O
Evangelho das missas deste domingo nos apresenta a ressurreição de Lázaro
(capítulo 11 do Evangelho de João).
Família
– A cena acontece em
Betânia, uma aldeia a Leste do monte das Oliveiras, a cerca de três quilômetros
de Jerusalém. O autor da catequese coloca-nos diante de um triste episódio
familiar: a morte de um homem. A família mencionada, constituída por três
pessoas (Marta, Maria e Lázaro), parece conhecida de Jesus. A visita de Jesus a
casa desta família é, aliás, mencionada em Lc 10,38-42; o texto observa que a Maria, aqui referenciada, é a
mesma que tinha ungido o Senhor com perfume e lhe tinha enxugado os pés com os
cabelos.
A
história – A catequese
se resume em: a família de Betânia é formada por Maria, Marta e Lázaro (não há
pai, nem mãe, nem filhos). Trata-se de uma família amiga de Jesus. Um fato
abala a vida desta família: um irmão (Lázaro) está gravemente doente. As
“irmãs”, preocupadas, informam Jesus. Jesus não vai imediatamente ao seu
encontro. Depois de dois dias, Jesus resolve dirigir-se à Judéia ao encontro do
“amigo”. Ao chegar a Betânia, Jesus encontrou o “amigo” sepultado há quatro
dias. De acordo com a mentalidade judaica, a morte era considerada definitiva a
partir do terceiro dia.
As
irmãs – Por esta
altura, entram em cena as “irmãs” de Lázaro. Marta é a primeira. Vem ao encontro
de Jesus e insinua a sua reprovação: Jesus podia ter evitado a morte do amigo,
se tivesse estado presente, pois onde Ele está reina a vida. Maria, a outra
irmã, tinha ficado em casa. Está imobilizada, paralisada pela dor sem
esperança. Marta convida a irmã a sair da sua dor e ir ao encontro de Jesus.
Maria vai rapidamente, sem dar explicações a ninguém: ela tem consciência de
que só em Jesus encontrará uma solução para o sofrimento que lhe enche o
coração.
Amigo
– Jesus inicia a sua
catequese dizendo-lhe: “teu irmão ressuscitará”. Marta pensa que as palavras de
Jesus são uma consolação banal e que Ele se refere à crença farisaica, segundo
a qual os mortos haveriam de reviver, no final dos tempos. Jesus, no entanto,
não fala da ressurreição no final dos tempos. O que Ele diz é que, para quem é
amigo de Jesus, não há morte, sequer. Jesus é “a ressurreição e a vida”. Para
os seus amigos, a morte física é apenas a passagem desta vida para a vida
plena.
A
pedra – A cena da
ressurreição de Lázaro começa com Jesus chorando. Não é pranto ruidoso, mas
sereno… Jesus chega junto do sepulcro de Lázaro. A entrada da gruta onde Lázaro
está sepultado está fechada com uma pedra (como era costume, entre os judeus).
A pedra é, aqui, símbolo da definitividade da morte. Separa o mundo dos vivos
do mundo dos mortos, cortando qualquer relação entre um e outro. Jesus, no
entanto, manda tirar essa “pedra”: para os crentes, não se trata de duas
realidades sem qualquer relação. Jesus, ao oferecer a vida plena, abate as
barreiras criadas pela morte física. A morte física não afasta o homem da vida.
Dar
Vida – A ação de dar
vida a Lázaro representa a concretização da missão que o Pai confiou a Jesus:
dar vida plena e definitiva ao homem. É por isso que Jesus, antes de mandar Lázaro
sair do sepulcro, ergue os olhos ao céu e dá graças ao Pai: a sua oração
demonstra a sua comunhão com o Pai e a sua obediência na concretização do plano
do Pai. Depois, Jesus mostra Lázaro vivo na morte, provando à comunidade dos
crentes que a morte física não interrompe a vida plena do discípulo que ama
Jesus e O segue.
Comunidade
– A família de Betânia
representa a comunidade cristã, formada por irmãos e irmãs. Todos eles conhecem
Jesus, são amigos de Jesus, acolhem Jesus na sua casa e na sua vida. Essa
família também faz a experiência da morte física. Como é que deve lidar com
ela? Com o desespero de quem acha que tudo acabou? Com a tristeza de quem acha
que a morte venceu, por algum tempo, até que Deus ressuscite o “irmão” morto,
no final dos tempos (perspectiva dos fariseus da época de Jesus)? Não; de forma
alguma.
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