Reconstrução da casa de Pedro. Ao centro o pátio, com todas as
construções voltadas para ele e com saída para o exterior. Na parte superior, a
provável habitação de Jesus.
Na última semana, descrevemos a cidade onde Jesus morou, durante a
sua pregação. Por ter morado na cidade de Cafarnaum, entre o final do ano 27 e
abril do ano 30 d.C., esta cidade ficou conhecida como “A cidade de Jesus”.
Lembramos que Jesus nasceu na cidade de Belém, na Judéia (no ano 7 a.C.), foi
criado em Nazaré (por isso foi chamado de Jesus de Nazaré ou Nazareno e, no ano
27 d.C., com 33 anos de idade, foi morar em Cafarnaum, que se tornou a sede de
sua pregação. Jesus morreu crucificado na sexta-feira, 7 de abril do ano 30
(com 36 anos), e ressuscitou no domingo, 9 de abril.
Pesquisas – Na década de 1970, foram
feitas escavações nas ruínas da cidade de Cafarnaum. A primeira constatação foi
que a cidade era muito pobre, as paredes das casas eram construídas com grossas
pedras de basalto negro, sem polir, postas umas sobre as outras, sem argamassa.
Os pisos das casas eram de terra ou estavam cobertos com pequenas pedras lisas.
Entre todos aqueles ambientes escavados, apareceu uma estranha habitação. As
paredes tinham revestimento interno de argamassa e os pedaços de reboco, que
estavam caídos no piso, tinham desenhos geométricos e pinturas florais. O que
mais chamou a atenção foram 175 fragmentos das paredes com inscrições (em
grego, sírio e aramaico) com as palavras “Senhor”, “Cristo”, “Deus”, “Amém” e
“Pedro”.
Pergunta – O que havia de particular
naquela casa de Cafarnaum? Era a única com piso pavimentado e paredes
decoradas. Os arqueólogos concluíram que se tratava da casa humilde de um
pescador (Pedro), que a havia emprestado para Jesus viver, enquanto se
encontrava na cidade. As inscrições nas paredes eram de visitantes cristãos que
visitaram Cafarnaum nos primeiros séculos do cristianismo, fazendo da casa
local de veneração.
Pedro – A casa de Simão Pedro
estava situada em um dos quarteirões, nas imediações do lago. Em Cafarnaum não
existiam casas individuais, mas habitações de famílias ou coletivas: as
habitações, construídas em pedra, agrupavam-se ao redor de um único pátio, para
várias famílias. As diversas habitações não tinham porta, permanecendo sempre
abertas para o pátio. Uma única porta comunicava a rua ao pátio. Ali se
amassava e assava o pão, em fornos coletivos; as mulheres moíam o trigo e os
artesãos faziam seus trabalhos manuais.
A casa – O pátio da casa de Pedro
tinha aproximadamente 84 m2, totalizando sete habitações. Conforme Marcos
(1, 29), na casa moravam Simão (Pedro) e seu irmão André. Devemos considerar
que todos tinham mulheres e filhos, além da sogra de Pedro, que podia ter
marido e outros membros da família. A primeira vez que Jesus entrou na casa foi
para curar a sogra de Pedro, que estava enferma, e os apóstolos “falaram-lhe a
respeito dela”. Isso mostra que Jesus não teve a possibilidade de vê-la, pois
se encontrava em outra habitação.
Impostos – Nesta casa, aconteceu o
episódio contado em Mateus 17, 24-27: os cobradores de impostos, ao verem Pedro
entrar com Jesus na casa, chamaram o apóstolo, dizendo: “O seu Mestre não paga
os impostos ao Templo”. Pedro contestou: “Claro que sim”. E entrou silencioso
na casa para buscar o dinheiro. Jesus adiantou-se dizendo: “Simão, vai até o
lago, lança o anzol e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali
encontrarás uma moeda valendo duas vezes o imposto; pega-a e entrega a eles por
mim e por ti”. Por que os cobradores se dirigiram a Pedro para cobrar o
imposto? Certamente porque Jesus, como hóspede permanente de Pedro, já era
considerado membro da família.
Teto – Nas casas da cidade não
havia cobertura, como nas casas atuais. Devido à raridade de chuvas na região
da Galileia, os telhados das casas consistiam em travessões de madeira com um
entrelaçado de ramos com folhas e se colocava em cima uma massa de terra e
palha. Este sistema de telhado durava um ano e deveria ser reparado antes da
estação das chuvas. Para esta manutenção, existia na parte externa da casa uma
escada fixa de pedra, que dava acesso ao telhado. Esta descrição permite
entender melhor o relato da cura do paralítico, em Mc 2,1-22: os quatro amigos
que carregavam o paralítico, ante a impossibilidade de passar pela porta da
casa, subiram pela escada externa, removeram a massa de terra e os ramos e
abaixaram a maca com o paralítico até Jesus, que estava dentro da casa.
Recompensa – No final da pregação de
Jesus, Pedro pôde ouvir a sua recompensa: “... por ter deixado casa ou irmãos,
ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim, dentro de
pouco tempo receberás cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e
terras”. E concluiu: “E, no futuro, a vida eterna” (Mc 10, 28-31).
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