O Evangelho deste domingo (Marcos 6,30-34) é uma continuação
do texto do domingo anterior. Jesus se encontra na cidade de Betsaida (talvez
na casa de Pedro), à margem do Mar da Galiléia (ou Lago de Tiberíades). Os
apóstolos retornam de suas viagens apostólicas e contam para Jesus tudo o que haviam
feito e ensinado. Em razão da presença de Jesus, havia muitas pessoas na casa,
que não tinham tempo nem para comer. Então Jesus convidou os apóstolos para
irem para um lugar deserto, descansar um pouco. Foram até o lago, tomaram o
barco, e foram para um lugar deserto e afastado. Mesmo assim, foram
reconhecidos pelo povo, que vinha de todas as cidades, e esperava na outra
margem do lago. Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve
compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes
muitas coisas.
Para refletir sobre este texto transcrevemos partes do
comentário do Pe. Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia do
Vaticano.
Descansar – Na passagem do Evangelho, Jesus convida seus discípulos a separar-se da multidão, do seu trabalho, e retirar-se com Ele a “um lugar deserto”. Ele lhes ensina a fazer o que Ele fazia: equilibrar ação e contemplação, passar do contato com as pessoas ao diálogo secreto e regenerador consigo mesmo e com Deus.
Agitação – O tema é de grande importância e atualidade. O ritmo
de vida adquiriu uma velocidade que supera nossa capacidade de adaptação.
Jesus, no Evangelho, jamais dá a impressão de estar agitado pela pressa. Às vezes,
como em nossa passagem evangélica, Ele inclusive convida seus discípulos a
perderem tempo com Ele: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um
pouco”. Ele recomenda frequentemente que não se agitem.
Missionários – Esta exigência de tempos de solidão e de escuta se
apresenta de forma especial aos que anunciam o Evangelho e aos animadores da
comunidade cristã, que devem permanecer constantemente em contato com a fonte
da Palavra que devem transmitir aos seus irmãos. Os leigos deveriam alegrar-se,
não se sentir descuidados, cada vez que o próprio sacerdote se ausenta para um
tempo de recarga intelectual e espiritual.
Ovelhas – É preciso dizer que as férias de Jesus com os
apóstolos foram de breve duração, porque as pessoas, vendo-o partir,
seguiram-no a pé até o lugar de desembarque. Mas Jesus não se irrita com as
pessoas que não lhe dão trégua, senão que “se comove”, vendo-as abandonadas a
si mesmas, “como ovelhas sem pastor”, e começa a “ensinar-lhes muitas coisas”.
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