segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Jesus e os 613 ritos judaicos

  


No Evangelho das missas deste domingo (Mc 7, 1-8,14-15,21-23), Jesus está na Galiléia e discute com os fariseus sobre as tradições e sobre o que é puro ou impuro.

 Regras – Os povos antigos sentiam um grande desconforto quando tinham de lidar com certas realidades desconhecidas e misteriosas. Criaram, então, um conjunto de regras que permitiam o contato com essas realidades (por exemplo, os cadáveres, o sangue, a lepra, etc.) ou que regulamentavam a forma de lidar com elas. No contexto judaico, quem infringia essas regras colocava-se numa situação de marginalidade do mundo divino (o culto, o Templo) e de integrar a comunidade do Povo santo de Deus. Dizia-se então, que a pessoa ficava “impura”. Para readquirir o estado de “pureza” era preciso realizar um rito de “purificação”, cuidadosamente estipulado na “Lei”.

 Tradições judaicas – Na época de Jesus, as regras da “pureza” tinham sido absurdamente ampliadas pelos doutores da Lei, criando-se uma obsessão pelos rituais de “purificação”. Para os fariseus, a “tradição dos antigos” não se restringia às normas escritas contidas na Lei (Torah), mas abrangia 613 leis, das quais 248 eram preceitos de formulação positiva e 365 eram preceitos de formulação negativa. É sobre isso que se centra a polêmica entre Jesus e os fariseus que o Evangelho deste domingo.

 Começando a lavar as mãos – Entre as muitas, infindáveis e enfadonhas tradições dos judeus, havia aquela de, antes de qualquer refeição, lavar as mãos muitas vezes, como se fora uma cerimônia solene. Aliás, era de fato uma lavagem imposta, uma cerimônia ritual de preceito. Não se tratava simplesmente de lavar-se com sabão e água e limpar-se: havia os movimentos certos que deviam ser feitos, tudo bem especificado.

 Ainda lavando as mãos – A quantidade mínima de água que poderia ser usada devia caber, pelo menos, numa metade da casca de ovo. Então era preciso derramar um pouco d’água nos dedos e palmas da mão, primeiro uma, depois outra, erguendo a mão o bastante para que a água escorresse pelos punhos, mas não além deste ponto. Além disso a pessoa tinha de cuidar para que a água não escorresse pelas costas da mão.

 Terminando de lavar as mãos – Depois, a pessoa deveria esfregar uma mão na outra, indo e vindo, para lá e para cá. Se não houvesse água nenhuma, poderia ser feita uma espécie de lavagem a seco, simplesmente fazendo os movimentos como se estivesse usando água. Mas, de modo algum, a pessoa poderia sentar-se à mesa para comer sem ter praticado esta cerimônia.

 Libertação – Diante dessa situação, a prática de Jesus era altamente libertadora. Sem recusar-se a participar nos ritos tradicionais, ele entendeu que nada do que vem de fora da pessoa é capaz de deixá-la impura! Jesus recuperava a visão dos profetas, que tradicionalmente tinham conclamado o povo para que vivesse a justiça e o seguimento da vontade de Deus, em lugar de preocupar-se com rituais externos.

 QUER SABER MAIS – Se você quer saber quais são os 613 ritos da Lei judaica, solicite por E-mail, que lhe enviaremos gratuitamente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário