sábado, 1 de novembro de 2014

Comunhão dos Santos


No dia primeiro de novembro, a Igreja celebra o Dia de Todos os Santos e, no dia 2, em feriado nacional, celebramos o Dia de Finados. Sem dúvida alguma, essas duas celebrações passam pela doutrina da Comunhão dos Santos, pela qual rezamos uns pelos outros, pedimos a Deus pelos entes queridos que já estão mortos e aos santos que orem por nós a Deus. E você, sabe o que significa Comunhão dos Santos? Ou que santos são esses? Serão os santos do céu? E o que é Comunhão?

Profissão de Fé – A nossa crença na Comunhão dos Santos é proferida todas as vezes que rezamos o Credo, que é a Profissão de Fé do cristão. Aliás, na maioria das vezes, ele é falado mecanicamente, decorado, sem entendermos ou pensarmos em seu significado. O Dogma da Comunhão dos Santos é uma verdade inserida em nossa Profissão de Fé lá pelos fins do século IV. Ele está fundamentado no Evangelho - "A videira e os ramos" (Jo 15, 1-7) – e nas palavras de Paulo a respeito do Corpo Místico de Cristo (1Cor 12, 12-31).

Simbolizando – Para melhor esclarecer o que significa essa Comunhão dos Santos, vamos nos valer de uma comparação, tomando como exemplo o nosso corpo. Nele, o sangue não está parado. Circula pelo corpo o tempo todo, dia e noite, mesmo sem a gente saber. Se parar a circulação do sangue em uma de nossas mãos, essa mão perde a vida. Vem a gangrena. Precisa ser cortada... Se um coágulo de sangue parar numa veia e impedir a circulação, a pessoa pode morrer logo em seguida. Quando tomamos uma injeção, o medicamento não fica estacionado no lugar da picada, mas entra imediatamente na circulação do sangue e é levado para o corpo todo. Tanto é que se a injeção estiver estragada, poderá matar imediatamente.

Comunhão dos Santos – Passando das coisas materiais para as espirituais, diríamos que a Comunhão dos Santos tem algo de comum com a circulação de nosso sangue no corpo: é a circulação do Amor no "Corpo Místico de Cristo", que é a Igreja. Nós somos os membros desse corpo. E Cristo é a cabeça. Assim, unidos a Cristo, temos a vida divina, já que estamos ligados por meio Dele ao Pai. E estamos também, por meio do Espírito Santo, ligados a todos os nossos irmãos, segundo a oração de Jesus que diz "Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti... Que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade." (Jo 17, 21-23). Essa unidade, portanto, significa: participar da mesma Vida da Graça, partilhar o mesmo alimento, colocar os dons a serviço dos irmãos, desfrutar o mesmo bem-estar, viver os mesmos sofrimentos, as mesmas alegrias, e alcançar a mútua santificação de todos.

Comunhão e Santos – Talvez muita gente não entenda isso porque esteja tomando em outro sentido as duas palavras: tanto "comunhão" como "santos". "Comunhão", aqui, não é a comunhão eucarística, o Corpo do Senhor. E Santos não são os santos canonizados pela Igreja, como S. Judas, S. Dimas, São Francisco etc., que viveram a fé em grau elevado e já estão glorificados junto de Deus. Quando falamos "Comunhão dos Santos" nos referimos à "comum união" que existe entre todos os homens, não só entre os fiéis católicos e aqueles que acreditam em Cristo, mas também entre todas as pessoas sem exceção, que a graça de Deus chama a Salvação. Inclusive os ateus, que buscam nas sombras um Deus que ignoram, mas que não está longe pois, “como Salvador, quer que todos os homens sejam salvos" (Constituição sobre a Igreja, 13-16).

Quem está excluído? - Os únicos excluídos da Comunhão dos Santos são os demônios e os autocondenados à morte eterna. Assim, quando fazemos nossa profissão de fé, dizendo "Creio na Comunhão dos Santos", estamos aceitando uma realidade de dimensão universal: incluímos a Igreja Triunfante (os santos que estão no céu, no paraíso), a Igreja Padecente (os santos que estão no Purgatório) e a Igreja Peregrina ou Militante (que somos nós, santos da Terra).

Louvor aos santos – Dentro desse sentido de comunhão terrena e pós-terrena é que se entende por que louvamos os Santos que estão no céu e pedimos suas orações junto a Deus. Eles são os mais íntimos amigos de Deus e chegaram a ser o que são pela graça de Deus. Assim, como um cristão pode e deve orar pelos outros, de igual maneira os santos, que já alcançaram a plenitude em Cristo – e entre eles Maria ocupa o primeiro lugar - podem orar e oram por nós, pecadores, que na Terra lutamos e sofremos. Tornam-se, dessa maneira, os nossos interlocutores, intercessores junto a Jesus Cristo. São para nós modelos de dedicação, amor e fidelidade no cumprimento da missão de viver e anunciar o Evangelho.

Oração pelos que padecem – É também dentro desse sentido de caridade universal ou "Comunhão dos Santos" que rezamos pelos mortos que ainda não chegaram à plena visão de Deus, da mesma maneira como rezamos entre os vivos uns pelos outros, visando a nossa santificação e o bem da comunidade. Esses nossos irmãos falecidos, que vivem essa situação de purificação de suas penas, contam com nossas orações e pedidos para acelerar o seu processo de amadurecimento humano e divino, para poderem estar na Glória de Deus eternamente.

Oração pelos mortos – A prática de rezar pelos mortos tem, pois, raiz nessa doutrina de comunhão fraterna, que deve haver entre todos no Corpo de Cristo. E foi introduzida pela Tradição cristã desde os primórdios do cristianismo. O Dogma da Comunhão dos Santos é, portanto, um "intercâmbio" entre Deus e os homens, entre Céu e Terra, entre a vida terrestre e a vida celeste: Deus, os Santos, as almas no Purgatório, os bons e até os pecadores, estão unidos no amor salvífico da Trindade.

A morte não interrompe a Comunhão dos Santos Ela continua até o final dos tempos, na esperança do encontro dos dois mundos (terreno e celeste), quando tudo e todos serão glorificados e se tornarão um em Cristo.  Eis a glória eterna!  Portanto, podemos rezar pelas almas sem vê-las. Elas podem rezar por nós sem ver-nos. Mas é bom lembrar que a forma mais correta de provar nossa devoção às almas é ocupar-me mais com os vivos do que com os mortos: visitar um irmão doente vale mais do que visitar um cemitério; oferecer um pão a um pobre é melhor do que flores e velas a um cadáver... e, sobretudo, aprender dos mortos a melhorar a nossa vida de cristão. O que adianta a minha devoção às almas, se continuo cometendo os mesmos erros que impediram sua rápida entrada na felicidade da visão de Deus?


Comum união – É “pena” que o último ato da vida seja a morte: porque a morte teria muita coisa a ensinar sobre o valor da vida e sobre o maravilhoso e confortador dogma da COMUM UNIÃO entre os santos do Céu e os pecadores da terra. Que tal, refletirmos sobre essas verdades nas nossas intenções das missas dominicais?

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