Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra. Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus. Hoje continuaremos estudando os demais apóstolos.
Judas, o Traidor – Filho de Simão (não confundir com o apóstolo Simão), Judas Iscariotes foi o traidor de Jesus. O sobrenome Iscariotes tem diversas interpretações: originário de Keriot, aldeia situada ao sul da Palestina (Js 15,25; Am 2,2); mentiroso (segundo uma raiz aramaica), apelido aplicado ao traidor depois de sua façanha; transcrição semítica de sicarius (zelote); esta última interpretação ajudaria a compreender por que Judas atraiçoou Jesus, que repudiou a ideologia dos zelotes (Mt 17,24-27).
Quem foi – A convocação de Judas Iscariotes para ser apóstolo não é narrada nos Evangelhos, mas não há dúvida que fez parte dos doze. Foi um apóstolo verdadeiro, fiel e até perseverante. Quando muitos seguidores abandonaram Jesus, Judas continuou com ele (confira em Jo 6,66-71). Os Evangelhos sinóticos (Mt, Lc e Mc) não fazem qualquer citação ou descrevem qualquer episódio sobre Judas Iscariotes. Ele apenas é citado na traição da Paixão.
Judas e o desperdício – O Evangelista João o apresenta como o discípulo contestador, na unção em Betânia (Jo 12,4). Segundo o quarto Evangelho, Judas pede explicações sobre o desperdício que ocorre durante a ceia, quando uma mulher chamada Maria aplica uma libra (327 gramas) de bálsamo perfumado nos pés de Jesus. Reclamou que o bálsamo poderia ser vendido por 300 denários (hoje, R$ 13.000,00) e o dinheiro distribuído aos pobres. Deve-se notar que na descrição deste mesmo episódio por Mateus (Mt 26,8), a reclamação é atribuída aos discípulos e não a Judas; Marcos também não nomeia Judas, mas atribui “a alguns”.
O tesoureiro? – O episódio do desperdício dá a entender que Judas Iscariotes era o tesoureiro dos apóstolos. Em Jo 12,6, o evangelista observa que Judas protestou “não porque se preocupasse com os pobres, mas porque era ladrão e, encarregado da bolsa, roubava o que nela se guardava”. João deixa claro que Judas era o encarregado do dinheiro do grupo e que era ladrão.
Trinta Moedas – Como e por que Judas traiu Jesus? Os Evangelhos não apresentam nenhum motivo para a traição. Limitam-se a registrar o fato. Nem o evangelista João, que aposta Judas como ladrão, insinua que a causa da traição fosse o dinheiro (trinta moedas de prata). Trinta moedas de prata significam 30 denários (o denário era o salário de um dia de trabalho, conforme Mt 20,2), ou cerca de 40 gramas de ouro. Se tomarmos o grama de ouro a R$ 32,00, teríamos que a traição de Judas valeria, hoje, cerca de R$ 1.300,00.
A Morte – A morte de Judas é narrada duas vezes no Novo Testamento. O evangelista Mateus (Mt 27,3s) descreve um suicídio por enforcamento, enquanto Lucas (At 1,18s) cita que o traidor sofreu uma queda, sem especificar se foi suicídio ou acidente. As narrativas divergem nos detalhes. Segundo Mateus, Judas enforcou-se e foram os chefes do povo que compraram um campo, ligado ao sangue inocente de Jesus. Lucas, por sua vez, não diz que Judas suicidou-se por enforcamento, mas que o traidor sofre uma queda, sem especificar se foi suicídio ou acidente. De acordo com seu relato, o campo não foi comprado pelos chefes de Israel, mas pelo próprio Judas, e seu nome refere-se ao sangue de Judas e ao de Jesus.
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