Hoje encerramos as
celebrações dominicais do ano litúrgico com a festa de Cristo Rei. O evangelho
de hoje é o famoso texto de Mateus 25 sobre o Juízo Final. Nesse texto,
enfatiza-se a sorte eterna dos que optaram ou não pela vivência da
"justiça do Reino dos Céus".
O primeiro discurso do evangelho – o Sermão da Montanha - enfatizou que quem vivesse essa justiça
seria perseguido (5,12); o segundo discurso, o Missionário, insistiu que os
discípulos não deveriam ter medo diante dessas perseguições, sofrimentos e
rejeição (10,23.28.31); o terceiro - as parábolas do Reino - ensinou a
paciência e perseverança diante do lento crescimento do Reino e da fraqueza da
comunidade (13); o quarto - o Discurso Eclesiológico - traçou as
características da comunidade dos que procuram essa justiça.
Agora, o último discurso – o Escatológico - mostra que a vivência dessa justiça será o
critério de Deus para o julgamento final. Ilustra-se, de uma maneira viva, o
sentido da frase lapidar do Sermão da Montanha: "Se a justiça de vocês não
for superior à dos doutores da lei e dos fariseus, não entrarão no Reino do
Céu"(5, 20).
O Critério do Juízo Final – Jesus - o Rei - não pergunta sobre o cumprimento de leis de
ritual e de pureza, tão caras aos doutores da lei e fariseus, mas sobre a
prática da justiça do Reino, diante do sofrimento de tanta gente - famintos,
sedentos, migrantes, esfarrapados, doentes e presos. A prática de solidariedade
com os oprimidos é a única prova duma verdadeira fé em Jesus, e do seguimento
fiel dele.
Sociedade – Esse
texto não pode deixar de nos questionar, vivendo como estamos numa sociedade
cada vez mais excludente. Celebramos hoje Jesus como "Rei do
Universo". Mas ele se torna rei das nossas vidas somente na medida em que
fazemos essa opção real pelos oprimidos, e vivenciamos "a justiça do Reino
do Céu", tema central do Evangelho de Mateus. Num mundo que nos apresenta
tantas outras opções "régias" - ou seja, opções que regem as nossas
vidas e manifestam o que são os nossos valores últimos, o texto nos leva a
verificar se realmente Jesus é o Rei das nossas vidas - se é o Evangelho dele
que as rege, ou se o título não passa de mais um dos rótulos vazios, sem
consequências práticas, tão queridos dos arautos de uma religião intimista,
sentimentalista e individual, tanto em voga nos nossos tempos.
Rei – Será que a utopia do
Reino de Deus, o seguimento de Jesus até a Cruz, a prática da Justiça do Reino
são os elementos que norteiam as nossas práticas, individuais e comunitárias?
Se não, então Jesus Cristo ainda não se tornou Rei do nosso universo pessoal e
eclesial. É o questionamento do texto de hoje, que nos lembra que Jesus não é
Rei conforme os padrões deste mundo, mas o Rei pobre e justo, tão esperado
pelos oprimidos de todos os tempos.
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