sábado, 15 de maio de 2010

Ascensão de Jesus


O Evangelho das missas deste domingo descreve as últimas instruções de Jesus aos Apóstolos e a sua ascensão.

 

Aparição – Acontece durante a aparição de Jesus aos apóstolos, no domingo seguinte à Paixão. Ele se dirige aos apóstolos, dizendo que o Messias tinha de sofrer e ressuscitar e que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. Pede que eles fiquem em Jerusalém, que ele vai mandar o que o Pai prometeu. Em seguida, levou os apóstolos para fora da cidade, até o povoado de Betânia. Ali levantou as mãos e os abençoou. Enquanto os estava abençoando, Jesus se afastou deles e foi levado para o céu. Eles o adoraram e voltaram para Jerusalém cheios de alegria. E passavam o tempo todo no pátio do Templo, louvando a Deus.

 

Os textos de Lucas – O Evangelho de Lucas e o Livro de Atos dos Apóstolos formavam, possivelmente, uma única obra. Posteriormente as narrativas de Lucas sobre a vida e o ministério de Jesus foram separadas, formando, com Marcos, Mateus e João, o conjunto dos Evangelhos. A parte sobre as narrativas das primeiras missões formaram o Livro de Atos. Estes dois textos, que apresentam semelhanças e divergências entre si, estão presentes nas leituras deste domingo: o início de Atos, na primeira leitura e a conclusão do Evangelho de Lucas.

 

Jerusalém – Na conclusão do Evangelho, após a memória da paixão e ressurreição, redigida em forma de querigma paulino, Jesus orienta os discípulos para a missão: o anúncio da conversão à justiça para o perdão dos pecados. Este é o mesmo anúncio de João Batista. Enquanto nos Evangelhos de Marcos, Mateus e João, Jesus e os discípulos retornam para a Galiléia, Lucas, no seu Evangelho, narra como se tivessem permanecido em Jerusalém: "voltaram para Jerusalém e estavam sempre no Templo".

 

Espírito Santo – Esta interpretação corresponde à teologia de Lucas, que apresenta o movimento de Jesus como a continuidade das doze tribos de Israel, e sua missão partindo de Jerusalém, capital do Judaísmo de seu tempo. Neste mesmo sentido, no Evangelho de João, enquanto Jesus comunica o Espírito Santo, soprando sobre os discípulos no dia da ressurreição, Lucas, em Atos, apresenta a vinda do Espírito, cinquenta dias após a ressurreição, com uma teofania na festa judaica de Pentecostes.

 

Missão – Os discípulos, que fizeram a experiência do encontro pessoal com Jesus ressuscitado, são agora convocados para a missão: Jesus os envia, como testemunhas, a pregar a conversão e o perdão dos pecados. Para essa enorme tarefa, os discípulos contam com a ajuda e a assistência do Espírito. A partir de Jerusalém, esta proposta deve ser anunciada a todas as nações.

 

Ascensão – Lucas descreve que a ascensão acontece em Betânia. Fica claro a semelhança com a subida do profeta Elias. Há duas indicações de Lucas, que importa realçar. A primeira é a bênção que Jesus dá aos discípulos antes de ir para junto do Pai: essa bênção sugere um dom que vem de Deus e que afeta positivamente toda a vida e toda a ação dos discípulos, capacitados para a missão pela força de Deus. A segunda é a alegria dos discípulos: a alegria é o grande sinal messiânico e escatológico; indica que o mundo novo já começou, pois o projeto salvador e libertador de Deus está em marcha.

 

S. Gregório Magno (540-604), papa, doutor da Igreja, assim escreveu o texto “Que o amor nos atraia a seguir Jesus” sobre a Ascensão:

 

"O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e sentou-se à direita de Deus" (Mc 16,19). Partia assim para o lugar de onde era, regressava de um lugar onde continuava a permanecer; com efeito, no momento em que subia ao céu com a sua humanidade, unia pela sua divindade o céu e a terra. O que temos de destacar na solenidade de hoje, irmãos bem amados, é a supressão do decreto que nos condenava e do julgamento que nos votava à corrupção. Na verdade, a natureza humana a quem se dirigem estas palavras: "Tu és terra e regressarás à terra" (Gn 3,19), essa natureza subiu hoje ao céu com Cristo. É por isso, caríssimos irmãos, que temos de segui-Lo com todo o nosso coração, até ao lugar onde sabemos pela fé que Ele subiu com o seu corpo. Fujamos dos desejos da terra: que nenhum dos lugares cá de baixo nos entrave, a nós que temos um Pai nos céus.

 

Pensemos também no fato de que, Aquele que subiu aos céus cheio de suavidade, regressará com exigência... Eis, meus irmãos, o que deve guiar a vossa ação; pensai nisso continuamente. Mesmo se estais presos na confusão dos assuntos deste mundo, lançai desde hoje a âncora da esperança para a pátria eterna (He 6,19). Que a vossa alma procure apenas a verdadeira luz. Acabamos de ouvir que o Senhor subiu ao céu; pensemos seriamente naquilo em que acreditamos. Apesar da fraqueza da natureza humana que nos retém ainda cá em baixo, que o amor nos atraia a segui-Lo, porque estamos certos de que Aquele que nos inspirou este desejo, Jesus Cristo, não nos decepcionará na nossa esperança.

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