irmãos falecidos, que vivem
essa situação de purificação de suas penas, contam com nossas orações e pedidos
para acelerar o seu processo de amadurecimento humano e divino, para poderem
estar na Glória de Deus eternamente.
Oração pelos mortos – A prática de
rezar pelos mortos tem, pois, raiz nessa doutrina de comunhão fraterna, que
deve haver entre todos no Corpo de Cristo. E foi introduzida pela Tradição
cristã desde os primórdios do cristianismo. O Dogma da Comunhão dos Santos é,
portanto, um "intercâmbio" entre Deus e os homens, entre Céu e Terra,
entre a vida terrestre e a vida celeste: Deus, os Santos, as almas no
Purgatório, os bons e até os pecadores, estão unidos no amor salvífico da
Trindade.
A morte não interrompe a Comunhão dos
Santos – Ela continua até o final dos tempos, na esperança do encontro
dos dois mundos (terreno e celeste), quando tudo e todos serão glorificados e
se tornarão um em Cristo. Eis a glória
eterna! Portanto, podemos rezar pelas
almas sem vê-las. Elas podem rezar por nós sem ver-nos. Mas é bom lembrar que a
forma mais correta de provar nossa devoção às almas é ocupar-me mais com os
vivos do que com os mortos: visitar um irmão doente vale mais do que visitar um
cemitério; oferecer um pão a um pobre é melhor do que flores e velas a um
cadáver... e, sobretudo, aprender dos mortos a melhorar a nossa vida de
cristão. O que adianta a minha devoção às almas, se continuo cometendo os
mesmos erros que impediram sua rápida entrada na felicidade da visão de Deus?
Comum união – É “pena” que
o último ato da vida seja a morte: porque a morte teria muita coisa a ensinar
sobre o valor da vida e sobre o maravilhoso e confortador dogma da COMUM UNIÃO
entre os santos do Céu e os pecadores da terra. Que tal, refletirmos sobre
essas verdades nas nossas intenções das missas dominicais?
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