sábado, 1 de maio de 2010

Um mandamento novo


No Evangelho das missas deste domingo (João 13, 31-33a. 34-35), Jesus está na Última Ceia, na quinta-feira, dia 6 de abril do ano 30, no dia anterior a sua morte. Depois que Judas sai do Cenáculo, Jesus diz aos seus discípulos: “Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”.

 

Glorificação – Este texto situa-se no contexto do Último Discurso de Jesus na Ceia Pascal. Começa logo após a saída de Judas, depois que Jesus lhe disse "o que você pretende fazer, faça-o logo” (Jo 13,27). Com a “licença oficial” para iniciar o processo que iria matá-lo, Jesus começa o processo da sua glorificação. A sua fidelidade ao projeto do Pai vai levá-lo à Cruz e à morte. No Quarto Evangelho, entretanto, ela não é sinal de derrota, mas da vitória última e permanente de Deus. Por isso, a aparente vitória do mal, será a glorificação de Jesus, e Nele, a glorificação do Pai.

 

Novo – O anúncio da partida iminente, para os judeus uma ameaça (v. 33), é para a comunidade dos discípulos um momento de emoção e carinho: “Filhinhos: vou ficar com vocês só mais um pouco. Vocês vão me procurar, e eu digo agora a vocês o que eu já disse aos judeus: para onde eu vou, vocês não podem ir”. A última dádiva de Jesus aos discípulos é um novo mandamento: “Eu dou a vocês um mandamento novo: amem-se uns aos outros. Assim como eu amei vocês, vocês devem se amar uns aos outros" (v. 34).

 

Mandamento – O que há de novo neste mandamento? O que diferencia a proposta de amor de Jesus e dos seus seguidores de outras propostas já conhecidas? O mundo do tempo de Jesus, tanto na sociedade pagã como judaica, já conhecia propostas de amor mútuo. O mandamento de Jesus é novo, primeiro porque ele se impõe como exigência essencial para entrar na comunidade do Reino de Deus.

 

Reino – Essa é a comunidade que já experimenta a presença do Reino de Deus, mesmo que ainda espere a sua plena realização, ou seja, uma comunidade que já experimenta a salvação já realizada em Jesus, enquanto ainda experimenta a sua situação permanente de fraqueza. Também é novo, porque não se fundamenta nas leis sobre o amor da tradição judaica, mas na entrega de si, de Jesus.

 

Modelo – O modelo deste amor é o exemplo do próprio Jesus "assim como eu vos amei!". E como ele nos amou? Entregando-se até a morte, para que todos pudessem "ter a vida e a vida plenamente" (Jo 10,10). Este amor não é sinônimo de simpatia ou sentimento de atração. Exige humildade e a disposição para o serviço que leva a morrer pelos outros. E este "morrer" normalmente não se expressa através de uma morte literal, mas morrendo diariamente ao egoísmo e à busca do poder dominador, para que sejamos servidores, especialmente dos mais humildes, ao exemplo do Mestre que "não veio para ser servido, mas para servir” (Mc 10,45).

 

Sinal – Este amor e tão fundamental para a comunidade dos discípulos de Jesus que deve ser tornar o seu sinal característico: "Se vocês tiverem amor uns para com os outros, todos reconhecerão que vocês são meus discípulos" (v.35). Mais do que uma lista de doutrinas, mais do que práticas litúrgicas ou rituais, embora essas tenham o seu lugar, é o amor mútuo e concreto que deve distinguir os discípulos de Jesus.

 

Cristãos – Os Atos dos Apóstolos nos lembram que "foi em Antioquia que os discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de "cristãos" (At 11,26). Receberam uma nova designação, da parte dos outros, porque a sua maneira de viver era marcadamente diferente das outras comunidades religiosas da cidade – era marcada pelo amor mútuo. O evangelho nos convida para que, honestamente, nos examinemos, para verificar se este amor-serviço ainda é a nossa marca característica na nossa vida individual e comunitária!

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