O texto do Evangelho das missas deste domingo (Lc 3, 1-6) segue-se
imediatamente ao “evangelho da infância”, na versão de Lucas. Aqui começa,
oficialmente, o Evangelho – isto é, o anúncio da Boa Nova de Jesus. Antes de
começar a descrever a ação libertadora e salvadora de Jesus no meio dos homens,
Lucas vai apresentar João Batista, o profeta que veio preparar a chegada do
Messias prometido por Deus.
Tempo – Lucas começa por situar o quadro de João Batista num
determinado enquadramento histórico. Nomeia sete personagens (desde o imperador
Tibério César, até ao sumo sacerdote Caifás), num esforço de situar no tempo os
acontecimentos da salvação (pelos anos 27/28). Quer deixar claro que esta
aventura – Deus que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar um projeto
de salvação e de felicidade – não é uma lenda, perdida nas brumas do tempo e da
memória dos homens… Sua intenção é destacar que se trata de uma história
concreta, com acontecimentos concretos, que podem ser ligados a um determinado
momento histórico e a uma terra concreta.
João
– Num
segundo momento, Lucas apresenta a figura de João Batista. Ele é “uma voz que
grita no deserto” e que convida a preparar os caminhos do coração para que Jesus,
o Messias de Deus, possa ir ao encontro de cada homem. Lucas começa por indicar
que a missão profética de João lhe é confiada por Deus: o chamamento de João é apresentado
com as mesmas palavras do chamamento de Jeremias, para marcar o caráter
profético do seu anúncio.
Profeta
– Depois,
Lucas situa num espaço geográfico a atividade profética de João: ele prega em
“toda a zona do rio Jordão” (Mateus e Marcos, situam-no no deserto)… Trata-se
de uma região bastante povoada, sobretudo depois das construções de Herodes e
de Arquelau: o anúncio profético de João destina-se aos homens, que são
convidados a acolher o Messias que está para fazer a sua aparição no mundo. Finalmente,
concretiza-se o âmbito da missão: João “proclama um batismo de conversão, para
a remissão dos pecados”…
Isaías
– O trecho
termina com uma citação tomada de Isaías, que serve para anunciar aos exilados
na Babilônia a libertação e o regresso a casa, num novo e triunfal êxodo: "Alguém
está gritando no deserto: Preparem o caminho para o Senhor passar! Abram
estradas retas para ele! Todos os vales serão aterrados, e todos os morros e
montes serão aplanados. Os caminhos tortos serão endireitados, e as estradas
esburacadas serão consertadas. E todos verão a salvação que Deus dá."
Reflexão
–
Concluímos o texto com uma reflexão de João Paulo II sobre este Evangelho do
segundo domingo do Advento:
“No segundo domingo do Advento ressoa com vigor
este convite de São João Batista. Grito profético que continua tendo
repercussão através dos séculos. O experimentamos também em nossa época,
enquanto a humanidade continua seu caminho através da história. Aos homens do
terceiro milênio, em busca de serenidade e de paz, é revelado o caminho que há
de percorrer.
Toda a liturgia do Advento faz eco ao
precursor, convidando-nos a sair ao encontro de Cristo que vem para salvar-nos.
Preparamo-nos para voltar a evocar o nascimento, que aconteceu em Belém há
cerca de dois mil anos; renovamos nossa fé em sua vinda gloriosa ao final dos
tempos. Dispomo-nos, ao mesmo tempo, a reconhecê-lo presente entre nós: de
fato, ele nos visita também nas pessoas e nos acontecimentos cotidianos.
Nosso modelo e guia neste itinerário espiritual
típico de Advento é Maria, que é bem-aventurada com maior razão por ter
acreditado em Cristo que por ter-lhe gerado fisicamente. Nela, imaculada de
todo pecado e cheia de graça, Deus encontrou a ‘boa terra’ na qual semeou a
semente da nova humanidade. Que a Virgem Imaculada, solenidade que nos dispomos
a celebrar em 8 de dezembro, ajude-nos a preparar bem ‘o caminho do Senhor’ em
nós mesmos e no mundo. ”
QUER LER MAIS? Se você se interessou pela história de
João Batista nós podemos lhe oferecer um texto com a história completa (10
páginas), inclusive o confronto com Herodes Antipas. Solicite por E-mail.
Nenhum comentário:
Postar um comentário