sábado, 26 de agosto de 2000

Jesus, Palavra de vida eterna

Coluna "Ser Católico" – Jornal da Cidade – 26/08/2000


Quando lemos sobre a vida dos santos ou assistimos a um filme sobre eles, ficamos pensando como é que puderam chegar a tão algo grau de santidade... Não eram eles pessoas comuns como a gente? Não receberam as mesmas mensagens e doutrinas que todos nós recebemos? Por que, então, a diferença?

Certamente é porque eles souberam aproveitar melhor as mensagens...

É como numa classe de alunos: todos ouvem o que o professor ensina mas alguns aproveitam muito mais daqueles ensinamentos, enquanto outros os esquecem logo. Depende de quem? Do professor? Não! Depende do aluno. Depende da maneira mais correta de aproveitar e utilizar-se dos conhecimentos recebidos. Para os cristãos, Jesus é esse professor que ensina, que semeia a Palavra e nós somos os alunos.

Infelizmente, atualmente constatamos que os princípios evangélicos são cada vez menos levados em consideração, cada vez menos seguidos. E nós, como nos sentimos e o que podemos fazer diante deste problema tão sério? O que será que Deus pede de nós neste século tão descristianizado?

Para responder a essas questões é preciso nos reportar às palavras de Jesus no Evangelho: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (João 14, 6). "Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as põe em prática será comparado a um homem sensato que construiu a sua casa sobre a rocha" (Mateus 7, 24) .

Ou ainda, o que disse um autor inspirado: "Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos" (Tiago 1, 22).

Jesus é a própria Palavra! Se parássemos para pensar um pouquinho sobre a importância vital de compreender Jesus como a Palavra encarnada, só o fato de parar para pensar, faria nosso coração arder e se acender!

Você por um só momento já imaginou como seria estar entre os ouvintes de Jesus? Escutar o Verbo que fala com palavras humanas? Você pensou em como seria a intensidade, a inflexão, o conteúdo, a voz de Jesus?

Certamente o impacto causado nas pessoas, por suas palavras e sua voz, foi algo tão intenso e inesquecível que, embora passados quarenta anos de sua morte e ressurreição para que elas começassem a ser registradas por escrito, elas puderam ser lembradas por seus seguidores e chegaram até nós, milhares de anos depois. Por isso o Evangelho não dá para ser comparado a nenhum outro livro: porque nele quem fala é o próprio Deus. "Aquele que vem do alto está acima de todos; o que é da Terra é terrestre e fala sobre coisas da Terra" (João 3, 31). Eis a diferença entre o que nós dizemos e o que Jesus diz: ele vem do Alto e nós da Terra. Suas palavras são únicas, eternas: "... seca-se a erva, murcha-se a flor, mas a palavra do nosso Deus subsiste para sempre" (Isaías 40, 8).

Para nós não foi possível ouvir de viva voz, os ensinamentos de Jesus. Não se produziu em nós o impacto de um encontro físico, porém ele nos chamou bem aventurados pois sem termos visto (a ressurreição), acreditamos.

E porque Jesus ressuscitou e vive, suas palavras, mesmo pronunciadas no passado, não são uma simples lembrança, mas palavras que ele dirige hoje a todos nós e a cada homem de qualquer tempo. Palavras que nos trazem a Verdade de Deus. Verdade encarnada em Jesus, homem-Deus.

"Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8, 31-32).

Se o que buscamos é a Verdade, é preciso então que busquemos Jesus, deixemos tudo (o que nos impede de ouvi-lo) e o sigamos! Isso significa lembrar sempre que é apenas colocando em prática suas palavras que podemos seguir o Caminho, a Verdade e a Vida.

E o único caminho para viver o Evangelho é amar o próximo como a si mesmo.

Próximo, é aquele que está ao nosso lado no momento presente: aquele que encontramos no trabalho, na escola, na loja, no banco, em casa... Amar o próximo é "ser um" com ele: entender os seus sentimentos, suas preocupações, aquilo que se passa no seu coração; ir ao encontro de suas necessidades. Enfim, amá-lo, significa esquecer de nós mesmos para "sermos o outro" e "sendo o outro", podermos "ser Jesus" para ele. Dessa maneira ele não carregará mais sozinho os seus pesos, suas angústias e dificuldades; compartilhará também suas alegrias e com elas se sentirá reanimado. Pensem bem, quantas pessoas não estariam assim, sendo evangelizadas por cada um de nós! Quantas não poderiam vir a aderir à vida cristã e começar a vivê-la?

"A quem iremos, Senhor? Tu tens Palavra de vida eterna" (Jo , 68).

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