Após a Paixão e morte de Cristo (abril do ano 30), os apóstolos passaram a
pregar o Evangelho em toda a Palestina e Império Romano. O principal missionário
nesta pregação foi Paulo, que embora não fosse apóstolo, empreendeu várias viagens
missionárias, divulgando o cristianismo. Todo esse trabalho de formação das
primeiras comunidades cristãs está descrito no livro “Atos dos Apóstolos”.
Dois grupos – Durante a evangelização, Paulo se
deparava com dois grupos muito distintos: os pagãos (pessoas ligadas à tradição
greco-romana) e os judeus (chamados de judaizantes, cristãos de origem judaica,
que conservavam as práticas tradicionais do judaísmo). Na cidade de Antioquia,
os dois grupos não se entenderam, criando o primeiro conflito para a Igreja
primitiva.
O
conflito –
Os cristãos provenientes do judaísmo continuavam praticando a circuncisão e
observando as prescrições da Lei (Torah, formada pelos cinco primeiros livros
do Antigo Testamento – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio),
enquanto a pregação de Paulo não obrigava os pagãos convertidos a esses
costumes judaicos. Na comunidade cristã da Antioquia, alguns fariseus
convertidos ao cristianismo começaram a ensinar que, também os pagãos, para se
salvarem, deveriam primeiro ser “judaizados” (circuncidados) e depois
cristianizados.
Questões
–
O problema era claro: os costumes judaicos pertencem à essência da mensagem
cristã? Deve-se impor, aos crentes de origem pagã, a prática da Lei de Moisés?
A salvação vem através da circuncisão e da observância da Torah judaica ou
única e exclusivamente por Cristo? Jesus Cristo é o único Senhor e Salvador ou seria
preciso outras coisas além d’Ele para chegar a Deus e para receber d’Ele a
graça da salvação?
A
solução –
A comunidade cristã de Antioquia, onde a questão se impunha com mais vigor, não
tinha certeza sobre qual caminho seguir. Paulo e Barnabé pregavam que Cristo
basta, mas os cristãos de origem judaica, que ainda conservavam as práticas
tradicionais do judaísmo, defendiam que os ritos prescritos pela “Torah” também
eram necessários para a salvação. Decidiu-se, então, enviar uma delegação a
Jerusalém, para consultar os Apóstolos e os anciãos sobre a questão.
Concílio
–
No ano 49 realiza-se, então, o Concílio de Jerusalém (1º Concílio da Igreja),
para discutir os rumos da evangelização. Participaram deste Concílio Paulo,
Barnabé, Tito, Tiago, Simão Pedro, os apóstolos e presbíteros. De um lado Paulo
defendia a evangelização dos não-judeus sem a “judaização” e de outro Pedro
defendia a preservação de tradições judaicas.
Conclusão
–
No final do Concílio, Pedro reconhece a igualdade fundamental de todos (judeus
e pagãos) diante da proposta de salvação e que a Lei (Torah) era um jugo que
não deveria ser imposto aos pagãos, uma vez que é “pela graça do Senhor Jesus” que
se chega à salvação (At 15,7-12).
Universal
–
A Boa Nova de Jesus é, portanto, uma proposta que é dirigida a todos os homens,
de todas as raças e nações; não se trata de uma proposta fechada, exclusivista,
destinada a um grupo de eleitos, mas de uma proposta universal, que se destina
a todos os homens, sem exceção. O que é decisivo não é ter nascido neste ou
naquele ambiente, mas é a capacidade de se deixar desafiar pela proposta de
Jesus, de acolhê-la com simplicidade, alegria e entusiasmo.
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