No Evangelho das missas deste domingo (Mc 7,
1-8,14-15,21-23), Jesus está na Galiléia e discute com os fariseus sobre as
tradições e sobre o que é puro ou impuro.
Regras – Os povos antigos sentiam um grande desconforto quando
tinham de lidar com certas realidades desconhecidas e misteriosas. Criaram,
então, um conjunto de regras que permitiam o contato com essas realidades (por
exemplo, os cadáveres, o sangue, a lepra, etc.) ou que regulamentavam a forma
de lidar com elas. No contexto judaico, quem infringia essas regras colocava-se
numa situação de marginalidade do mundo divino (o culto, o Templo) e de
integrar a comunidade do Povo santo de Deus. Dizia-se então, que a pessoa
ficava “impura”. Para readquirir o estado de “pureza” era preciso realizar um
rito de “purificação”, cuidadosamente estipulado na “Lei”.
Tradições
judaicas – Na época de Jesus, as
regras da “pureza” tinham sido absurdamente ampliadas pelos doutores da Lei,
criando-se uma obsessão pelos rituais de “purificação”. Para os fariseus, a
“tradição dos antigos” não se restringia às normas escritas contidas na Lei
(Torah), mas abrangia 613 leis, das quais 248 eram preceitos de formulação
positiva e 365 eram preceitos de formulação negativa. É sobre isso que se
centra a polêmica entre Jesus e os fariseus que o Evangelho deste domingo.
Começando a lavar
as mãos – Entre as muitas,
infindáveis e enfadonhas tradições dos judeus, havia aquela de, antes de
qualquer refeição, lavar as mãos muitas vezes, como se fora uma cerimônia
solene. Aliás, era de fato uma lavagem imposta, uma cerimônia ritual de
preceito. Não se tratava simplesmente de lavar-se com sabão e água e limpar-se:
havia os movimentos certos que deviam ser feitos, tudo bem especificado.
Ainda lavando as
mãos – A quantidade mínima
de água que poderia ser usada devia caber, pelo menos, numa metade da casca de
ovo. Então era preciso derramar um pouco d’água nos dedos e palmas da mão,
primeiro uma, depois outra, erguendo a mão o bastante para que a água
escorresse pelos punhos, mas não além deste ponto. Além disso a pessoa tinha de
cuidar para que a água não escorresse pelas costas da mão.
Terminando de
lavar as mãos – Depois, a pessoa
deveria esfregar uma mão na outra, indo e vindo, para lá e para cá. Se não
houvesse água nenhuma, poderia ser feita uma espécie de lavagem a seco,
simplesmente fazendo os movimentos como se estivesse usando água. Mas, de modo
algum, a pessoa poderia sentar-se à mesa para comer sem ter praticado esta
cerimônia.
Libertação – Diante dessa situação, a prática de Jesus era
altamente libertadora. Sem recusar-se a participar nos ritos tradicionais, ele
entendeu que nada do que vem de fora da pessoa é capaz de deixá-la impura!
Jesus recuperava a visão dos profetas, que tradicionalmente tinham conclamado o
povo para que vivesse a justiça e o seguimento da vontade de Deus, em lugar de
preocupar-se com rituais externos.
QUER SABER MAIS – Se você quer saber quais são os 613 ritos da Lei
judaica, solicite por E-mail, que lhe enviaremos gratuitamente.
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