segunda-feira, 2 de julho de 2018

A disputa entre São Pedro e São Paulo


 

Após a Paixão e morte de Cristo (abril do ano 30), os apóstolos passaram a pregar o Evangelho em toda a Palestina e Império Romano. O principal missionário nesta pregação foi Paulo, que embora não fosse apóstolo, empreendeu várias viagens missionárias, divulgando o cristianismo. Todo esse trabalho de formação das primeiras comunidades cristãs está descrito no livro “Atos dos Apóstolos”.

Dois grupos – Durante a evangelização, Paulo se deparava com dois grupos muito distintos: os pagãos (pessoas ligadas à tradição greco-romana) e os judeus (chamados de judaizantes, cristãos de origem judaica, que conservavam as práticas tradicionais do judaísmo). Na cidade de Antioquia, os dois grupos não se entenderam, criando o primeiro conflito para a Igreja primitiva.

O conflito – Os cristãos provenientes do judaísmo continuavam praticando a circuncisão e observando as prescrições da Lei (Torah, formada pelos cinco primeiros livros do Antigo Testamento – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), enquanto a pregação de Paulo não obrigava os pagãos convertidos a esses costumes judaicos. Na comunidade cristã da Antioquia, alguns fariseus convertidos ao cristianismo começaram a ensinar que, também os pagãos, para se salvarem, deveriam primeiro ser “judaizados” (circuncidados) e depois cristianizados.

Questões – O problema era claro: os costumes judaicos pertencem à essência da mensagem cristã? Deve-se impor, aos crentes de origem pagã, a prática da Lei de Moisés? A salvação vem através da circuncisão e da observância da Torah judaica ou única e exclusivamente por Cristo? Jesus Cristo é o único Senhor e Salvador ou seria preciso outras coisas além d’Ele para chegar a Deus e para receber d’Ele a graça da salvação?

A solução – A comunidade cristã de Antioquia, onde a questão se impunha com mais vigor, não tinha certeza sobre qual caminho seguir. Paulo e Barnabé pregavam que Cristo basta, mas os cristãos de origem judaica, que ainda conservavam as práticas tradicionais do judaísmo, defendiam que os ritos prescritos pela “Torah” também eram necessários para a salvação. Decidiu-se, então, enviar uma delegação a Jerusalém, para consultar os Apóstolos e os anciãos sobre a questão.

Concílio – No ano 49 realiza-se, então, o Concílio de Jerusalém (1º Concílio da Igreja), para discutir os rumos da evangelização. Participaram deste Concílio Paulo, Barnabé, Tito, Tiago, Simão Pedro, os apóstolos e presbíteros. De um lado Paulo defendia a evangelização dos não-judeus sem a “judaização” e de outro Pedro defendia a preservação de tradições judaicas. 

Conclusão – No final do Concílio, Pedro reconhece a igualdade fundamental de todos (judeus e pagãos) diante da proposta de salvação e que a Lei (Torah) era um jugo que não deveria ser imposto aos pagãos, uma vez que é “pela graça do Senhor Jesus” que se chega à salvação (At 15,7-12).

Universal – A Boa Nova de Jesus é, portanto, uma proposta que é dirigida a todos os homens, de todas as raças e nações; não se trata de uma proposta fechada, exclusivista, destinada a um grupo de eleitos, mas de uma proposta universal, que se destina a todos os homens, sem exceção. O que é decisivo não é ter nascido neste ou naquele ambiente, mas é a capacidade de se deixar desafiar pela proposta de Jesus, de acolhê-la com simplicidade, alegria e entusiasmo.

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