O
Evangelho das missas deste domingo descreve as últimas instruções de Jesus aos
Apóstolos e a sua ascensão.
Aparição –
Acontece durante a aparição de Jesus aos apóstolos, no domingo seguinte à
Paixão. Ele se dirige aos apóstolos, dizendo que o Messias tinha de sofrer e
ressuscitar e que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão
dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Pede que
eles fiquem em Jerusalém, que ele vai mandar o que o Pai prometeu. Em seguida, levou
os apóstolos para fora da cidade, até o povoado de Betânia. Ali levantou as
mãos e os abençoou. Enquanto os estava abençoando, Jesus se afastou deles e foi
levado para o céu. Eles o adoraram e voltaram para Jerusalém cheios de alegria.
E passavam o tempo todo no pátio do Templo, louvando a Deus.
Os textos de Lucas –
O Evangelho de Lucas e o Livro de Atos dos Apóstolos formavam, possivelmente,
uma única obra. Posteriormente as narrativas de Lucas sobre a vida e o
ministério de Jesus foram separadas, formando, com Marcos, Mateus e João, o
conjunto dos Evangelhos. A parte sobre as narrativas das primeiras missões
formaram o Livro de Atos. Estes dois textos, que apresentam semelhanças e
divergências entre si, estão presentes nas leituras deste domingo: o início de
Atos, na primeira leitura e a conclusão do Evangelho de Lucas.
Jerusalém –
Na conclusão do Evangelho, após a memória da paixão e ressurreição, redigida em
forma de querigma paulino, Jesus orienta os discípulos para a missão: o anúncio
da conversão à justiça para o perdão dos pecados. Este é o mesmo anúncio de
João Batista. Enquanto nos Evangelhos de Marcos, Mateus e João, Jesus e os
discípulos retornam para a Galiléia, Lucas, no seu Evangelho, narra como se
tivessem permanecido em Jerusalém: "voltaram para Jerusalém e estavam
sempre no Templo".
Espírito Santo –
Esta interpretação corresponde à teologia de Lucas, que apresenta o movimento
de Jesus como a continuidade das doze tribos de Israel, e sua missão partindo
de Jerusalém, capital do Judaísmo de seu tempo. Neste mesmo sentido, no Evangelho
de João, enquanto Jesus comunica o Espírito Santo, soprando sobre os discípulos
no dia da ressurreição, Lucas, em Atos, apresenta a vinda do Espírito,
cinquenta dias após a ressurreição, com uma teofania na festa judaica de
Pentecostes.
Missão –
Os discípulos, que fizeram a experiência do encontro pessoal com Jesus
ressuscitado, são agora convocados para a missão: Jesus os envia, como
testemunhas, a pregar a conversão e o perdão dos pecados. Para essa enorme tarefa,
os discípulos contam com a ajuda e a assistência do Espírito. A partir de Jerusalém,
esta proposta deve ser anunciada a todas as nações.
Ascensão –
Lucas descreve que a ascensão acontece em Betânia. Fica claro a semelhança com
a subida do profeta Elias. Há duas indicações de Lucas, que importa realçar. A
primeira é a bênção que Jesus dá aos discípulos antes de ir para junto do Pai:
essa bênção sugere um dom que vem de Deus e que afeta positivamente toda a vida
e toda a ação dos discípulos, capacitados para a missão pela força de Deus. A
segunda é a alegria dos discípulos: a alegria é o grande sinal messiânico e
escatológico; indica que o mundo novo já começou, pois o projeto salvador e
libertador de Deus está em marcha.
S. Gregório Magno (540-604), papa, doutor da Igreja, assim escreveu o texto “Que
o amor nos atraia a seguir Jesus” sobre a Ascensão:
"O
Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e sentou-se à
direita de Deus" (Mc 16,19). Partia assim para o lugar de onde era,
regressava de um lugar onde continuava a permanecer; com efeito, no momento em
que subia ao céu com a sua humanidade, unia pela sua divindade o céu e a terra.
O que temos de destacar na solenidade de hoje, irmãos bem amados, é a supressão
do decreto que nos condenava e do julgamento que nos votava à corrupção. Na
verdade, a natureza humana a quem se dirigem estas palavras: "Tu és terra
e regressarás à terra" (Gn 3,19), essa natureza subiu hoje ao céu com
Cristo. É por isso, caríssimos irmãos, que temos de segui-Lo com todo o nosso
coração, até ao lugar onde sabemos pela fé que Ele subiu com o seu corpo.
Fujamos dos desejos da terra: que nenhum dos lugares cá de baixo nos entrave, a
nós que temos um Pai nos céus.
Pensemos
também no fato de que, Aquele que subiu aos céus cheio de suavidade, regressará
com exigência... Eis, meus irmãos, o que deve guiar a vossa ação; pensai nisso
continuamente. Mesmo se estais presos na confusão dos assuntos deste mundo,
lançai desde hoje a âncora da esperança para a pátria eterna (He 6,19). Que a
vossa alma procure apenas a verdadeira luz. Acabamos de ouvir que o Senhor
subiu ao céu; pensemos seriamente naquilo em que acreditamos. Apesar da
fraqueza da natureza humana que nos retém ainda cá em baixo, que o amor nos
atraia a segui-Lo, porque estamos certos de que Aquele que nos inspirou este
desejo, Jesus Cristo, não nos decepcionará na nossa esperança.
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