No Evangelho
das missas deste domingo (Lc 10,25-37), o evangelista Lucas apresenta a
parábola do “Bom Samaritano”. Jesus e
seus apóstolos estão viajando da Galiléia para Jerusalém, quando são
questionados por um doutor da Lei. Mas, vocês sabem como eram realizadas as
viagens na época de Jesus?
Forma de viajar – As viagens
eram realizadas a pé (quando participavam homens), ou sobre algum animal
(quando havia alguma dificuldade de caminhar) ou com o uso de carroças
(formando caravanas). Segundo a tradição, a viagem de José e Maria (grávida) de
Nazaré para Belém foi realizada com Maria montada sobre um animal de carga e a
viagem dos Magos foi sobre camelos (embora os Evangelhos nada descrevam). A
viagem de Jesus (com 12 anos) à Jerusalém foi realizada em caravana (Lc 2, 44).
Tempo de viagem – As viagens
eram realizadas apenas durante o dia e isso permitia o deslocamento diário de
aproximadamente 40 km (talvez um pouco mais, quando havia somente homens e
seguiam a pé). No episódio em que, aos doze anos, Jesus ficou em Jerusalém e
José e Maria, em caravana, caminharam um dia inteiro (Lc 2, 41), eles se
distanciaram cerca de 40 km de Jerusalém.
Um plano de viagem – Para a viagem
de Jesus e os apóstolos de Jerusalém até a Galiléia (Cafarnaum) provavelmente o
plano seria o seguinte: uma primeira etapa, de Jerusalém até Jericó (183
estádios ou 34 km); a segunda etapa, de Jericó até o monte Gilboa (50 km); e,
uma terceira etapa, até Cafarnaum, de 46 km. O estádio era uma medida romana
que equivalia a 600 pés ou 185 metros.
Preparação para a viagem – Nessa época,
a viagem era preparada já durante a noite anterior. O trigo era colocado na
moenda, acionada pelos criados. Após horas de trabalho, as mós eram desmontadas
e o trigo moído era peneirado e depositado num saco para a viagem. Outra parte
da farinha era amassada e cozida, formando os pães para a refeição antes da
partida.
Refeição – Por volta das
4 horas da manhã, eram servidos os pães (roscas de trigo) com azeite,
acompanhados de tigelas de leite de cabra, quente. Após a refeição, com o dia
já clareando, cada homem separava o seu material e montava a sua mochila para a
viagem.
Cantil – Cada viajante
deveria tomar um par de sandálias de reserva (amarradas na cintura) e um cantil
(uma cabaça seca e oca) preso a uma corda. Essas cabaças deveriam ter em seu
interior uma pedra (pedregulho) para torná-las mais pesadas, permitindo tirar
água dos poços sem a necessidade de recorrer aos serviços de homem ou mulher
impuros.
Água – A água era transportada em um
odre (saco de pele para transporte de líquidos) com capacidade entre 30 e 40
litros, preso a um par correias. O viajante deveria carregar o odre nas costas,
deixando o gargalo virado para baixo, o que facilitava para que os outros se
servissem da água. À água era misturado um pouco de vinho fermentado, o que
dava à bebida um toque mais agradável e refrescante.
Tarefas – Um homem
deveria se encarregar do transporte da água. Outros dois homens seriam os
responsáveis pela lona e os suportes (paus de conífera, como pinheiros), para a
montagem da tenda de campanha. Outro deveria ser o responsável pela estratégia
de viagem (itinerário, tempos, locais de acampamento, poços). Havia ainda um
tesoureiro, responsável por levar o saco com o dinheiro na cinta.
Mais tarefas – O saco de
mantimentos era carregado por um ou dois homens. Os gêneros alimentícios
consistiam em legumes (favas e lentilhas), grão torrado, cominhos e
hortelã-pimenta (para temperar a comida), um jarro de mel branco e um bom
sortimento de passas, tâmaras e figos secos, que eram prensados, tornando-se
uma espécie de pão escuro e brilhante. Tudo isso, com uma porção de farinha
moída, constituía uma dieta aceitável, suficiente para três ou quatro dias de
viagem.
Vestimenta – Obedecendo a
outro velho hábito, enrolava-se o respectivo sudário à volta da cabeça, úteis
para conter o suor nas longas caminhadas. A maioria dos homens recolhia e
enrolava as túnicas à cintura, cingindo os rins (Lc 12, 35). Assim, as amplas
peças de lã ou linho não travavam o andar do caminhante. Alguns homens não
enrolavam as túnicas à cintura, normalmente para esconder o dinheiro ou a
bainha com a espada.
Os Apóstolos – Os Evangelhos
não descrevem quais tarefas eram destinadas a cada apóstolo. Sabe-se apenas que
Judas Iscariotes era o tesoureiro (Jo 13,29).
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