No Evangelho das missas deste
domingo será lido o trecho da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Vamos examinar a descrição de Lucas.
No Evangelho das missas deste
domingo será lido o trecho da aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Vamos examinar a descrição de Lucas.
Fé, dom de Deus –
A crítica e o diálogo com os ateus, quando se desenvolvem no respeito e na
lealdade recíproca, são de grande utilidade. Antes de tudo nos fazem humildes.
Obrigam-nos a ver que a fé não é um privilégio ou uma vantagem para ninguém.
Não podemos impô-la nem demonstrá-la, mas só propô-la e mostrá-la com a vida.
“Que é que possuis que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que haverias
de te ensoberbecer como se não o tivesses recebido?”, diz São Paulo! (1Cor 4,
7). A fé, no fundo, é um dom, não um mérito, e como todo dom deve ser vivido na
gratidão e na humildade.
Purificação da fé –
A relação com aqueles que não creem ajuda-nos também, a purificar nossa fé de
representações. Com muita frequência, aquilo que os ateus rejeitam não é o
verdadeiro Deus, o Deus Vivo da Bíblia, mas uma imagem distorcida de Deus, que
nós mesmos, os que cremos, contribuímos para criar. Rejeitando esse Deus, os
não crentes nos obrigam a voltarmos a situar as marcas do Deus vivo e
verdadeiro, Daquele que está além de toda nossa representação e explicação.
Eles nos ajudam a não fossilizar ou banalizar a Deus.
Tomé, um exemplo a imitar –
Assim, que São Tomé encontre hoje muitos imitadores, não só na primeira parte
de sua história – quando declara que não crê –, mas também ao final, naquele
magnífico ato seu de fé que o leva a exclamar: “Meu Senhor e Deus meu!”. Tomé é
também imitável por outro fato: não fecha a porta; não fica em sua postura,
dando por encerrada a questão. De fato, não apenas manifestou sua dúvida, mas o
encontramos oito dias depois com os demais apóstolos no cenáculo. Se não
tivesse desejado crer, ou “mudar de opinião”, não teria estado ali. Ele quis
ver, tocar, portanto, estava em busca. E ao final, depois de que viu e tocou
com sua mão, dirige-se a Jesus, não como um vencido, mas como um vencedor: “Meu
Senhor e Deus meu!”. Nenhum outro apóstolo havia ainda se lançado a proclamar
com tanta clareza a divindade de Cristo.
Novo tempo –
O texto começa com uma indicação aparentemente cronológica, mas que deve ser
entendida sobretudo em chave teológica: “no primeiro dia da semana”. Significa
que começou um novo ciclo – o da nova criação, o da Páscoa definitiva. Aqui
começa um novo tempo, o tempo do homem novo, que nasce a partir da doação de
Jesus.
Madalena –
A primeira personagem
Discípulos –
Na seqüência, o autor do quarto Evangelho apresenta uma catequese sobre a dupla
atitude dos discípulos diante do mistério da morte e da ressurreição de Jesus.
Essa dupla atitude é expressa no comportamento de dois discípulos que, na manhã
da Páscoa, correm ao túmulo de Jesus: Simão Pedro e um “outro discípulo” não
identificado (mas que parece ser o “discípulo amado”, apresentado no Quarto
Evangelho como modelo ideal do discípulo).
Discípulo Amado –
O autor coloca estas duas figuras lado a lado em várias circunstâncias: na
última ceia, é o “discípulo amado” que percebe quem está do lado de Jesus e
quem O vai trair (Jo 13,23-25); na paixão, é ele que consegue estar perto de
Jesus no átrio do sumo sacerdote, enquanto Pedro O trai (Jo 18,15-18.25-27); é
ele que está junto da cruz quando Jesus morre (Jo 19,25-27); é ele quem
reconhece Jesus ressuscitado nesse vulto que aparece aos discípulos no lago de
Tiberíades (Jo 21,7). Nas outras vezes, o “discípulo amado” levou sempre
vantagem sobre Pedro. Aqui, isso irá acontecer outra vez: o “outro discípulo”
correu mais e chegou ao túmulo primeiro que Pedro (o fato de se dizer que ele
não entrou logo pode querer significar a sua deferência e o seu amor, que
resultam da sua sintonia com Jesus); e, depois de ver, “acreditou” (o mesmo não
se diz de Pedro).
Morte e ressurreição -
Provavelmente, o autor do Quarto Evangelho quis descrever, através destas
figuras, o impacto produzido nos discípulos pela morte de Jesus e as diferentes
disposições existentes entre os membros da comunidade cristã. Em geral Pedro
representa, nos Evangelhos, o discípulo obstinado, para quem a morte significa
fracasso e que se recusa a aceitar que a vida nova passe pela humilhação da
cruz (Jo 13,6-8.36-38; 18,16.17.18.25-27; cf. Mc 8,32-33; Mt 16,22-23). Ao
contrário, o “outro discípulo” é o “discípulo amado”, que está sempre próximo
de Jesus, que faz a experiência do amor de Jesus; por isso, corre ao seu
encontro de forma mais decidida e “percebe” – porque só quem ama muito percebe
certas coisas que passam despercebidas aos outros – que a morte não pôs fim à
vida.
Homem Novo –
Esse “outro discípulo” é, portanto, a imagem do discípulo ideal, que está em
sintonia total com Jesus, que corre ao seu encontro com um total empenho, que
compreende os sinais e que descobre (porque o amor leva à descoberta) que Jesus
está vivo. Ele é o paradigma do Homem Novo, do homem recriado por Jesus.
Que
a mensagem da Ressurreição, da vitória da vida sobre a morte, nos anime e dê
força, especialmente quando
Março
do ano 30 – No final de
março do ano 30, Jesus fez a sua última viagem para Jerusalém. Ele e seus
discípulos viajaram da Galiléia, passando pela Peréia (além Jordão), evitando a
região da Samaria. Durante essa viagem, curou dez leprosos (Lc 17,11), discutiu
com os fariseus sobre o casamento (Mt 19,3) e ensinou os companheiros com as
parábolas da viúva e do juiz, do fariseu e do publicano (Lc 18,9) e dos
operários da vinha. Falou sobre o juízo final, recebeu as crianças e conversou
com o jovem rico (Lc 18, 15-30).
Em
Betânia – Jesus chegou
a Betânia na sexta-feira (Jo 12,1), dia 31 de março do ano 30, e foi jantar na
casa de seu amigo Lázaro (que havia revivido) e das irmãs Marta e Maria. Betânia
era uma aldeia a Leste do monte das Oliveiras, a cerca de três quilômetros de
Jerusalém. Nesta noite, Maria lavou os pés de Jesus com um perfume caro e os enxugou
com os cabelos; foi repreendida por Judas Iscariotes. Nesta mesma noite, Jesus
fez (pela terceira vez) a predição de sua Paixão, recebeu o pedido dos filhos
de Zebedeu e contou a parábola das minas e dos talentos.
Sábado
– 1º de abril – No
sábado, Jesus e seus discípulos seguiram de Betânia para Jerusalém. Quando
passavam por Betfagé, perto do Monte das Oliveiras, Jesus pediu que dois
discípulos fossem ao povoado e trouxessem um jumentinho que estava amarrado.
Montado no jumentinho, Jesus fez a entrada triunfal em Jerusalém, aclamado pelo
povo, que o saudava com ramos. Neste mesmo sábado, Jesus visitou o Templo,
expulsando os vendedores, derrubando as mesas e cadeiras dos cambistas. Voltou
para Betânia, onde passou a noite (Mt, 21,17). No domingo (2 de abril), Jesus
descansou. Em uma de suas caminhadas, encontrou uma figueira estéril e proclamou
o ensinamento sobre a fé (Mt 21,18).
3
e 4 de abril – Na
segunda e terça-feira, Jesus voltou a Jerusalém. No Templo, foi interrogado
pelos fariseus sobre a sua missão, sobre a sua autoridade (Mt 21,23) e sobre o
tributo a César (Mt 22,15). Conversando com os discípulos, Jesus contou as
parábolas dos dois filhos (Mt 21,28) e dos vinhateiros (Mt 21,33) e apresentou
a oferta da viúva pobre (Mc 12,41). Ao sair, mostrou a grandiosa obra do
Templo, fazendo um discurso (conhecido como Apocalipse sinótico) sobre a sua destruição,
a grande tribulação e a vigília (Mt 24). A quarta-feira (5 de abril) foi
marcada pela traição de Judas (Mt 26,14; Lc 22,1).
Quinta-feira
– O dia 6 de abril
começou com a preparação para a Páscoa (Mt 26,17). Os discípulos foram até a
cidade e prepararam a Páscoa na casa de um conhecido deles. Ao cair da tarde,
Jesus se reuniu com os doze apóstolos e, enquanto comiam, anunciou que seria
traído. Judas deixou o cenáculo (Mt 26,20). Em seguida, Jesus lavou os pés dos
apóstolos (Jo 13,1), instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio (Mt 26,28), entregou
o novo mandamento (Jo 13,33), predisse as negações de Pedro (Mt 26,31) e fez o
sermão da despedida (Jo 14,16). Em seguida, Jesus e os apóstolos saíram do
Cenáculo, deixando a cidade, em direção a Betânia, até um horto chamado Getsêmani.
Ali Jesus agonizou, enquanto os apóstolos dormiam (Mt 26,36).
Sexta-feira,
7 de abril – De
madrugada, no Getsêmani, Jesus foi preso e conduzido ao palácio de Caifás (Sumo
Sacerdote). Em seguida, Jesus foi conduzido ao Sinédrio (tribunal religioso judaico,
composto de 71 membros), onde os escribas e anciãos estavam reunidos. Pedro negou
conhecer Jesus (Mt 26,47). Na manhã, como o Sinédrio não tinha o poder de
condenar as pessoas, levaram Jesus para Pilatos (governador da Judéia,
representante do Império Romano), pedindo a sua condenação à morte.
Indecisão
– Pilatos interrogou
Jesus e não encontrou nenhuma causa de condenação. Sabendo que Jesus era galileu,
Pilatos encaminhou-o para Herodes Antipas, que se encontrava na cidade. Herodes
também, não encontrou nenhuma causa para condenação de Jesus (Lc 23,6).
Novamente foi levado para Pilatos que, lavou as mãos, condenando Jesus e soltando
Barrabás. Jesus recebeu uma coroa de espinhos e foi condenado à crucificação,
caminhando até um lugar chamado Gólgota.
Crucificação
– Ao meio-dia do dia 7
de abril do ano 30, Jesus foi crucificado ao lado de dois ladrões: Dimas e Gestas
(Lc 23,23). Em sua cruz foi escrita a causa da condenação (INRI): “Yehoshuah
Nazoreus, Rex Youdeus” (Jesus Nazareno, rei dos Judeus). Jesus morreu às 3
horas da tarde (Mt 27,45) e, antes do pôr do sol, foi sepultado por José de
Arimatéia (Mt 27,57). No sábado (8 de abril) nada acontece, pois era o dia de
Páscoa dos Judeus.
Domingo
– No domingo, 9 de
abril do ano 30, Maria Madalena (e outras pessoas) foram ao túmulo de Jesus e
encontraram a pedra rolada. Voltaram e contaram para os apóstolos. Pedro e João
foram ao túmulo e encontraram apenas faixas e panos (Jo 20). No mesmo dia Jesus
apareceu para os apóstolos (sem Tomé) e para os discípulos de Emaús (Lc 24,13).