Se você conhece um pouco a Bíblia, deve ter estranhado o título
acima, pois deve se lembrar que o Apóstolo Paulo escreveu 13 cartas (ou
Epístolas): aos Romanos, 1ª e 2ª aos Coríntios, aos Gálatas, aos Efésios, aos
Filipenses, aos Colossenses, 1ª e 2ª aos Tessalonicenses, 1ª e 2ª a Timóteo, a
Filemon e a Tito. Mas, de uma Carta aos Laodicenses (cristãos da cidade de
Laodicéia) você nunca dever ter ouvido falar...
Explicando... – No final de sua missão, Paulo permaneceu na cidade de
Éfeso (Ásia Menor) por três anos (At 20, 31). Nesta ocasião, enviou o discípulo
Epafras às cidades de Colossas, Laodicéia e Hierápolis (estas cidades distam
menos de 20 km entre si) para estabelecer comunidades cristãs. Paulo,
entretanto, nunca visitou essas cidades (Col 2,1).
Evidência – Entre os anos de 55 e 57, quando estava preso, Paulo enviou
uma carta aos cristãos de Colossos (Carta aos Colossences, conhecida de todos
nós, pois faz parte de nossas Bíblias), na qual faz referência a uma epístola
enviada aos cristãos de Laodicéia: “Saúdem os irmãos de Laodicéia, como também
Ninfas e a Igreja que se reúne na casa dele. Depois de vocês lerem esta carta,
façam que seja lida também na Igreja de Laodicéia. E vocês, leiam a de
Laodicéia”. (Col 4,15-16).
Laodicéia – A Cidade de Laodicéia era localizada na província
romana da Frígia, no oeste da Ásia Menor, Laodicéia foi fundada por Antíoco II
(261-246 a.C.), que lhe deu este nome em honra de sua mulher, Laodice. Cidade
famosa na época de Cristo, por produzir lã e roupas, também era conhecida em
todo o mundo oriental por produzir o “pó frígio” – um pó medicinal utilizado
para os males dos olhos. Tornou-se tão rica que, quando foi destruída em 60 d.C.
por um tremor de terra, os seus cidadãos recusaram a ajuda de Roma e a reconstruíram
com os seus próprios recursos. Isso deu fama aos seus cidadãos de soberbos e
orgulhosos.
Apocalipse – A cidade é citada no Livro do Apocalipse (Ap 3,14-22),
com repreensões à sua riqueza e ao orgulho de seus cidadãos, que acabaram se
afastando dos ensinamentos recebidos e passaram a ser considerados apóstatas. “Você
diz: ‘Sou rico! E agora que sou rico, não preciso de mais nada'. Pois então
escute: Você é infeliz, miserável, pobre, cego e nu. E nem sabe disso. Quer um
conselho? Quer mesmo ficar rico? Então compre o meu ouro, ouro puro, derretido
no fogo. Quer se vestir bem? Compre minhas roupas brancas, para cobrir a
vergonha da sua nudez. Está querendo enxergar? Pois eu tenho o colírio para
seus olhos. Quanto a mim, repreendo e educo todos aqueles que amo. Portanto,
seja fervoroso e mude de vida!” (Ap 3, 17-19).
Hipóteses – O conteúdo da Carta de Paulo aos laodicenses,
entretanto, perdeu-se. Na investigação do texto de Paulo aos colossenses, é
possível levantar algumas suposições do que poderia ter acontecido à carta
endereçada aos laodicenses.
Carta Circular – A primeira hipótese é que Paulo tenha escrito uma “carta
circular”, ou seja, uma carta sem destinatário, enviada às Igrejas da região da
cidade de Éfeso. Mais tarde, esta carta circular se transformou na “Epístola aos
Efésios”, com a inserção das palavras “em Éfeso” no primeiro versículo do texto
(Ef 1,1). As cópias mais antigas da “Carta aos Efésios” (Códices Sinaítico e
Vaticano) não têm as palavras “em Éfeso”.
Troca do nome aos
destinatários – Outra suposição é que
a carta original havia sido endereçada aos laodicenses, mas, por causa do seu afastamento
da Igreja (Ap 3,14-22), os copistas omitiram o nome de Laodicéia e colocaram os
efésios como receptores da carta.
Texto com 20
versículos – No século III,
apareceu nas comunidades cristãs um texto intitulado “Epístola de Paulo aos
Laodicenses” que, por quase mil anos, gozou de grande estima por parte dos
cristãos. O texto não consta de nossas Bíblias e compõe-se apenas um capítulo
com 20 versículos. A Carta aparece em documentos da Igreja como a Vulgata Latina
(São Jerônimo), no Cânon de Muratori (ano 170), de Fulda (ano 546) e nos Códices Sinaítico e Vaticano.
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pela “Carta de São Paulo aos Laodicenses” e quer ler o texto, solicite por
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