No Evangelho deste domingo (Mt 2,1-12), os “magos” do oriente (representantes
de todos os povos da Terra) vêm ao encontro de Jesus. Atentos aos sinais da
chegada do Messias, procuram o Menino com esperança, até que O encontram,
reconhecendo n’Ele a “salvação de Deus” e aceitando-O como “o Senhor”.
Papa – Reproduzimos, a seguir, a reflexão realizada
pelo Papa Bento XVI, durante o Ângelus do dia 6/1/2010, com os peregrinos reunidos
na Praça de São Pedro.
Sinal – Queridos irmãos e irmãs! Celebramos hoje a
grande festa da Epifania, o mistério da manifestação do Senhor a todos os
povos, representados pelos Magos, vindos do Oriente para adorar o Rei dos
Judeus (cf. Mt 2, 1-2). O evangelista Mateus, que relata o acontecimento,
sublinha que estes chegaram a Jerusalém seguindo uma estrela, vista em seu
surgimento e interpretada como sinal do nascimento do Rei anunciado pelos
profetas, ou seja, o Messias.
Estrelas – Quando chegaram a Jerusalém, no entanto, os
Magos precisaram das indicações dos sacerdotes e dos escribas para conhecer
exatamente o lugar ao qual deveriam se dirigir, isto é, Belém, a cidade de Davi
(Mt 2,5-6; Mq 5,1). A estrela e as Sagradas Escrituras foram as duas luzes que
guiaram o caminho dos Magos, que aparecem como modelos dos autênticos
buscadores da verdade.
Revelações – Eles eram sábios, que sondavam os astros e
conheciam a história dos povos. Eram homens de ciência, em um sentido amplo,
que observavam o cosmos, considerando-o quase como um grande livro, cheio de
sinais e de mensagens divinas para o homem. Seu saber, portanto, longe de
considerar-se autossuficiente, estava aberto a posteriores revelações e
chamados divinos. De fato, não se envergonharam de pedir instruções aos chefes
religiosos dos judeus. Eles poderiam ter dito: façamos isso sozinhos, não
precisamos de ninguém, evitando, segundo nossa mentalidade atual, toda
“contaminação” entre a ciência e a Palavra de Deus.
Profecia – No entanto, os Magos escutaram as profecias
e as acolheram; e assim que voltaram ao caminho, rumo a Belém, viram novamente
a estrela, quase como confirmação de uma perfeita harmonia entre a busca humana
e a Verdade divina, uma harmonia que encheu de alegria seus corações de
autênticos sábios (Mt 2, 10). O cume do seu itinerário de busca foi quando se
encontraram diante do “Menino com Maria, sua mãe” (Mt 2, 11).
Sábios – O Evangelho diz que “ajoelharam-se diante
dele e o adoraram”. Eles poderiam ter ficado desiludidos e, mais ainda,
escandalizados. No entanto, como verdadeiros sábios, abriram-se ao mistério que
se manifesta de forma surpreendente; e, com seus dons simbólicos, demonstraram
que reconheciam em Jesus o Rei e o Filho de Deus. Precisamente, neste gesto, se
cumprem os oráculos messiânicos que anunciam a homenagem das nações ao Deus de
Israel.
Inteligência e fé – Um último detalhe confirma, nos Magos, a
unidade entre inteligência e fé: é o fato de que, “avisados em sonho para não
voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho” (Mt 2,
12). Teria sido natural voltar a Jerusalém, ao palácio de Herodes e ao Templo,
para proclamar sua descoberta. No entanto, os Magos, que escolheram o Menino
como soberano, protegeram-nO, escondendo-O, segundo o estilo de Maria, ou
melhor, do próprio Deus e, assim como tinham aparecido, desapareceram no
silêncio, apagados, mas também transformados, após o encontro com a Verdade.
Eles descobriram um novo rosto de Deus, uma nova realeza: a do amor.
Maria – Que a Virgem Maria, modelo de verdadeira
sabedoria, nos ajude a sermos autênticos buscadores da verdade de Deus, capazes
de viver sempre a profunda sintonia que existe entre a razão e a fé, entre a
ciência e a revelação.
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