sábado, 7 de outubro de 2023

O Reino de Deus será entregue a uma nação que produzirá seus frutos


 No Evangelho das missas deste domingo (Mateus 21,33-43), Jesus reuniu os sacerdotes e anciãos do povo e contou a parábola da vinha:

 Parábola – “Um proprietário plantou uma vinha, arrendou-a a vinhateiros e viajou para o estrangeiro. Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos, que foram espancados e mortos. O proprietário mandou mais empregados, que foram mortos da mesma forma. Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho (herdeiro), que também foi morto.

 Pergunta – Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros? Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: ‘Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo’. Então Jesus lhes disse: ‘Por isso, eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos’.”

 Julgamento final – A parábola de hoje é a segunda numa série de três, referentes ao julgamento final de Deus sobre o seu povo (na semana passada tivemos a parábola dos dois irmãos e, no próximo domingo, a da festa de casamento).

 O texto – Com certeza, o texto que lemos nas bíblias atuais é resultado de uma longa história de transmissão oral e redação. Da boca de Jesus, a história visava à sorte da Vinha, terminando no versículo 41; a transmissão oral pré-sinótica concentrou a atenção na sorte do Filho, acrescentando os versículos 42, 43 e 44, tirados do Salmo 117; finalmente, Mateus transforma a parábola numa alegoria da História da Salvação: deixa claro que o advento do novo povo (versículo 41) está ligado ao destino Daquele que fala e que deve ser condenado e morto, para depois ressuscitar.

 Alegoria – "Os mensageiros" são os profetas que foram mortos pelo povo de Israel, culminando com Jesus, como o Filho. "O Reino" provavelmente se refere à promessa da benção em plenitude, dos últimos tempos. "O Povo" se refere à Igreja, no caso de Mateus composta principalmente de judeu-cristãos, mas também de gentios convertidos, que juntos formam o Novo Povo de Deus, o verdadeiro Israel. Essa conclusão do versículo 43 é a principal contribuição de Mateus à interpretação da parábola, e é mais suave do que a própria parábola, pois os maus vinhateiros não serão destruídos, mas perderão a promessa.

 Promessa – Como o texto de Mateus foi escrito num contexto de polêmica entre a sua comunidade e o judaísmo formativo do fim do primeiro século, ele queria ensinar para a sua comunidade que a promessa antiga feita ao Povo de Deus foi retirada das autoridades farisaicas e das suas comunidades, e dada à comunidade da Igreja.

 Frutos – Mas isso não nos dá motivo para comodismo. Como o povo original perdeu a promessa porque "não deu fruto" também a Igreja não a possui de modo incondicional. Também as comunidades cristãs têm que "dar fruto"- os frutos de justiça, fraternidade, solidariedade e partilha. A História da Salvação nos mostra que Deus não se deixa manipular, nem permite que qualquer comunidade ou religião se torne "dona" Dele, e que o seu verdadeiro povo é aquele que se dedica à construção dos valores do Reino de Deus. O texto convida a um sério exame e revisão das nossas práticas e estruturas eclesiais e eclesiásticas, para que a nossa Igreja cristã não chegue a merecer o destino dos vinhateiros, que por não terem correspondido à Aliança, viram a promessa retirada deles e dada a outro povo "que produzirá os seus frutos" (v43).

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