Nos três domingos de julho os Evangelhos das missas apresentam-nos as sete “Parábolas do Reino”, contidas no capítulo 13 do Evangelho de Mateus.
Sete parábolas – Dessas parábolas, três procedem da tradição sinótica (o semeador, o grão de mostarda, o fermento), ou seja, também estão nos Evangelhos de Marcos e Lucas; as outras quatro (o trigo e o joio, o tesouro escondido, a pérola preciosa, a rede) não se encontram nem em Marcos, nem em Lucas. Provavelmente, são originárias da antiga fonte dos “ditos” de Jesus (conhecido como “Evangelho Q”), que Mateus usou abundantemente na composição do seu Evangelho.
Interpretação – A preocupação do evangelista Mateus é sempre a vida da sua comunidade. Nestas sete parábolas e na interpretação que as acompanha, percebe-se a preocupação de um pastor que procura exortar, animar, ensinar e fortalecer a fé desses crentes a quem o Evangelho se destina.
Nas missas – No domingo passado vimos a parábola do “semeador e da semente” (Mt 13,1-23); neste domingo se apresentam as parábolas “do joio e do trigo, grão de mostarda e do fermento” (Mt 13, 24-43) e no próximo domingo leremos as parábolas do tesouro, da pérola e da rede com peixes (Mt 13, 44-52).
O porquê das parábolas – Os próprios discípulos perguntaram a Jesus: “Por que lhes falas em parábolas?”. Porque a linguagem parabólica é uma linguagem rica, expressiva, questionante; porque a “parábola” é uma excelente arma de controvérsia, muito útil em contextos polêmicos; porque a “parábola” faz as pessoas pensar e incita-as à procura da verdade. Por tudo isto, as “parábolas” são uma linguagem privilegiada para apresentar o Reino, para incitar as pessoas a descobrir o Reino e para as levar a aderir ao Reino.
O que é? – A “parábola” é uma imagem ou comparação, através da qual se ilustra uma determinada mensagem ou ensinamento. A linguagem parabólica não foi inventada por Jesus. É uma linguagem habitual na literatura dos povos do Médio Oriente: o estilo oriental gosta mais de falar e de instruir através de imagens, de comparações e de alegorias, do que através dos discursos lógicos, frios e racionais, típicos da civilização ocidental.
Vantagens – A linguagem parabólica tem várias vantagens em relação a um discurso mais lógico e impositivo. Em primeiro lugar, porque a imagem ou comparação que caracteriza a linguagem parabólica é muito mais rica em força de comunicação e em poder de evocação, do que a simples exposição teórica: é mais profunda, mais carregada de sentido, mais evocadora e, por isso, mexe mais com os ouvintes.
Mais vantagens – Em segundo lugar, porque é uma excelente arma de controvérsia: a
linguagem figurada permite levar o interlocutor a admitir certos pontos que, de
outro modo, nunca mereceriam a sua concordância. Em terceiro lugar, porque é um
verdadeiro método pedagógico, que ensina as pessoas a refletir, a medir os prós
e os contras, a encontrar soluções para os dilemas que a vida põe: espicaça a
curiosidade, incita à busca, convida a descobrir a verdade.
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