sábado, 30 de novembro de 2002

O que significam os números da Bíblia?

Quando lemos a Bíblia, por diversas vezes encontramos números que não refletem a realidade, às vezes por serem muito grandes, outras vezes por serem insignificantes.  Qual é o verdadeiro sentido dos números que aparecem na Bíblia?


A idade dos Patriarcas – O tempo de vida dos homens do Antigo Testamento normalmente revela valores extraordinários.  Lemek gerou Noé com 182 anos e viveu mais 580 anos. Noé tinha 500 anos quando gerou seus filhos. Abraão tinha 100 anos e Sara tinha 90 anos quando tiveram seu filho.  Neste caso, os números têm valor simbólico, qualitativo, e não quantitativo ou matemático.


Preferência – Muitos números tinham preferência entre os autores bíblicos. O número um é por excelência o Princípio, perfeito; o número dois significava imperfeito. Em geral, os números pares eram considerados inferiores, “moles” ou “femininos”, quebradiços por admitirem divisão em duas partes inteiras; ao contrário, os números ímpares, opondo-se a isso, eram tidos por “fortes”, “viris”, perfeitos.
 

O número 7 – Visto que o número sete determina períodos mais ou menos completos da vida humana (dias da semana, ciclo lunar, descanso no sétimo dia), atribuíam-lhe o significado de totalidade, plenitude e perfeição. Por exemplo, as sete ovelhas de penhor de Abraão (Gn 21, 30), perdoar setenta vezes sete vezes, isto é, indefinidamente, sempre que haja ocasião para isso (Mt 18, 21 s; Lc 17,4).   O autor de Pr 24,16 se refere a sete (= todas as) quedas do justo. Veja ainda Gn 4,15.24 (a vingança de Caim e a de Lameque).


Ainda o 7 – Você gosta de estudar a Bíblia?  Então veja que interessante: no texto hebraico de 2Sm 12,6 lê-se que o homem que havia roubado uma ovelha é obrigado a restituir quatro outras (de acordo com a lei de Ex 20, 37; veja Lc 19, 8). Eis, porém que os judeus de Alexandria, ao traduzir o trecho para o grego, em lugar de “quatro” puseram “sete ovelhas”. Essa tradução explica muito bem o pensamento dos tradutores: não queriam atribuir ao número “sete” o significado quantitativo ou matemático, mas que deveria haver compensação exata do furto cometido (veja também em Pr 6,30 está dito que o ladrão deve restituir sete vezes o que roubou).

A perfeição do 7 – Quando se quer indicar um dia ou ano de repouso, de renovação, ano que mais se assemelhe à perfeição da vida celeste; tal dia ou tal ano é determinado pelo número sete [sétimo dia ou sábado, sétimo ano ou ano sabático, ano jubilar ou qüinquagésimo (7x7+1)]. Confira em Gn 2, 2; Ex 20,10; Lv 25,1-17.


O número 3 Embora não tão freqüente como o 7, o número três gozava também de grande estima entre os semitas, não somente por ser o primeiro composto ímpar, mas também porque o triângulo eqüilátero constitui um dos símbolos mais expressivos de firmeza e perfeição. Os três filhos de Noé (Gn 6,10), os três amigos de Jó (Jô 2,11), os três justos de Ezequiel (Ez 14,14), os três companheiros de Daniel (Dn 3,23), os três anjos que apareceram a Abraão (Gn 18, 2), os três dias passados por Jonas no ventre do monstro marinho (Jn 2,1).


O número 10 O número dez (os dedos das mãos) tornou-se o símbolo de um “todo completo, fechado em si”. E certamente este o significado dos dez servos (= um grupo completo), as dez dracmas (= número redondo), as dez virgens (= todos os cristãos), nas parábolas de Cristo (Lc 19,13; 15,8; Mt 25,1); a menção de dez vícios que excluem do reino de Deus (1Cor 6,9s); a série de dez milagres narrados para comprovar a autoridade de Jesus após o sermão sobre a montanha (Mt 8s).


O número 12 – Na Sagrada Escritura, o número doze é básico para a história do povo de Deus. Este constava de doze tribos, portadoras da fé e da esperança messiânicas. Ele se propaga mediante a pregação dos Apóstolos, escolhidos pelo Senhor para constituírem o elo entre as doze tribos (a totalidade) do antigo Israel e a plenitude do novo Israel, agora recrutado dentre todas as nações. Baseado sobre os doze Apóstolos quais pedras fundamentais, o reino messiânico é descrito no Apocalipse como Cidade Santa, a nova Jerusalém, cuja estrutura é impregnada do mesmo número: tem doze portas, guardadas por doze anjos, ornada cada qual por uma pérola e o nome de uma das tribos de Israel; sobre cada qual das pedras da base acha-se o nome de um dos Apóstolos; a cidade, sendo quadrada, tem doze mil estádios de lado; a muralha perimetral mede cento e quarenta e quatro (12x12) côvados (Ap 21,12.14.16s.20s). Tais indicações significam o caráter de plenitude, consumação, que toca à nova Jerusalém ou à Igreja de Cristo.


A HISTÓRIA DOS APÓSTOLOS

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sábado, 23 de novembro de 2002

Você sabe quem foi São Clemente?

Quem foi? – São Clemente, conhecido por Clemente Romano, é considerado um dos “Pais da Igreja”, também chamados de “Padres Apostólicos”.  Receberam esta designação aqueles que, ao longo dos primeiros séculos, foram forjando, construindo e defendendo a fé, a liturgia, a disciplina, os costumes e os dogmas cristãos. São Clemente morreu próximo do ano 100, foi colaborador de Pedro e Paulo, foi Papa e escreveu vários livros.


Na Igreja – Clemente foi colaborador de São Pedro e São Paulo na evangelização dos romanos.  Na Epístola aos Filipenses (Fl 4,3) Paulo escreve: “E tu, companheiro autêntico, eu te peço, acode em auxílio delas, pois lutaram comigo pelo Evangelho , ao mesmo tempo que Clemente e todos os outros meus colaboradores, cujos nomes figuram no livro da vida.  Os escritores católicos Orígenes e Eusébio de Cesaréia confirmam que o “Clemente” citado por Paulo se identificava com o Clemente Romano.


O sucessor de Pedro – Como nós sabemos, Pedro foi o primeiro Chefe da Igreja, o primeiro Bispo de Roma, o primeiro Papa, instituído pelo próprio Cristo (Mt 16,18).  Existem algumas dúvidas sobre quem teria sido o sucessor de Pedro, em razão de várias citações de autores cristãos.  Vejamos algumas:


Tertuliano – Foi o primeiro escritor cristão a escrever em latim, vivendo entre 163 e 230.  Tertuliano escreveu que Clemente Romano foi o sucessor de Pedro, tendo sido consagrado pelo próprio Pedro.  Clemente teria renunciado em favor do Papa Lino, que foi sucedido por Anacleto e depois, novamente, pelo Papa Clemente.


Eusébio – Eusébio de Cesaréia (Bispo de Cesaréia que viveu entre 260 e 340), autor do livro “História Eclesiástica” escreveu que Clemente Romano foi o sucessor de Pedro, após Lino e Anacleto.  Jerônimo (estudioso da Bíblia que viveu entre 345 e 420) também concorda com Eusébio.  Ireneu (Bispo e teólogo da cidade de Lion que viveu entre os anos de 130 e 202) confirma que Clemente foi discípulo de Pedro e o terceiro sucessor de Pedro no Papado.


Carta aos Coríntios – Todos os antigos autores cristãos atribuem a Clemente Romano a autoria da Carta de Clemente aos Coríntios.  Esta carta não deve ser confundida com a Epístola de Paulo aos Coríntios, que faz parte do Novo Testamento.  Esta longa carta (65 capítulos) de Clemente é um dos mais importantes documentos do início do cristianismo. A primeira parte da carta (caps. 4-36) dá conselhos morais com o objetivo de restabelecer a paz e a concórdia na comunidade de Corinto.  A segunda parte (caps. 37-61) inside sobre a hierarquia eclesiástica e a necessidade da submissão às legítimas autoridades.


Autor da Carta aos Hebreus – Como nós sabemos, a Carta aos Hebreus (livro canônico incluído no Novo Testamento) tem autor incerto.  Entre os estudiosos da Bíblia (exegetas), o nome de Clemente de Roma aparece como o mais provável autor dessa carta.  Orígenes (primeiro teólogo da Igreja grega, criou a primeira teologia sistemática, vivendo entre 185 e 254) indica Clemente e Lucas (autor do terceiro Evangelho e do Atos dos Apóstolos) como os mais prováveis autores.  Eusébio prefere indicar Clemente de Roma e Inácio (Bispo de Antioquia que viveu entre 35 e 107).


Quer saber mais – Se você quer maiores informações sobre Clemente Romano, solicite por carta ou E-mail que lhe enviaremos um texto completo.  A Carta de Clemente aos Coríntios foi publicada (em português) recentemente numa edição da “Coleção Patrística – Padres Apostólicos” da Editora Paulus.


A HISTÓRIA DOS APÓSTOLOS


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sábado, 16 de novembro de 2002

O Ossário de Tiago e os “irmãos” de Jesus

A descoberta do ossário de Tiago (já comentada nesta coluna) trouxe a público, novamente, a discussão sobre os “irmãos de Jesus”.  Agora, porém, com fatos novos.


A descoberta – Nos últimos dias, a imprensa mundial publicou a descoberta de um ossário (uma caixa onde se depositam os ossos humanos tirados do cemitério) que teria pertencido a Tiago, “irmão de Jesus”.  A caixa encontrada (51 cm de comprimento e 28 cm de largura) é um ossuário de pedra calcária com quase dois mil anos, com a inscrição em aramaico “Ya'akov bar Yosef akhui di Yeshua”, que significa “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”.  O aramaico era um idioma comum dos judeus na época de Jesus.


Os “irmãos” – Inúmeras vezes nós encontramos nos textos do Novo testamento referências aos irmãos de Jesus – Tiago, José, Judas e Simão (Mt 13,55 e Mc 6,3), que freqüentemente acompanham a Mãe do Senhor (Mt 12, 46; Mc 3,31; 7, 19; Jo 2, 12). Tiago, “irmão” de Jesus não foi apóstolo de Cristo, mas desempenhou um importante papel na Igreja Primitiva, sendo morto por apedrejamento no ano 62 ou 63.  Foi o autor da Primeira Epístola Católica, a Carta de Tiago. 

As três possibilidades – Existem três possíveis soluções para os "irmãos de Jesus". Vamos estudar cada uma:


1) Serem primos de Jesus – Serem filhos de Maria e Cleofas (irmão de José). No aramaico não existe diferenciação entre as palavras “irmão” e “primo”. Egesipo (Hegesippus), o mais antigo historiador da Igreja (início do século II) confirma que Tiago, José, Judas e Simão eram filhos de Maria e Cleofas.  A tradição judaica também confirma esta hipótese, pois os judeus nunca colocam em seus filhos o mesmo nome dos pais (José).


2) Serem filhos de Maria e José – Portanto, verdadeiros irmãos de Jesus.  No texto de Mc 6,3 Jesus é precisamente dito "o filho de Maria" (com artigo definido), negando que Maria tivesse outros filhos: "Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão?".  As palavras de Jesus na cruz também confirmam que Jesus era filho único de Maria: se Maria tivesse tido algum outro filho, o Senhor na cruz não a teria confiado a João, filho de Zebedeu (Jo 19,26); os filhos propriamente ditos seriam os primeiros indicados como arrimo materno (na época da crucificação, José já havia morrido).


3) Serem filhos de José – do primeiro casamento de José (viúvo ao casar-se com Maria).  O livro apócrifo “A História de José” levanta essa possibilidade, citando, além dos quatro filhos, as filhas Lísia e Lídia (confira em Mt 13,56).


A Igreja Católica – Tendo por base a Tradição, a Igreja Católica indica aos seus fiéis a primeira hipótese como verdadeira.  Usando os testemunhos dos historiadores Egesipo e Eusébio de Cesaréia e de São Jerônimo, a Igreja afirma que se tratam de primos (ou parentes) de Jesus.


O que mudaria com a descoberta do ossário – Caso seja constatada a veracidade do ossário, este passaria a fazer a ligação direta entre Tiago e José (excluindo a filiação entre Tiago e Cleofas); a inscrição do ossário, portanto, descartaria a hipótese de Tiago ser primo de Jesus, pois indicaria Tiago e Jesus como filhos de um mesmo pai, José. Nesse caso, então, restariam apenas as duas últimas hipóteses citadas anteriormente (2 e 3). Deve-se destacar a importância da descoberta, pois esta pode vir a alterar uma afirmação de quase 20 séculos da Igreja Católica.


QUER LER MAIS


Se você quer conhecer o livro apócrifo “A História de José”, ou o texto de Egesipo ou de Eusébio, ou ainda textos de estudiosos católicos sobre os “irmãos” de Jesus solicite por E-mail que lhe enviaremos gratuitamente.

sábado, 9 de novembro de 2002

O Ossário de Tiago

Nos últimos dias, a imprensa mundial publicou a descoberta de um ossário que teria pertencido a Tiago, “irmão de Jesus”.  Muitas informações, citadas nas notícias dos jornais, precisam ser esclarecidas.


O que é ossário – Também chamado de ossuário, é uma caixa onde se depositam os ossos humanos tirados do cemitério.  A caixa encontrada (51 cm de comprimento e 28 cm de largura) é um ossuário de pedra calcária com quase dois mil anos, com a inscrição em aramaico “Ya'akov bar Yosef akhui diYeshua”, que significa “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”.  O aramaico era um idioma comum dos judeus na época de Jesus.


Os três Tiagos – Existem três pessoas com o nome de Tiago que têm participação intensa no Novo Testamento. Dois deles são apóstolos, Tiago Maior e Tiago Menor e o terceiro Tiago, “irmão” de Jesus, aparece na formação das primeiras comunidades cristãs.  Tiago Maior era Filho de Zebedeu e irmão do apóstolo João, sendo chamado pelo próprio Jesus para ser apóstolo (Mt 4,21).  Tiago Menor era filho de Alfeu e recebeu o apelido de “Menor” para distingui-lo do outro apóstolo (mais velho e, possivelmente, mais alto).  Tiago, “irmão” de Jesus não foi apóstolo de Cristo, mas desempenhou um importante papel na Igreja Primitiva, sendo morto por apedrejamento no ano 62 ou 63.  Foi o autor da Primeira Epístola Católica, a Carta de Tiago.  Tiago aparece várias vezes na Bíblia como “irmão” de Jesus (confira em Mt 13,55; Mt 27,56; Mc 6,3; Mc 15,40; Mc 16,1; Lc 24,10).  O ossário encontrado se refere a este terceiro Tiago.


Tradição Judaica – Entre 20 a.C. e 70 d.C. era muito comum que famílias judias armazenassem os ossos de seus familiares em caixas (ossários). Quando uma pessoa morria, o cadáver era colocado em um sepulcro por um ano aproximadamente. Após a decomposição da carne, os ossos eram guardados nos ossários. Já foram encontradas centenas de ossários com inscrições em aramaico, mas apenas dois continham menções a um irmão. Os pesquisadores afirmam que o nome do irmão só era inscrito em um ossário quando o irmão era alguém importante.


Estatística – O nomes de "Tiago" e "José" eram nomes comuns na antiga Jerusalém, uma cidade de cerca de 40 mil habitantes. A estatística calcula que poderia ter existido não mais do que 20 pessoas com o nome "Tiago" e que tivessem um irmão chamado "Jesus" e com um pai chamado "José" ao longo de duas gerações na cidade de Jerusalém. No entanto, é improvável a existência de mais de um "Tiago" com um irmão com tal importância que merecesse ter seu nome gravado em seu ossário.


Erros históricos – As reportagens dos jornais e televisão (até o Jornal Nacional) citam que o ossário seria o primeiro documento histórico sobre a existência de Jesus, pois não existe nenhum documento (extrabíblico) relacionado a Jesus.  Os jornalistas se esqueceram do historiador judeu Flávio Josefo (viveu entre 37 e 105 d.C.), no livro Antiguidades Judaicas, escrito em 93 ou 94 d.C., quando descreve a morte por apedrejamento de Tiago, irmão de Cristo e chefe da comunidade cristã de Jerusalém.  O mesmo autor faz uma descrição detalhada de Cristo.


Mais erros históricos – Os jornalistas também se esqueceram do texto do historiador romano Tácito (55 – 120), intitulado "Anais", escrito em 64 d.C., relatando a origem do nome "cristãos", responsabilizados, pelo imperador Nero, pelo incêndio de Roma. Cita que o nome vem de Cristo, que o Imperador Pôncio Pilatos condenou à morte, sob o reinado de Tibério.


Ainda erros – Existe uma carta de Plínio (datada de 112 d.C.), aristocrata, governador da Ásia Menor, ao imperador romano Trajano (viveu entre 53 e 117), onde relata algumas particularidades dos cristãos. Nesta carta, Plínio pede a Trajano que legalize os cristãos. Eis um trecho da carta: "... os cristãos se reuniam em dias fixos, antes do nascer do sol, e cantavam um hino a Cristo, como se fosse um deus".


Outras provas – Existem ainda outros textos que comprovam a existência de Jesus como personagem histórico. Se você se interessou pelo assunto e quer receber o texto (histórico) do livro de Flávio Josefo, ou do historiado Tácito, ou a carta do governador Plínio solicite por E-mail que lhe enviaremos gratuitamente.


O IMPACTO DA DESCOBERTA


A descoberta do ossário muda vários conceitos sobre a família de Jesus.  Mas isso é assunto para a próxima semana.

sábado, 2 de novembro de 2002

Os Apóstolos de Cristo - 8ª parte: O 13º Apóstolo

Nas semanas anteriores iniciamos uma série de textos sobre os apóstolos que acompanharam Jesus durante os 30 meses de sua pregação na Terra.  Vimos quem eram os apóstolos, a missão deles e os mais próximos de Jesus.  Hoje concluiremos este estudo.


Existe o 13º Apóstolo? – O capítulo 1 do Evangelho de João descreve a convocação dos primeiros apóstolos.  A partir do versículo 43, Jesus chama Filipe para ser apóstolo e Felipe convida Natanael. Ele, porém, não aparece nas listas de apóstolos de Jesus, nem em nenhum episódio da vida pública de Jesus, apesar de ter reconhecido Jesus como o Filho de Deus e Rei de Israel. Volta a ser citado em João 21, 1 apenas quando Jesus aparece ressuscitado à beira do mar de Tiberíades.


Natanael – Chamado de Natanael de Caná, por ser natural de Caná da Galiléia, cidade próxima cerca de 6 km de Nazaré, aldeia de Jesus, esse discípulo parece ser um estudioso das escrituras.  Em Jo 1, 48, Jesus diz que havia visto Natanael sob a figueira, numa referência à vida consagrada ao estudo das Escrituras (a expressão é bem conhecida na literatura rabínica, na qual a figueira é comparada à árvore da ciência do bem e do mal).


O convite de Filipe – Filipe foi convidado por Jesus para segui-lo.  Filipe vai até Natanael e fala com convicção sobre o encontro com o Messias. Natanael ouve atentamente, porém, ao falar, demonstra algum preconceito: “De Nazaré (...) será que pode sair alguma coisa boa?” Na sua mente, de Jerusalém ou de Belém, a cidade de Davi, poderia vir o Messias, mas de Nazaré...? Parecia ser impossível a Natanael. Felipe, então, o convida a provar por si próprio: “Vem e vê!”. (Veja Jo 1, 46)


Natanael e Jesus – Ao encontrar-se com Cristo, Natanael ouve uma saudação elogiosa que o desconcerta: “Aqui está um verdadeiro israelita, em quem não há nada falso”. Jesus então afirma que o viu assentado sob uma figueira, antes de Felipe o convidar. Natanael, ao ouvi-Lo crê e vê em Jesus a pessoa do Filho de Deus, o Rei de Israel. Jesus afirma que Natanael veria “coisas maiores que esta...”, até mesmo “... o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem” (Jo 1, 47s).



Natanael era apóstolo? – A leitura dos versículos de Jo 1, 43s deixa uma clara impressão que Natanael tenha sido convidado para integrar o grupo dos doze.  Os Evangelhos citam que apenas seis foram convidados pessoalmente por Jesus: Simão Pedro e seu irmão André (Mt 4,18), Tiago e seu irmão João (Mt 4,21), Mateus (Mt 9,9) e Filipe (Jo 1, 43). Natanael não aparece nas listas dos doze apóstolos, mas certamente foi seguidor de Jesus, presenciando a aparição de Jesus ressuscitado e a pesca milagrosa no mar de Tiberíades (confira em Jo 21,1).


Natanael e Bartolomeu – Desde o princípio da Idade Média, alguns historiadores afirmavam que Natanael poderia ser a mesma pessoa que Bartolomeu (um dos doze apóstolos), mas não existe qualquer prova sobre isso.  Pesquisas mais recentes mostram que não existe qualquer fundamento em reconhecer Natanael como o apóstolo Bartolomeu.